Esquerda
isolada no poder, eleitorado
desagradado, programas semelhantes
Adolpho
Lindenberg (*)
Fora dos seguidores habituais de certos
partidos ou candidatos, é enorme o número dos que não têm certeza em quem
votar. Por quê?
Nestes últimos doze anos, o Partido dos
Trabalhadores (PT) alcançou êxitos eleitorais em boa medida ilusórios, diz
comunicado do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira.
Leia o texto
completo no site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
As conquistas petistas foram, em
ponderável medida, fruto de um eleitorado que acabou por votar na esquerda sem
ter uma mentalidade autenticamente progressista ou esquerdista.
A isto era ele condicionado por fatores
publicitários, de benesses sociais, de pregações religiosas, de calculismo, e
até pela ausência de uma mais ampla gama ideológica de candidatos.
Entretanto, os estrategistas da esquerda
imaginaram ter ganhado terreno na opinião pública.
Não souberam entender que o “homem da rua”
não se deixou propriamente convencer. Certa simpatia despreocupada que o levou
a votar na esquerda, não era isenta de uma nota de desconfiança.
Dando, pois, aos êxitos eleitorais o
alcance que eles não tinham, o PT, se açodou na implementação de sua agenda
sócio-política e deu livre curso a seus métodos de ação, tantas vezes
autoritários.
Cada dia mais, o PT foi-se mostrando ácido
diante das críticas, alimentando o clima odioso do “nós contra eles”.
O aparelhamento do Estado; as políticas
públicas anti-“discriminatórias”, que deslancharam tensões sociais, antes
inexistentes no País; o favorecimento de “movimentos sociais” desrespeitadores
da propriedade privada e do Estado de Direito; as propostas de controle da
imprensa; o aumento de intervenção estatal na economia; as relações
internacionais submissas a interesses ideológicos espúrios; o crescimento
abrupto de escândalos de corrupção, etc., tudo isso foi fazendo o Brasil se
sentir, pouco a pouco, ludibriado em seus anseios de uma ordem distendida e
pacata.
A esquerda no governo foi caindo no
isolamento, diante de um público inicialmente desagradado embora silencioso,
depois agastado e, por fim, ressentido e furioso.
Seria por demais exaustivo analisar aqui a
gênese dos protestos de junho do ano passado, mas é fato que os mesmos acabaram
por se transformar em um imenso transbordar desse descontentamento público,
para o qual convergiram insatisfações regionais e nacionais, políticas,
sociais, econômicas, culturais, o que deu a tais manifestações um aspecto
multifacetado.
Encerrado em sua própria utopia, o governo
petista tentou ainda escamotear o sentido de tais protestos e radicalizar seu
projeto de poder.
Embora as grandes manifestações tenham naturalmente refluído, o
descontentamento com o PT e seu modo de governar, foi se multiplicando e dando
sinais vivos por toda a parte do território nacional e em todos os segmentos da
sociedade.
Chegou-se, assim, à presente disputa
eleitoral em que, para muitos, o intuito primordial de uma renovação política
era afastar, pelo voto, o PT do poder.
A forte carga emocional de uma família,
jovem e numerosa, dilacerada por um trágico desparecimento, juntamente com
pesquisas que apontavam uma disparada acentuada nas intenções de voto em Marina
Silva, fizeram entrever, num desses rompantes típicos de nossa agilidade de
espírito, que a candidatura desta última poderia ser a “bala de prata no
coração do lulopetismo”, para usar a expressão de um matutino paulista.
Some-se a isso certa nota messiânica, certo
utopismo de quimeras suaves ou brilhantes, envolta em linguagem fantasiosa e
sedutora, que cria a impressão, ou a ilusão, da possibilidade de uma outra
política.
Esse verniz messiânico deu a impressão,
talvez fugaz, de a nova candidata distar dos conchavos pouco coerentes e das
iniciativas políticas tantas vezes enlameadas e corruptas do atual panorama.
Mas, afirma o IPCO, se bem analisada a
situação, o País parece encaminhar-se para uma disputa entre dois projetos
políticos esquerdistas, não tão diferentes entre si e, mais grave ainda, que
radicalizarão os ânimos e criarão inevitavelmente fissuras no corpo social.
(*) Adolpho
Lindenberg é presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO)
Nenhum comentário:
Postar um comentário