Bispos denunciam
ditadura socialista na Venezuela
Péricles Capanema
Em meados de maio o presidente Dona1d
Trump garantiu, fará “o que for necessário” em cooperação com outros países do
continente para normalizar a situação na Venezuela, classificada por ele como
“uma desgraça para a humanidade”. Foi uma forma de solicitar ação coordenada de
países latino-americanos.
Vladimir Putin agiu em sentido
contrário. Manifestou sua admiração por Nicolás Maduro, presidente da
Venezuela, por governar com coragem para manter a estabilidade e a paz. De
outro modo, a presente atuação do governo venezuelano, diz ele, favorece a
estabilidade e a paz no país e na região. Declarou ainda, condenava esforços
políticos internos e externos que desconhecem a ordem constitucional no país.
Ou seja, censura as ações da oposição venezuelana que procura livrar a nação
das garras da ditadura bolivariana, capitaneada em parte por agentes
castristas.
Mais um ponto. Como se sabe, Nicolás
Maduro acusa os Estados Unidos de insuflarem os protestos no país. A atitude do
presidente russo revela clara oposição aos Estados Unidos, quando censura os
“esforços políticos externos”. Este, o quadro externo.
Agora, novidade importantíssima no
quadro interno. O apoio do autocrata russo antecedeu por pouco enérgica tomada
de posição de todos os arcebispos e bispos venezuelanos. Em 13 de julho pelo
documento intitulado “Mensagem urgente aos católicos e pessoa de boa vontade na
Venezuela”, os bispos do país reagiram enérgica e valentemente contra o
processo de comunistização em curso no país.
Vamos ao documento. De início, a
denúncia da fome: “Fazemos nossos os clamores das pessoas que se sentem
golpeadas pela fome, falta de garantias para a saúde, difícil compra de
remédios, a insegurança em todos os sentidos. Embora o povo ainda mantenha a
esperança, hoje sofre muito mais”. Deixam claro, a ação do regime generalizou a
fome.
A seguir, a denúncia da violência: “Em
nosso país a violência ganhou caráter estrutural. São variadas suas expressões,
desde a violência irracional com sua dolorosa cota de mortos e feridos, danos a
residências, perseguições. A repressão oficial gera tensão e anarquia. A prisão
de muitas pessoas, sobretudo jovens, por se opor ao governo, agrava ainda mais
a situação. Circulam denúncias sérias sobre torturas. Existem pessoas
processadas arbitrariamente pela Justiça militar que foram levadas a
penitenciárias de segurança máxima”. Acusa na sequência os grupos armados pelo
chavismo para intimidar a oposição: “Muitas de nossas comunidades e
instituições são flageladas por grupos paramilitares ilegais que agem debaixo
do olhar complacente das autoridades”. O regime causa a violência contra o
povo.
Os bispos venezuelanos denunciam então
o instrumento governamental para continuar no poder, o que perenizará também a
fome e a violência: “Embora a crise padecida pelos venezuelanos seja de muitos
anos, nos últimos meses aprofundou-se por causa da iniciativa do governo de
convocar uma Assembleia Nacional Constituinte, questionada e recusada pela
maioria do povo venezuelano. Mais uma vez a Constituição foi violada e o
Tribunal Supremo da Justiça (TSJ) e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE)
avalizaram o que propõe o Executivo. O mencionado projeto pretende impor ao
país um regime ditatorial”.
Em sentido contrário, os bispos apoiam
a consulta determinada pela Assembleia Nacional, de maioria oposicionista: “No
próximo 16 de julho, promovida pela Assembleia Nacional, haverá uma consulta
popular, que goza de toda legitimidade”.
Concluem então os bispos com apelo de
enorme gravidade, do qual destacamos: “Como pastores da Igreja na Venezuela,
ecoando os clamores da imensa maioria de nosso povo, elevamos nossa voz e
exigimos da Força Armada Nacional Bolivariana [do Exército, em linguagem
simples] que, como determina a Constituição, cumpra seu dever de estar a
serviço do povo no respeito e garantia da ordem constitucional e não
simplesmente a serviço de um regime, de um partido ou de um governante.
Apelamos à consciência de todos seus membros, não esqueçam que também fazem
parte do povo”.
A gravíssima postura episcopal procura
evitar desenlace trágico e iminente: “O que se busca é instaurar um Estado
socialista, marxista e militar”. Em resumo, para os bispos, a Venezuela se
encontra às vésperas da ditadura comunista. Assinam o documento todos os
arcebispos e bispos venezuelanos.
Este artigo poderia se chamar: Um bom
exemplo episcopal. Tocante. Infelizmente raro em nossos dias. Enorme bom
exemplo, por exemplo para a CNBB, favorecedora contumaz dos programas e
governos petistas, os grandes apoios do chavismo na América Latina. Segui-lo
evitaria, como mostram os bispos da Venezuela, enormes sofrimentos para o povo.
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