Secretário da Agricultura põe o dedo
na cara da Noruega
"Migalha." Foi assim que o secretário-executivo do Ministério da
Agricultura, Eumar Novacki, descreveu a ajuda de US$ 1 bilhão dada pela Noruega
para o Brasil nos esforços de combate ao desmatamento no País.
Há duas semanas,
a Noruega anunciou que vai cortar os pagamentos ao Brasil em 2017 para o fundo
que é administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
O anúncio ocorreu durante a visita do presidente Michel Temer (PMDB)
ao país e foi considerada internamente como uma "deselegância" contra
o Brasil.
Em Genebra, na Suíça, nesta quinta-feira, 13, Novacki também questionou
abertamente o comportamento de países estrangeiros contra a situação do meio
ambiente no Brasil. "Ninguém tem o direito de criticar o Brasil no que se
refere ao meio ambiente. A Embrapa mostra que o País tem 61% do território de matas nativas",
disse.
Para ele, o anúncio do corte de dinheiro da Noruega foi "muito
deselegante" e teve um caráter "político". Na avaliação do
secretário, tais gestos não podem ser tolerados. "Será que precisamos
mesmo desse apoio? Gastamos muito mais que essa migalha que eles nos
oferecem", disse.
De acordo com ele, a área de florestas no Brasil continua sendo maior do que
todo o território europeu. "Isso demonstra que fizemos a lição de
casa", afirmou. "Sabemos da importância que temos para a preservação
do planeta. Sabemos de nosso papel. Mas nenhum produtor rural no mundo suporta
o ônus que um produto rural brasileiro tem. Em alguns casos, só se pode abrir
20% da propriedade rural. Ninguém tem esse ônus."
"Agora, o mundo vir cobrar do Brasil a questão ambiental, não pode",
rebateu.
Na avaliação do secretário, está no momento de o governo pedir compensações da
comunidade internacional por seu esforço na área ambiental. Uma das opções
seria a de obter melhores condições de acesso para produtos exportados pelo
País, como prêmio pela conservação.
"O que queremos é que isso signifique alguma coisa. Que essa política se
traduza em efeitos práticos. Queremos preferências de mercados. Não vamos
aceitar queixas de que não cumprimos", alertou. "O mundo todo fala
que o meio ambiente precisa ser preservado. Mas só nos pagamos a conta?",
questionou. "Nos precisamos repensar esse processo. Todos precisam nos
ajudar a pagar a conta."
Fonte: Com informações de O Estado de São Paulo e imagem Antonio Araujo
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