Lentidão do governo
federal ameaça
agricultura, diz Andef
'A lentidão do sistema de
defesa fitossanitária tem se mostrado tão assustadora quanto à voracidade dos
insetos, doenças e ervas daninhas', afirma o presidente do Conselho Diretor da
Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal), João Sereno Lammel.
Na avaliação
dele, 'é inconcebível a parcimônia com que é tratada, em certos setores do
governo federal, uma das principais tecnologias demandadas pelos agricultores e
para a sustentabilidade da agropecuária'.
O engenheiro agrônomo se
refere a um 'perigo que ronda o campo'. 'Um dos setores mais dinâmicos da
economia brasileira está exposto ao feroz ataque de novas pragas e doenças que,
sem formas adequadas de controle, infestam lavouras nas mais importantes
regiões agrícolas do País.
A lagarta Helicoverpa armigera, até poucos meses
desconhecida da maioria dos pesquisadores, já devorou, apenas na safra deste
ano, cerca de 1 bilhão de dólares das lavouras de soja e algodão do Mato Grosso
e Bahia.
Especialistas acompanham o rastro da praga e constatam que ela já se
instalou em áreas do Paraná e franjas das regiões Sudeste e Nordeste'.
'A Helicoverpa é uma praga
que se soma a outras, como a mosca branca, a broca do café e a ferrugem
asiática - esta já tendo causado, nos últimos dez anos, de acordo com a
Aprosoja, prejuízo superior a 25 bilhões de dólares. As perdas se alastram a
lavouras de café, algodão, feijão e hortaliças.
De acordo com a Sociedade
Brasileira de Defesa Agropecuária, pelo menos quinze outras pragas do mesmo
potencial destrutivo rondam as lavouras. Os efeitos podem ser devastadores - às
plantações e à economia do País', analisa o dirigente.
Ele salienta que o
agronegócio foi responsável, nos últimos dez anos, por 27% do PIB nacional.
'Tal resultado se deve, em grande medida, à geração de novas tecnologias, a
partir de investimentos vultosos de empresas públicas e privadas.
É o caso, por
exemplo, dos novos defensivos agrícolas, mais eficazes e seguros: as plantações
não protegidas por modernas tecnologias perdem, em media, 40% de sua produção.
Traduzindo-se: para a safra brasileira deste ano, aguardada em 186 milhões de
toneladas, sem a adoção desta tecnologia não chegariam às mesas dos brasileiros
e do mundo cerca de 75 milhões de toneladas de alimentos, além de fontes de
energias renováveis.
Ou então: caso fossem retirados 40% das exportações apenas
do complexo soja, seriam menos R$ 10,5 bilhões na balança comercial brasileira.
Ainda mais drástico: se o impacto de tais perdas fosse debitado do Valor Bruto
da Produção, VBP, apenas das culturas de soja, cana-de-açúcar e milho - que
somarão R$ 166 bilhões, segundo o Ministério da Agricultura -, significa que o
país deixaria de arrecadar R$ 66,5 bilhões', adverte.
Lammel vai além e aponta
que a solução está em 'ampliar a infraestrutura funcional de modo a conferir
celeridade e eficiência os três encarregados regulamentação da defesa
fitossanitária: Ministério da Agricultura; Ibama; e a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, Anvisa. A lentidão do sistema é assustadora, como acusam
os números'.
'Em 2008, foram aprovados
11 novos princípios ativos; em 2009, reduziu para 8 novos ingredientes ativos.
Em 2010, as aprovações caíram drasticamente para 3 ativos novos; em 2011, foram
registrados apenas 2 novos produtos.
Finalmente, no ano passado, a de
morosidade atingiu o fundo do poço: apenas e tão somente 1 produto novo foi
registrado', diz ele em artigo originalmente publicado na Revista
Agroanalysis (Agosto 2013).
Na avaliação do dirigente,
'a correção nos rumos do atual marco regulatório oferecerá um horizonte de
maior previsibilidade às empresas definirem seus planos de investimentos.
Mas,
sobretudo, trará confiança para trabalho dos agricultores - afinal, os maiores
responsáveis pelos alimentos em nossas mesas'.
Fonte: CNA
Porque os empresário do agronegócio que lucram tanto não fazem investimentos no combate as pragas???... Só pensam em lucros. Se na verdade se preocupassem mais em vez de ficarem só esperando pelo governo investiriam em tecnologia avançada para combater as pragas que devoram suas plantações.
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