Tudo indica que o vento virou...
Carlos
Brickmann
O deputado federal Paulinho da Força, do Solidariedade, foi grosseiro ao
se referir à presidente Dilma Rousseff. Não precisava; não devia (e avançar na
tequila num ato político é claramente inconveniente).
Correu o risco de abafar a mais importante constatação dos festejos de
Primeiro de Maio: a de que acabou a época em que acusações a líderes petistas
não aderiam a eles. Dilma, ausente, foi vaiada; vaiados foram, presentes, os
ministros Gilberto Carvalho e Ricardo Berzoini, o prefeito paulistano Fernando
Haddad (ficou mui-to bra-vo!), o candidato ao Governo paulista, Alexandre
Padilha.
Não foram vaiados só na festa da Força Sindical, que montou um palanque
oposicionista; foram vaiados também — e alvejados por latas e garrafas — na
festa da CUT, o braço sindical do PT.
É importante lembrar, também, que a CUT, de longe a maior central
sindical do país, reuniu muito menos gente em sua festa de Primeiro de Maio do
que a Força Sindical. A Força reuniu mais de cem mil pessoas (e anunciou um
milhão e meio).
A CUT reuniu algo como três mil (e anunciou 80 mil). Até os números
inflados por ambas as centrais mostram a diferença de público entre suas
festas.
Pior ainda, a CUT festejava também o discurso como eu sou boazinha da
presidente Dilma Rousseff em rede nacional de TV, com farta distribuição
daquilo que o pessoal do Palácio chamou de “bondades”. Não adiantou e as vaias
dominaram a comemoração. A explicação oficial é que “houve infiltração”.
OK. E tudo indica que a tal infiltração cada vez será mais visível e
barulhenta.
Coisa estranha
Certo, Polícia Federal é órgão de Estado, não de Governo. É mas não é. E por que, sendo oficialmente subordinada ao ministro da Justiça, criou com a Operação Lava-Jato tantos problemas para o Governo Federal?
Atingiu a Petrobras (e, com isso, não apenas Graça Foster, um dos mais
fiéis braços da presidente Dilma; atingiu a própria presidente Dilma); atingiu
empreiteiras imensas, bem nas vésperas da eleição presidencial, na hora mais
propícia para ordenhá-las; atingiu candidatos do bolso do colete do
ex-presidente Lula, como o até há pouco ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
candidato-poste ao Governo paulista.
Acertou André Vargas, petista roxo, capaz até da besteira de fazer
desfeita ao presidente do Supremo, que se atreveu a votar pela condenação dos
mensaleiros.
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