Incertezas climáticas e
tendências de queda nos preços devem marcar a próxima temporada
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REDAÇÃO GLOBO RURAL
Estimativas da Sociedade Nacional
da Agricultura apontam para redução da área plantada com cana-de-açúcar (Foto:
Ernesto Souza / Ed. Globo)
A Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) estima
que a produção brasileira de grãos deve ultrapassar a marca de 200 milhões de
toneladas, um recorde histórico para o Brasil.
“Esse aumento de produção é
esperado em decorrência do pequeno crescimento na área plantada e da melhoria
da produtividade”, assinala o presidente da SNA, Antonio Alvarenga, que prevê
crescimento de 1,5% da área destinada ao plantio e produção 4% maior que a
safra anterior.
Apesar das boas perspectivas, Alvarenga reforça a
influência do clima. “Todas as previsões devem ser vistas com reservas, tendo
em vista a possibilidade de eventos climáticos que venham alterar a
produtividade”.
O diretor da SNA, Helio Sirimarco, afirma que o
cenário mais provável para o próximo ano sugere uma contribuição menor do agronegócio
para a balança comercial brasileira.
“Existem indicações de queda ou estagnação
das exportações do setor, com retração dos preços médios dos produtos
exportados. A equação pressupõe, ainda, que a produção brasileira de grãos
seguirá a trajetória antecipada pelos primeiros levantamentos de safra”,
ressalta.
“O valor das exportações do setor deverá cair em
torno de 3% na comparação com este ano, para algo em torno de US$ 99.03
bilhões, quase 1% abaixo do resultado de 2013, quando o agronegócio exportou
US$ 99.96 bilhões. Provavelmente, teremos um pouco menos de exportações de soja
e milho, em receita, e um pouco mais de carnes e café”, complementa o diretor
da SNA.
Soja
Para o presidente da SNA, a soja é o produto que
terá melhor desempenho na próxima safra, atingindo um total de 95 milhões de
toneladas, o que significa um crescimento de 10% em relação à safra anterior.
O êxito do complexo soja também é compartilhado por
Sirimarco. “Podemos esperar um novo recorde de exportação, com algo
próximo a 63.2 milhões de toneladas, das quais a soja em grão responderá por
48.0 milhões de toneladas, contra 46.0 milhões esperados para 2014, segundo
previsão da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove). Em
volume, o crescimento será de 5%, respondendo à demanda mundial, que continua
aquecida”.
Carnes e
celulose
Para as carnes, “as perspectivas permanecem
positivas, o que não deverá ocorrer para a celulose, frente à expectativa de
excedente de oferta, principalmente diante do baixo desempenho econômico e
financeiro da economia europeia”, observa o diretor da SNA.
Já a indústria de carnes, de acordo com Sirimarco, “espera manter a boa fase,
diante de problemas de oferta registrados nos principais concorrentes
brasileiros, afetados por questões sanitárias e dificuldades climáticas”.
Para o setor avícola, a Associação Brasileira de
Proteína Animal (ABPA) acredita numa expansão entre 3% e 4% nos volumes
exportados em 2015.
“Será um ano positivo, mas não como em 2014”, prevê o
diretor da SNA, acrescentando que o desempenho das exportações do setor poderá
ainda ser potencializado pela crescente demanda por material genético produzido
no País e pela multiplicação de episódios de influenza aviária.
Algodão e
milho
Por outro lado, o algodão e o milho são produtos
que irão sofrer queda na produção, por conta da redução na área plantada. É o
que explica Antonio Alvarenga. “Os produtores reduziram a área plantada em
conseqüência da queda nas cotações internacionais desses produtos, o que
significa menor rentabilidade para o produtor”.
Café e
cana
Quanto à safra de café, Alvarenga antecipa uma
significativa queda de produção, em decorrência do longo período de estiagem em
2014.
“Em algumas regiões, a redução pode atingir 20% em relação ao ano
anterior”, ressalta. Já a cana de açúcar deverá sofrer uma redução 4% em
relação ao ano anterior, tendo em vista a estiagem e a grave crise que o setor
atravessa”.
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