Com negócios ligados ao 'rei da soja', fazenda-modelo vira 'favela
rural'
MARCELO TOLEDO
DE RIBEIRÃO PRETO
Uma fazenda-modelo
foi desapropriada e virou uma "favela rural", mas ainda há negócios
ligados à família de Olacyr de Moraes em
Mato Grosso, Estado em que ele obteve resultados expressivos no agronegócio e é
visto como um "visionário". O 'rei da soja' morreu aos 84 anos nesta
terça-feira (16) em São Paulo.
Os negócios
atribuídos ainda hoje à família do empresário vão de uma usina de açúcar,
etanol e energia a outra fazenda, arrendada.
Em Tangará da Serra
(MT), a família tem uma propriedade rural, arrendada, que ocupa também parte do
município de Campo Novo.ó
É uma
propriedade de 70 mil hectares, arrendada para o Blairo Maggi [ex-governador,
atual senador do PR], com soja e algodão. O agronegócio deve muito ao Olacyr,
que acreditou ser possível plantar soja no Cerrado", disse o presidente do
Sindicato Rural de Tangará da Serra, Vanderlei Reck Junior.
Mas, se alguns
negócios estão de pé, outros já deixaram de pertencer a Moraes, como a fazenda
Itamarati, em Ponta Porã (MS). Hoje praticamente nada lembra que ali um dia foi
uma das mais importantes propriedades do agronegócio brasileiro.
Com a derrocada
econômica do empresário, a fazenda foi desapropriada pelo Incra e transformada
em assentamento. O local abriga cerca de 3.000 famílias, muitas do MST
(Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Antigos armazéns
utilizados para guardar grãos apodreceram e a produtividade de outrora não faz
mais parte do cotidiano.
"Para falar o
português claro, a Itamarati é uma favela rural. Não produz o que poderia e só
30% dos assentados sobrevivem da atividade", disse o presidente do
Sindicato Rural de Ponta Porã, Jean Pierre Paes Martins.
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