A quem estes bispos prestam
culto?
Alejandro Ezcurra
Naón
Um
bruxo andino realiza uma oferenda às deidades Pachamama, Tata Inti e aos Malkus.
Atrás dele, um grande número de bispos…
ASSOMBRO, CONFUSÃO,
DESCONCERTO
Ninguém ignora que a Igreja Católica vive hoje dias
tormentosos, marcados por perseguições cruentas na Ásia e na África, e
incruentas, mas não menos implacáveis, no Ocidente laicizado. Tal quadro é
agravado por sérias dissensões internas como as ocorridas no último Sínodo
Extraordinário de Bispos, realizado no mês de outubro de 2014 em Roma.
Somam-se a esse quadro as atitudes e
condutas completamente contraditórias de autoridades eclesiásticas em relação à
sua missão de orientar o rebanho de Jesus Cristo, causando confusão,
desconcerto e escândalo entre os fiéis.
Uma deplorável amostra disso ocorreu no
dia 17 de janeiro último no Chile, por ocasião da sagração do novo bispo
diocesano de Arica, Dom Moisés Atisha.
No final da cerimônia, diante da
catedral e na presença de todos os bispos assistentes — entre eles o Núncio
Apostólico e o Cardeal-Arcebispo de Santiago —, realizou-se um estranho ritual
pagão, executado por um bruxo. Tratou-se de uma oferenda às deidades Pachamama
(a terra), Tata Inti (o sol) e os Malkus (espíritos das montanhas).
Prelados
católicos assistindo às oferendas do bruxo no culto pagão…
Em um “altar” improvisado sobre um
tapete colocado no chão, o xamã ofereceu folhas de coca, sementes, água e chicha fermentada.
Em seguida, impôs colares de papel colorido ao novo bispo e ao prelado
consagrante, Dom Cristian Contreras, os quais depois se ajoelharam diante do
“altar” idolátrico para recolher algumas folhas de coca “bentas” pelo bruxo,
parecendo que também as ofertavam.
A imprensa evitou noticiar o insólito
fato, mas fotografias tiradas na ocasião se difundiram nas redes sociais,
causando nos fiéis estupor e repúdio generalizado.
Dom
Cristian Contreras, bispo de Melipilla (Chile), ajoelhado diante do altar
pagão. Observa-o Dom Moisés Atisha, novo bispo de Arica, que também faria o
mesmo… (foto abaixo).
Tal reação de espanto é mais do que justificada. “Todos os
deuses dos gentios são demônios”, adverte o Espírito Santo pela
boca do Salmista (Ps. 95, 5). E o reitera por meio de São Paulo, quando este
previne os Coríntios: “Meus queridos, fugi da idolatria”,
advertindo-os de que “os pagãos oferecem seus sacrifícios aos
demônios e não a Deus”.
Tomado de santo zelo, o Apóstolo
acrescenta: “Eu não quero que vocês entrem em comunhão com os
demônios. Vocês não podem beber do cálice do Senhor e do cálice dos demônios;
tampouco podem sentar-se à mesa do Senhor e à mesa dos demônios” (I
Cor. 10, 14 ss.).
* *
*
Alguém poderá objetar que
exageramos o alcance do fato, que a oferenda desse xamã não foi um ato
religioso, mas cultural, folclórico, próprio de uma pessoa ignorante em matéria
de fé.
Dom
Ivo Scapolo, Núncio Apostólico no Chile, também participando do culto pagão…
Tal hipótese poderia talvez ser
admitida no caso do bruxo, mas jamais no dos ministros de Jesus Cristo, bispos
da Santa Igreja! Estes sabem muito bem que cultos como o da “pachamama” sãoformas
da velha gnose panteísta, a superstição diametralmente oposta à fé
católica.
Dita crença nega a existência de um
Deus único e pessoal, Criador de todas as coisas, e em seu lugar atribui
qualidades divinas às criaturas, considerando-as fragmentos de um “deus
cósmico” disseminado pelo Universo, com o qual se confundem. Este erro possui
mil variantes, sendo uma delas a idolatria da Terra como um ser vivo e dotado
de espírito.
Cabe então perguntar: ajoelhar-se
diante da “pachamama” não é propriamente “sentar-se à mesa dos
demônios”?Que outra interpretação pode ser dada ao fato? E que juízo
fariam dele o grande evangelizador do Peru, São Toríbio de Mongrovejo, ou os
milhares de mártires que como o bispo Santo Inácio de Antioquia [pintura
abaixo] preferiram morrer a oferecer incenso aos ídolos romanos?
Deixamos a resposta ao bom
discernimento do leitor. Mas, por um dever de justiça, não podemos deixar de
assinalar que, em pelo menos dois de seus livros, o Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira já previra que à medida em que o processo revolucionário de Ocidente
caminhasse para seu desfecho no caos, o comunismo deixaria de ser sua ponta de
lança, e uma nova revolução ocuparia seu lugar: O tribalismo
indígena.
Nessa revolução neotribal o fator
ideológico já não pesaria: a razão ficaria “atrofiada e feita escrava a
serviço do totemismo transpsicológico e parapsicológico”, no qual já
seria dado ao católico “divisar as fulgurações enganosas, o cântico a
um tempo sinistro e atraente, emoliente e delirante, ateu e fetichisticamente
crédulo com que, do fundo dos abismos em que eternamente jaz, o príncipe das
trevas atrai os homens que negaram Jesus Cristo e sua Igreja”.
E como tentaria essa neo-revolução
penetrar na Igreja? Paralelamente à atrofia da razão, o ensino da doutrina
católica se evanesceria e a própria estrutura eclesiástica iria se
transformando “num tecido cartilaginoso, mole e amorfo, de dioceses e
paróquias sem circunscrições territoriais definidas, de grupos religiosos em
que a firme autoridade canônica vai sendo substituída gradualmente pelo
ascendente dos ‘profetas’ mais ou menos pentecostalistas, congêneres,
eles mesmos, dos pajés do estruturalo-tribalismo, com cujas figuras acabarão
por se confundir”.
Isto fora previsto por Plinio Corrêa de
Oliveira quatro décadas atrás, em 1976, ao redigir a Parte III de Revolução e
Contra-Revolução. Naturalmente esse derrapar da Igreja para o tribalismo
deveria contar com a colaboração de membros da Hierarquia, especialmente
daqueles que no tempo do socialismo e do comunismo foram coniventes com eles
(no Chile não foram poucos!…).
Se a advertência do saudoso líder
católico tivesse sido ouvida, assistiríamos hoje à deplorável paródia religiosa
aqui descrita?
Nenhum comentário:
Postar um comentário