sexta-feira, 23 de maio de 2014

Opressão de um governo tutelado pelas ONGs




Eles vão matar nós é, papai? Eles vêm 
matar nós, é?


Elismar dos Santos ouviu essas duas perguntas de um dos seus quatro filhos quando as forças federais chegaram para expulsá-los de casa. 
O pequeno produtor rural de 32 anos possuía um imóvel em uma área demarcada pela Funai no Maranhão. Sua esposa, Dona Leidiane, aparece sendo admoestada pelo próprio Nilton Tubino, funcionário da Secretaria Geral da Presidência da República. 
Leidiane, Elismar e as crianças foram expulsos de sua casa junto com outras mil duzentas e tantas pessoas pelo governo na operação de desintrusão da Terra Indígena Awá-Guajá, no Maranhão.

No dia em que Nilton Tubino, na segurança de um colete à prova de balas, cruzou pessoalmente a vida de Elismar e Leidiane ambos foram incluídos em um cadastro. 

Foram informados de que, se saíssem da área e abandonassem suas posses voluntariamente, teriam direito ao Bolsa Família, a um novo lote de terras em outra parte do país e a financiamento público.

 Carcados por policiais e ao som dos motores de helicópteros militares, Elismar, Leidiane e os filhos saíram. Sua casa foi demolida e sua roça abandonada, mas até agora nenhuma das promessas do estado foi cumprida.

O lavrador perdeu a terra sem poder colher sua lavoura. Perdeu o arroz e o milho. Perdeu as abóboras e o feijão. Vive hoje com a família em uma tapera de chão batido e paredes de taipa que lhe foi emprestada. 

O barraco fica próximo ao acampamento montado pelo Exército para servir de base à mega operação que o expulsou da terra. Da porta de sua nova casa alheia, Elismar e Leidiane enxergam seus algozes.

Desde o expurgo, o agricultor mostra sinais de depressão. Há noites em que não dorme. Reclama de dores pelo corpo. Já não consegue “prestar diárias de serviços” em troca de pagamento. 

Não tem como pagar as contas de água e luz, nem como comprar os remédios que lhe foram receitados pelos males que o estado lhe causou.



Assim como Elismar, Mariano Rosa também foi expulso da própria casa pelo governo no expurgo étnico da Terra Indígena Awá-Guajá. 

Vive hoje no povoado Dois Irmãos, em São João do Carú, uma das cidades mais pobres do Maranhão. Diz ter um pesadelo recorrente no qual vê um grande trator derrubando sua antiga casa com sua família dentro. Há noites em que também não consegue dormir.

Por solidariedade Mariano acolheu em sua nova e humilde casa de taipa o Senhor Raimundo Expedito e seu filho. Compadre Velho, como Raimundo é conhecido, anda com dificuldades e também foi expulso com a família na operação do Governo. 

Com 56 anos, mas aparentando 86, Compadre Velho criou sozinho o filho desde a morte da esposa há vinte anos. Há vinte anos ele e o filho viviam juntos na área demarcada pela Funai de onde saíram carregando algumas panelas amassadas, um pote de barro e um jumento.

As tropas do governo não vieram matar as pessoas a sangue frio. Os dramas e Elismar, Leidiane, Mariano, Raimundo e seu filho são semelhantes aos da maioria dos degredados da Terra Indígena Awá-Guajá. Todas as fotos que ilustram está postagem foram tiradas pela própria Funai durante a operação.

http://www.questaoindigena.org/2014/05/eles-vao-matar-nos-e-papai-eles-vem.html

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