Brasileiros
levam 12 medalhas no Concurso Mundial de Queijos da França
Dez mineiros inscreveram 27 queijos na premiação.
Marly Leite trouxe ouro e superouro; os outros ganharam sete pratas e três
bronzes
Patrícia Ferraz
De Belo
Horizonte
A mestre queijeira Débora
Pereira, coordenadora da ONG Ser Tão Bras e membro da Guilda de mestre
queijeiros da França, cansou de carregar queijos mineiros na mala para a
França, onde vive há quatro anos. Resolveu então levar os próprios queijeiros
para mostrar seus produtos numa feira, em Tours. Ganhou o estande da
organização do evento e conseguiu inscrever os queijos mineiros no Concurso
Mundial de Queijos da França-2017.
Com apoio da Federação dos Agricultores de
Minas, que financiou 70% da viagem (os outros 30% foram pagos pelos próprios
produtores), montou a delegação e em junho partiu levando o grupo de dez
queijeiros. A ideia era aproveitar para visitar caves de afinação, para inspirar
os brasileiros.
“Chegamos lá com os queijos e não
dava para deixá-los na mala uma semana, então pedi para um produtor de Brie que
guardasse os queijos em sua cave e os levasse em caminhão refrigerado junto com
os seus para o concurso”, conta Débora.
O gentil francês contribuiu
involuntariamente para o maior prêmio que um queijo brasileiro já levou na
França, o superouro. É que o estágio de uma semana em contato com o mofo
francês aprimorou o queijo mofado Senzala, produzido por Marly e Joel Leite, na
Fazenda Caxambu, em Sacramento na microrregião de Araxá.
Com a “casca florida
perfeita”, levou o prêmio máximo num concurso internacional importante com
queijos de 39 países, avaliados por cem jurados do mundo todo.
Marly mal podia acreditar. Ela
havia aprendido a curar queijos quatro meses antes do concurso, num workshop de
Débora. “Entendi que meu queijo estava ressecado porque maturava em lugar
aberto”, conta a produtora.
Ela transferiu os queijos para o porão da casa,
passou a molhar o chão para aumentar a umidade e o mofo branco tomou conta da
produção. “O Joel até duvidou que as pessoas iriam querer aquele queijo
esbranquiçado”, diverte-se a produtora, enfermeira de formação.
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