A destruição do último
reduto petista
O PT não se contentou em quebrar a Petrobras e a Eletrobras
durante os
governos Lula e Dilma. Esfacelou também a Embrapa, referência em pesquisas
agropecuárias. E, pior: o partido
continua administrando a estatal
Ary
Filgueira
A Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) sempre foi considerada uma ilha
de excelência técnica. Depois de mais de 13 anos sob administrações petistas,
transformou-se em mais uma estatal que o PT teve a proeza de desmantelar.
E
essa não é a única má notícia para os que zelam pela aplicação correta dos
recursos públicos. A ascensão de Michel Temer à Presidência não impediu que os
petistas permanecessem até hoje no comando dos postos-chave da estatal.
Ou
seja, o horizonte é ainda mais nebuloso. Documentos obtidos por ISTOÉ retratam
um cenário caótico. Desde dívidas tributárias milionárias, devido a uma péssima
administração, a denúncias graves por desvios de recursos. A unidade da Embrapa
em Brasília, por exemplo, até hoje paga parcelas de uma multa milionária por
descumprir a legislação tributária.
Uma auditoria interna do órgão também
apontou que o dinheiro obtido com a venda das safras de milho cultivadas
anualmente simplesmente tem desaparecido. O desfalque pode chegar a quase R$ 6
milhões.
O
aparelhamento do PT na Embrapa começou no governo Lula, foi ainda mais
acentuado com Dilma Rousseff e resiste até hoje, mesmo com a gestão do novo
ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP).
O presidente da estatal Maurício
Antônio Lopes foi nomeado a pedido da própria Dilma. Já sua subordinada Vânia
Beatriz Castiglioni, diretora de Administração e Finanças, não esconde de
nenhum funcionário que é filiada ao PT e afilhada política da senadora Gleisi
Hoffmann (PT-PR).
Vânia é personagem principal em uma dessas irregularidades na
gestão da Embrapa. Uma de suas decisões grosseiras custou aos cofres da empresa
pública R$ 20 milhões referentes à multa por não recolhimento de tributos à
Receita Federal.
A dívida, originalmente, foi estipulada em R$ 40 milhões, mas
a assessoria jurídica da Embrapa conseguiu reduzir para R$ 23 milhões. O
montante foi parcelado em 60 vezes e, até agora, foram pagas cerca de 20
parcelas.
Porém, por desleixo com os recursos públicos, as parcelas são sempre
pagas com atraso e, por isso, corrigidos com juros altíssimos. Conforme está
descrito no Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf) de 22 de
agosto de 2016 a dívida principal era de R$ 399 mil. Mas, devido ao atraso,
passou para R$ 873 mil, mais que o dobro.
Procurada para explicar o motivo da
multa, a Receita Federal explicou que “devido ao sigilo fiscal, não comentaria
o caso de contribuintes específicos”.
A negligência petista
A Embrapa devia R$ 23 milhões em tributos à Receita que deveriam ser pagos em parcelas de R$ 399 mil, mas devido ao desleixo da diretora petista do órgão, que pagava com atraso, a prestação subiu para R$ 873 mil. Em sindicâncias internas, verificou-se também o desaparecimento de dinheiro arrecadado com a venda de alimentos produzidos nos campos experimentais
Móveis
na fogueira
Em um
episódio anterior, Vânia chegou a ser investigada pela Controladoria-Geral da
União por supostas irregularidades na criação da Embrapa Internacional, nos
Estados Unidos, que acabou interrompida pelo Ministério da Agricultura.
A
iniciativa foi feita sem ser submetida ao conselho de administração da estatal.
No relatório, a CGU lança suspeita sobre uma empresa que financiou o projeto, a
Odebrecht na Venezuela, que bancava as ações da Embrapa no país vizinho. O negócio
teve apoio dos ex-presidentes Lula e Hugo Chávez. A CGU apontou a iniciativa
como irregular.
Mesmo
quando não aparece sua digital nas irregularidades, Vânia acaba pagando por
omissão. Um parecer da assessoria jurídica da Embrapa obtido por ISTOÉ culpou a
diretora por não acompanhar a sindicância que detectou desvio de recursos da
venda de safras de milho cultivada em 70 hectares da Embrapa Hortaliças,
situada na cidade do Gama.
Além de desaparecer com o dinheiro, o chefe-geral da
unidade, Jairo Vidal Vieira, este ligado ao grupo do ex-ministro Gilberto
Carvalho, ex-chefe de gabinete de Lula, também não revelava o montante
arrecadado por ano com a venda do alimento.
Servidores do setor contaram que
cada hectare produz 150 sacas. Cada uma é vendida a R$ 50. Sob essa conta, o
total vendido por ano seria de R$ 525 mil. A prática delituosa ocorre desde
2006, quando Lula era presidente.
Como se
não bastassem esses prejuízos, a administração do departamento de hortaliças da
Embrapa ainda queimou em uma fogueira, durante três dias, peças do mobiliário
antigo que iria para leilão, como mesas, cadeiras e bancadas de laboratórios.
A
ordem era limpar o galpão para receber a ilustre visita da senadora Kátia
Abreu,à época ministra da Agricultura. A PF investiga o caso – mais um
exemplar, entre tantos, da delituosa gestão petista.
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