segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Caso Lula - não adianta fingir que não entende


Clóvis Rossi não entendeu nada 

sobre o caso de Lula

O Antagonista

Clóvis Rossi, na sua coluna na Folha, resume os fatos contra Lula, mas faz ponderações absurdas.
Ele escreve que  “ninguém discute que há uma escandalosa promiscuidade entre Lula, a Odebrecht e a OAS, entre outras construtoras”.
E prossegue:
“Lula se transformou em caixeiro viajante a serviço da Odebrecht, uma empresa que confessa ter adotado ‘práticas impróprias’.
“Só Lula não sabia dessas práticas? O ex-presidente, no cargo ou depois de deixá-lo, nunca escondeu que ‘vendia’ empresas, produtos e serviços brasileiros em outros países, entre eles principalmente a Odebrecht.
“Ou, posto de outro modo, a corrupção transformou-se, com Lula, em produto de exportação, de que dá prova, por exemplo, o fato de que todos os presidentes peruanos deste século receberam propinas da Odebrecht. Um deles está até na cadeia.
“Não é só a Odebrecht: é escandalosa a familiaridade com que Lula se referia, no depoimento a Moro, ao ‘Leo’, que vem a ser Leo Pinheiro, presidente da OAS, que se deu ao trabalho de sair do seu escritório para servir como corretor para vender (ou doar) um apartamento a Lula.
Essa gestão também está comprovada e, mesmo que não haja ilegalidade, é moralmente inaceitável quando todo o mundo sabe que empresas como a OAS (e a Odebrecht) dependem de negócios com o poder público.”
Aí não dá.
Como, a esta altura da Lava Jato, Rossi pode relativizar a ilegalidade nos negócios entre Lula e a OAS e a Odebrecht?
Ambas as empreiteiras — COM PROVAS DOCUMENTAIS — confessaram que havia “contas de propina” para o PT das quais o dinheiro para Lula era debitado. Triplex, reforma de sítio, apartamento em São Bernardo: nada disso era “presente”, mas propina em troca de contratos com a Petrobras.
Em relação ao triplex, não se tratou de “venda” ou “doação” de Leo Pinheiro. Tratou-se de pagamento de suborno na forma de um apartamento, cuja titularidade foi mantida no nome da OAS, para esconder o proprietário de fato: Lula. O nome disso é corrupção e lavagem de dinheiro.
Clóvis Rossi conclui:
“O elenco de detalhes desabonadores para o ex-presidente poderia estender-se, mas já basta para voltar ao início deste texto: o ideal seria que o eleitorado decidisse se são suficientes para não votar em Lula ou se a maioria não se incomoda com eles. Demonstraria se o caso Lava Jato foi suficientemente pedagógico para o eleitorado brasileiro ou se ele prefere continuar sendo “mal educado” para usar o rótulo (correto) que Washington Olivetto pespegou no Brasil, na sua entrevista deste domingo (21) à Folha.”
Essa gente enlouqueceu? Desde quanto voto popular substitui a Justiça? Desde quando cabe aos eleitores decidir se provas criminais são suficientes ou não? Que história é essa de que uma eleição com a participação de Lula serviria para medir o “efeito pedagógico” da Lava Jato sobre o eleitorado? Que ela, a eleição com Lula, serviria para saber se os brasileiros são ou não “mal educados”?
A Lava Jato não e uma espécie de “Escolinha do Professor Moro”. É uma operação da PF em conjunto com o MPF, para investigar e denunciar corruptos à Justiça — que já condenou Lula, apontado como o Comandante Máximo do petrolão, em primeira instância, num dos processos abertos contra o petista, e poderá vir a confirmar a condenação em segunda instância, no próximo dia 24.
É disso que se trata: de julgar um cidadão que não está, não, acima da lei. E que não pode obter imunidade por meio das urnas, uma vez que as urnas não têm preponderância sobre a Justiça.

Lula está sendo julgado por crimes objetivos, não por sua falta de moralidade. A falta de moralidade, no caso, é somente moldura. Mal-educado é quem acredita no contrário, porque não entendeu — ou finge não entender — absolutamente nada.

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