Pacote tardio
O mais importante aí não é o tamanho do
pacote, mas sim saber até que ponto o governo Dilma está mesmo disposto a mudar
a postura desastrosa em relação aos investimentos
· Mesmo levando em conta a falta
dramática de recursos, o mais importante aí não é o tamanho do pacote: se terá
R$ 134 bilhões, como previamente anunciado, R$ 190 bilhões, como se informou
depois, ou, ainda, outro número dessa ordem.
O mais importante é saber até que
ponto o governo Dilma está mesmo disposto a mudar a postura desastrosa em
relação aos investimentos, a mesma que descarrilhou o PAC e que levou ao
emperramento do programa anterior de concessões.
Até agora, o governo Dilma tratou
o setor privado interessado na prestação de serviços públicos como predador dos
recursos nacionais, como se estivesse em condições de impor moralidade. Em
princípio, as concessões e a execução de serviços públicos, mesmo quando
proporcionadas por leilões, eram consideradas, dentro do governo, como
exercício de “privataria”.
O secretário do Tesouro do
primeiro mandato, Arno Augustin, o mesmo que se notabilizou por truques de
prestidigitação nas contas públicas e por aprofundar o sistema de pedaladas
fiscais, não escondia de ninguém que a remuneração prevista nas concessões tinha
mesmo de ser achatada porque não produzia risco para as empresas, mesmo quando
realizadas sem projetos de execução.
Essa postura jurássica não foi a
única razão pela qual os investimentos encolheram (veja o gráfico) no País.
Houve outras. Toda a política econômica, chamada de Nova Matriz Macroeconômica
pelo então ministro da Fazenda, Guido Mantega, mostrou-se impregnada de
equívocos e criadora de distorções que agora começam a ser corrigidas, com
grande custo social e político.
Com os cofres vazios, o governo
tenta agora passar o recado de que o ajuste é só o preço da transição para uma
nova política de desenvolvimento econômico que vai reduzir custos de produção,
criar empregos e dar novo horizonte ao País.
Essa tentativa de retomada está
sendo feita sem um plano estratégico. O governo vive de espasmos. Acreditou no
Programa do Álcool e depois o largou ao deus-dará. Elegeu o projeto da
Transposição do Rio São Francisco como obra de redenção do Nordeste, mas o que
foi feito já está tomado pelo mato.
Acreditou no PAC, que em seguida empacou. Acreditou no pré-sal e na política da imposição de conteúdo nacional que agora vai caindo na real, com estaleiros abandonados e empresas quebradas. Acreditou na tal política de modicidade tarifária, mas descambou na desorganização do sistema de energia elétrica, que opera a custos 50% mais altos.
Acreditou no PAC, que em seguida empacou. Acreditou no pré-sal e na política da imposição de conteúdo nacional que agora vai caindo na real, com estaleiros abandonados e empresas quebradas. Acreditou na tal política de modicidade tarifária, mas descambou na desorganização do sistema de energia elétrica, que opera a custos 50% mais altos.
Agora, o governo Dilma tem de
apresentar serviço para não passar a impressão de que a política econômica do
segundo período se limita às durezas do ajuste fiscal, aos juros escorchantes e
à dura recomposição dos preços administrados.
Falta responder às perguntas de todos quantos se sentem responsáveis pelo futuro do País: o que queremos e para onde vamos?
Falta responder às perguntas de todos quantos se sentem responsáveis pelo futuro do País: o que queremos e para onde vamos?
Este ano já chega à metade e só
agora a presidente Dilma começa a cuidar do investimento. Ainda assim, é
preciso ver que qualidade terá.
A indústria de veículos vai acusando forte
retração neste ano. É o que pode ser avaliado no gráfico acima.
Dureza a
quatro rodas
A principal informação do setor de
veículos não é o desempenho ruim nos primeiros cinco meses do ano - queda nas
vendas de 20,9% em relação ao mesmo período de 2014 -, mas as perspectivas
ainda ruins.
Nesta segunda-feira, o presidente da Anfavea, a instituição que
cuida dos interesses do setor, Luiz Moan, anunciou que passou a esperar uma
queda de 20,6% nas vendas ao longo de 2015. A projeção anterior era de queda de
13,2%.
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