sexta-feira, 9 de junho de 2017

O que era excelente ficou ainda melhor (sem Reforma Agrária socialista)



O que era excelente ficou ainda melhor
O agro é o maior contraponto ao desempenho ruim dos outros setores
Celso Ming, O Estado de S.Paulo


No fim de 2016, os institutos que rastreiam as safras já projetavam para este ano uma megaprodução, cerca de 15% mais alta do que naquele ano, tão castigado pela estiagem. 

É o setor que está salvando não apenas a lavoura, mas o próprio PIB. Nas Contas Nacionais do primeiro trimestre, a agropecuária contribuiu com um crescimento de 13,4%. 

Mais não entrou nos cálculos porque a maior parte dos estoques não havia sido escoada e, portanto, ainda não produzira renda. Como os números atualizados são mais exuberantes, o setor voltará a ter importante participação no crescimento da renda nos trimestres seguintes.
Enfim, o agro é o maior contraponto ao desempenho ruim dos outros setores. E maior ainda quando comparado ao estado geral da vida política. Os levantamentos divulgados nesta quinta-feira permitem concluir que a renda já gerada e ainda a ser gerada pelo setor deve ficar neste ano em alguma coisa entre R$ 550 bilhões e R$ 610 bilhões.
Muita gente continua equivocada quando insiste em que a agropecuária proporciona baixa multiplicação de renda, porque emprega pouca mão de obra. 
Estudo da Confederação Nacional da Agricultura a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), de 2014, mostrou que o agronegócio proporciona 32,7% dos postos de trabalho no Brasil. (O agronegócio é mais abrangente do que a agropecuária. Alcança também a indústria e os serviços ligados ao setor.)
A capacidade multiplicadora de renda do setor pode ser mais bem aferida pelo avanço dos serviços que operam com o agro: transportes, comunicações, comércio, finanças, etc. Pelo interior de Mato Grosso e de Goiás e pelo Matopiba (área que compreende o Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) se vê o dinamismo da agropecuária.
Nos primeiros cinco meses deste ano, as vendas de máquinas agrícolas e rodoviárias cresceram 28,7% em relação a igual período de 2016. As exportações de produtos básicos (que incluem minérios e petróleo) aumentaram 27% no acumulado do ano (até maio) em comparação com igual período de 2016. 
Mais capitalizados, os agricultores podem empurrar também o setor de insumos agrícolas, principalmente os de sementes, fertilizantes e calcário.
Outra contribuição da supersafra à macroeconomia é a derrubada da inflação. Por vários fatores, os alimentos foram o vilão nos últimos anos. Agora, vêm contribuindo positivamente para o controle da inflação. Nos últimos cinco meses, os preços dos agropecuários caíram 9,31% no atacado. E em 12 meses, 10%.
O gargalo continua sendo a logística: armazéns insuficientes, estradas ruins, comunicações precárias. O que pode melhorar é a inauguração de 682 quilômetros da ferrovia Norte-Sul, prevista para este mês.
Uma das acusações recorrentes ao setor agropecuário é o de que seu crescimento vem sendo realizado com aumento do desmatamento. O gráfico mostra que o aumento da produção vem acontecendo mais com aumento da produtividade do que com aumento da área plantada. 

Em 1997, 34,5 milhões de hectares produziam 74,8 milhões de toneladas de grãos, ou 2,2 toneladas por hectare. Vinte anos depois, 61 milhões de hectares produzem 238,6 milhões de toneladas de grãos, ou 3,9 toneladas por hectare.

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