São 350 mil produtores distribuídos em 15 milhões de hectares movimentando a economia estadual |
Influente economicamente, produtivo e recordista. Três características que atualmente estão relacionadas diretamente ao produtor rural brasileiro.
Aquele que coloca a mão na terra, que passa seus dias empenhado em produzir, faz mais do que alimentar milhões de pessoas: o agricultor de 2013 tem peso na economia brasileira.
Não é exagero. No ano passado, o agronegócio foi decisivo para garantir que o Produto Interno Brasileiro (PIB) ficasse no azul.
Este ano, enquanto o governo federal tenta desconversar sobre o famigerado "pibinho", o setor já cresceu 3% no primeiro quadrimestre, de acordo com levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A celebração do Dia do Agricultor, que acontece amanhã, não poderia ser mais pertinente. Crescimento que vem aliado a uma expectativa de fechamento de supersafra.
De acordo com dados da Conab, o País alcançará 180,4 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 8,6% em relação aos 166,2 milhões de toneladas produzidos no ano passado.
Só no Paraná serão 38 milhões de toneladas – fechando como segundo maior estado produtor - com 22% do volume total brasileiro.
Detalhe: com apenas 2,3% da área do território nacional, ou 15 milhões de hectares com estabelecimentos agrícolas.
São 350 mil produtores distribuídos em 15 milhões de hectares de estabelecimentos agrícolas movimentando a economia paranaense, o que corresponde a 33% do PIB estadual direta e indiretamente.
Cerca de 80% dos agricultores são familiares, quase 90% deles com áreas inferiores a 50 hectares.
De acordo com o presidente do Instituto Paranaense do Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes, neste momento o produtor paranaense "está recuperando uma parcela expressiva do seu peso econômico, já que a supersafra vem associada aos bons preços das commodities no mercado internacional", boa parte delas 30% a 40% acima do padrão histórico.
Isso significa renda para o agricultor e dá certo fôlego para ele diminuir seu endividamento, aplicar mais em tecnologia e ampliar sua área plantada.
"Neste aspecto, a agricultura representa um motor para a economia, na medida em que um bom ano repercute diretamente nas atividades dos fornecedores de insumos, máquinas, equipamentos, atividades bancárias e comerciais vinculadas ao setor rural", analisa o presidente do Ipardes.
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Agrolink, |
Segunda-feira, 30 de dezembro de 2013 |
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
Agronegócio: 33% do PIB do Paraná
quinta-feira, 19 de dezembro de 2013
Veja o que CIMI e a FUNAI andam aprontando...
Veja o vídeo em que o governador do Matos Grosso do Sul desanca -- com toda a razão -- o CIMI e a FUNAI
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
CIMI é um braço fascista da Igreja Católica...
... acusa
governador de Mato Grosso do Sul
“FUNAI = Funerária Nacional do Índio”, disse Puccinelli
Roldão Arruda
“Cimi é um braço fascista da Igreja Católica”, acusa
governador de Mato Grosso do Sul
Na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, a
audiência pública realizada no dia 21/11, para discutir a questão da
demarcação de terras indígenas, foi marcada por manifestações exaltadas.
O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que, em duas ocasiões anteriores
havia recusado convites para comparecer perante a comissão, ouviu reclamações e
acusações dos senadores da bancada ruralista. Foi chamado de omisso e
irresponsável, entre outras coisas.
Presente à audiência, o governador de Mato Grosso do Sul, o
peemedebista André Puccinelli, também pediu a palavra.
Em sua fala, de
aproximadamente quinze minutos, pôs em dúvida a política de concessão de terras
para os índios; mencionou a iminência de conflitos armados em seu Estado; e
atacou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
“Não podemos aceitar ONGs nem Cimi incitando”, disse. “Não
ouvi aqui ninguém falar do Cimi. Sou católico. Mas o Cimi é um braço fascista
da Igreja Católica, que no meu Estado incita invasões – e já são mais de 80.”
Ao falar sobre as demandas indígenas por terras e as ações
da Fundação Nacional do Índio (Funai), afirmou: “Querem me dar mais 39 aldeias
em 26 municípios. Perguntem aos prefeitos o que vai acontecer: chacina, guerra
entre irmãos.”
Em outro momento disse: “Chega de invasão. Vou começar a dar
o direito de se defender com armas, como provavelmente os produtores rurais
terão na defesa de sua propriedade, como diz a a Constituição.” Para ele, a
emergência de conflitos armados é uma possibilidade já conhecida: “Vai
acontecer isso, ministros. Eu venho alertando há cinco anos que vai acontecer
isso".
Puccinelli pôs em dúvida a eficácia da política de ampliação
das reservas indígenas ao lembrar o caso do cadiuéus, grupo indígena que esteve
à beira da extinção e hoje habita uma reserva na região próxima à fronteira de
Mato Grosso do Sul com o Paraguai: “Os cadiuéus, em torno de três mil, detêm
378 mil hectares de terra e estão na miséria. Então, não é só terra que resolve
os problemas dos índios.”
Voltou ao tema ao falar dos índios guaranis caiuás, que
reivindicam a devolução de terras que, no passado, teriam sido tomadas deles
pelo governo do Estado e repassadas a produtores rurais: “Querem dar terras.
Quem conhece a cultura indígena dos guaranis caiuás sabe que são índios
errantes, nômades, que não se fixavam à terra.”
O governador também disse que, se fosse presidente da
República, extinguiria a Funai, “pela sua incompetência e improbidade”. Na
avaliação dele, o nome da instituição deveria ser Funerária Nacional do Índio.
Ele ainda acusou a instituição de importar índios: “A Funai
está reconhecendo índios do Paraguai, que andavam no Chaco, como brasileiros,
nas fronteiras do nosso Estado. Mal damos conta de dar arroz e feijão para os
nossos brasileiros sul matogrossenses e vamos importar o índio que fala yo soy
brasileño.”
Criado em 1972, quando, em plena ditadura militar, surgiam denúncias
de genocídio de povos indígenas, o Cimi se tornou um dos mais intransigentes e
radicais defensores dos direitos desses grupos. Defende a sua autonomia, dentro
da concepção de uma nação pluri-étnica, como explica em seu site na internet.
Acompanhe o blog pelo Twitter – @Roarruda
http://blogs..estadao.com.br/roldao-arruda/o-cimi-e-o-braco-fascista-da-igreja-catolica-diz-governador-de-mato-grosso-do-sul/
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Safra 2013/14
Plantio recorde deve assumir liderança na soja
O Brasil chega ao final do
plantio da safra de verão 2013/14 com todas as condições para atingir 125,89
milhões de toneladas de soja e milho, aponta levantamento da Expedição Safra.
O
incremento deve ser de 9,15 milhões de toneladas na oleaginosa (11,2%,
totalizando 91,05 milhões de toneladas), volume bem maior que o do recuo de
1,11 milhão de toneladas no milho (-3,1%, para 34,84 milhões de toneladas),
concluíram os técnicos do projeto.
Na reta final da
semeadura, houve incremento na área da oleaginosa, que já era recorde e agora
soma 29,49 milhões de hectares, com expansão de 7%. O milho, por sua vez, recua
9,5%, para 6,9 milhões de hectares.
O plantio cresceu em todas
as regiões do país. Com isso, o Brasil ganha condições de ultrapassar o atual
líder mundial na oleaginosa, os Estados Unidos (EUA).
A vantagem tende a ser de
2 milhões de toneladas na colheita e de mais de 4 milhões de toneladas nas
exportação.
O Centro-Oeste foi o
grande destaque na ampliação das lavouras de soja no Brasil, com 43% do
incremento de 1,9 milhão de hectares.
Mato Grosso acrescentou 550 mil hectares
e os demais estados da região (Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal)
outros 274 mil ha. Os 820 mil hectares extras representam expansão de 6,4% na
região.
Houve forte avanço também
na região que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia
(MaToPiBa), o Centro-Norte.
Mesmo com a seca que atingiu a nova fronteira no
ano passado, o setor produtivo manteve seus planos de expansão, com avanço de
8,8%, para 3,13 milhões de hectares.
Dos 91,05 milhões de
toneladas de soja a serem colhidos, 26,46 milhões devem sair das lavouras de
Mato Grosso, maior produtor nacional.
Num ano de crescimento em todas as
regiões, o estado mantém sua participação de 28,5 % no plantio e de 29% na
produção da oleaginosa.
Por outro lado, o milho
teve sua área reduzida. Paraná e Goiás puxaram o recuo com a substituição do
cereal pela oleaginosa. A diminuição das áreas do milho pelos produtores
paranaenses chegou a 19,80%.
Na análise do coordenador
da Expedição Safra, Giovani Ferreira, os produtores brasileiros vêm
acompanhando com atenção os preços no mercado internacional para determinar os
rumos da produção nacional.
“Eles apostaram na expansão da soja influenciados
pela demanda global aquecida, mesmo com os norte-americanos retomando a
produção”, avalia.
A retomada da produção dos
EUA em 2013/14 e o grande volume colhido no inverno no Brasil corroeram as
cotações do milho no mercado brasileiro. Em vista disso, se tornou mais
interessante para o agricultor brasileiro cultivar soja, que oferece também
maior liquidez.
Expedição Safra acompanha as potencialidades do plantio à
colheita de grãos desde 2006/07 e nesse período verificou que a produção
nacional de grãos cresceu perto de 70 milhões de toneladas, passando de 131,75
milhões de toneladas até atingir potencial para 200 milhões de toneladas para
essa safra – um crescimento de mais de 50% nos últimos oito anos.
As equipes da Expedição
retomam as atividades de campo na fase da colheita a partir de janeiro,
percorrendo 14 estados brasileiros, além de realizar no próximo ano o roteiro
extraordinário para a África.
Para mais
informações, acesse: www.expedicaosafra.com.br.
FUNAI quer o Brasil para os índios! Quem dará esmolas para eles?
Denúncia: Apesar dos 290 mil hectares demarcados índios vivem de esmola no Maranhão. Funai quer mais 380 mil hectares.
Um leitor do blog Questão Indígena enviou ao site as três fotografias abaixo.
As imagens mostram índios que vivem em um complexo de três terras indígenas já demarcadas pela Funai no interior do Maranhão, TI Porquinhos, TI Bacurizinho e TI Kanela.
Juntas, as três somam quase 290 mil hectares. Apesar da dimensão do território já demarcado e pacificado, os índios vivem esmolando nas margens das rodovias do estado como mostram as fotos.
Não satisfeita, a Funai pretende ampliar as três terras indígenas expropriando via processo administrativo de desapropriação mais 380 mil hectares (Veja mapas).
O debate sobre a Questão Indígena no Brasil é cheio de som e fúria, situação na qual ninguém atenta para informações simples e óbvias.
No Mato Grosso do Sul índios Kadiweus têm mais de 200 mil hectares demarcados e exigem a demarcação de mais 100 mil.
Bem perto dali, ainda no Mato Grosso do Sul, os Terena acreditam que a ampliação da suas terras de 2 mil para 9 mil hectares os tirará de sua situação de miséria.
No Mato Grosso, os Enawênawê vivem em uma área com mais 750 mil hectares e incorrem no ato ilegal de cobrar pedágios em rodovias para comprar remédios.
Ou seja, os Enawênawê não vivem mais em sua cultura original primitiva. Precisam de remédios da odiosa tecnologia não índia. Para tanto extorquem.
Áreas demarcadas
Em verdade a Funai e os antropólgos escondem sob o som e a fúria do debate sobre a Questão Indígena sua incapacidade de cuidar dos nossos indígena e de sua cultura.
Resumir as demandas dos nossos índios à mais terra, usar palavras como "genocídio" e termos como "suicídio coletivo", serve para esconder a total e completa falência da Funai e do modelo de indigenismo construídos pelo paradigma antropológico.
Resumir as demandas dos nossos índios à mais terra, usar palavras como "genocídio" e termos como "suicídio coletivo", serve para esconder a total e completa falência da Funai e do modelo de indigenismo construídos pelo paradigma antropológico.
Embora seja necessário reconhecer que, em algumas situações, a exiguidade do espaço em que vivem algumas comunidades indígenas esteja diretamente relacionado com sua situação de miséria, nem de longe isso pode ser tomado como regra.
A maioria dos nossos índios vive mal não porque lhes falta terra. A maioria dos nossos índios vivem mal porque a política de assistência aos índios dos antropólogos está errada.
A maioria dos nossos índios vive mal não porque lhes falta terra. A maioria dos nossos índios vivem mal porque a política de assistência aos índios dos antropólogos está errada.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Acorda governo! Ou...
... a corda produtor rural!
Expectativa de exportação
A exportação de grãos deve
pular de 90 milhões para 105 milhões de toneladas, segundo estimativa do
Ministério da Agricultura.
O aumento de 16%
intensificará o movimento de cargas em estradas, ferrovias e portos. Ciente da
força do agronegócio, o governo federal divulgou uma lista de ações para
facilitar o escoamento de grãos, como duplicação de estradas e ampliação de
linhas férreas.
Um novo sistema, que deve
ser implantado a partir de janeiro no Porto de Santos, pretende coordenar
melhor a chegada dos caminhões aos terminais de embarque (são, em média, 12 mil
por dia).
Correio Braziliense, 15 de
dezembro de 2013
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Eco-bullying: Minha causa, minha vida! Crise de fé?
"Religião" sem futuro
A capa da revista semanal canadense Macleans mostra o
ambientalista David Suzuki e a seguinte frase: "O ambientalismo fracassou
- David Suzuki perde a fé na causa de sua vida".
Suzuki não se dá conta de
que é culpado pelo fracasso como expoente do grupo que explora o ambientalismo
e o clima para agenda política.
De início muito ouvido e tendente a acomodar;
mas gradualmente as mentiras, decepções e propagandas ficaram expostas.
A época
do eco-bullying está acabando. Suzuki acusava os outros pelo dano ao ambiente e
ao clima, mas agora os acusa de não ouvir...
Vegetariano ou carnívoro?
Procurador vegano quer afastar funcionários
carnívoros do
Ibama
Durante o Seminário "A energia da Amazonia e o Meio
Ambiente", realizado em São Paulo ontem, dia 9/12, pelo Jornal GGN soube-se de uma exigência insólita de um procurador da República vegano
(filosofia que defende os direitos dos animais).
Na semana passada, ele cobrou
oficialmente da Diretora de Licenciamento Ambiental do IBAMA a informação se era vegetariana ou carnívora.
Caso coma carne de animais, o orocurador pretende que a
servidora se declare impedida de analisar licenças ambientais.
Fora esse episódio insólito, o Ministério Público foi
bastante elogiado como defensor dos direitos dos humanos.
Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/procurador-vegan-quer-afastar-funcionarios-carnivoros-do-ibama
terça-feira, 3 de dezembro de 2013
Aprosoja/MS: "Não podemos aceitar violência das invasões"...
... diz produtor e presidente da Aprosoja
Os conflitos entre índios
e produtores rurais, em Mato Grosso do Sul, têm gerado posições e
reivindicações de ambos os lados. Nesta entrevista, o produtor rural e
presidente da Aprosoja/MS, Almir Dalpasquale traça um panorama – do ponto de
vista de sua classe – sobre a situação. Ele fala sobre a organização dos
produtores em relação às invasões de propriedades rurais, esclarece o assunto
“milícias”, aborda a compra de áreas por parte do governo federal e mostra a
insegurança gerada pela ação dos indígenas.
CORREIO PERGUNTA –
Recentes conflitos, inclusive com uma morte, mostram que a solução do problema
de terras envolvendo indígenas e produtores rurais ainda não é realidade. E que
os produtores querem criar milícias para proteger suas terras, tendo um leilão
marcado para arrecadar fundos para formá-las. Isso significa que se esgotaram
todas as possibilidades de diálogo?
ALMIR DALPASQUALE –
Conceituar a movimentação dos produtores rurais como formação de milícia merece
alguns esclarecimentos. Estamos falando de invasões de propriedades
praticamente em série no nosso Estado. São 80, algumas delas invadidas há mais
de uma década. E falamos também da ameaça de novas invasões. Proteger seu
patrimônio contra esses atos criminosos é um direito legítimo do produtor rural.
A primeira violência é a invasão da propriedade privada. E considerar apenas
uma morte resultante deste conflito reflete uma visão unilateral. Temos três
policiais militares assassinados por indígenas no Estado, e o governador (André
Puccinelli) cobrou do Ministro da Justiça (José Eduardo Cardozo), na semana
passada, em audiência pública no Senado, Justiça para esses homens. E em abril
deste ano um pequeno produtor rural foi torturado e assassinado e as imagens
dessa tortura e do pedido de clemência desse produtor estão na internet, para
quem quiser ver. E há outros aspectos que também não aparecem: vandalismo e
depredação de propriedades privadas com incêndios criminosos, desaparecimento
de animais, roubo de máquinas e implementos, que se tornaram prática
corriqueira no Estado. Diante de um quadro escancarado de violência como esse,
não tem sentido falar de milícias.
Alguns produtores acharam
exagero o termo “milícia privada”, outros, não. O senhor acha que o dinheiro do
leilão marcado para o dia 7 de dezembro tem essa finalidade mesmo, a de
contratar empresa de segurança para proteger as propriedades rurais?
O dinheiro a ser
arrecadado será aplicado em ações na defesa e proteção dos produtores atingidos
por invasões. Se houver necessidade, a contratação de segurança, porque não? Se
você perceber sua casa ameaçada e sabendo que o poder público não vai garantir
sua segurança, não contrataria uma equipe de segurança? Qual o crime em buscar
proteção contra uma ameaça explícita. Como condenar alguém que vai defender seu
patrimônio, sua vida e da sua família de uma ameaça anunciada? Condenável seria
admitir essa sequência de crimes sem se defender.
Pelas contas da Famasul,
hoje pelo menos 80 fazendas estão ocupadas por índios no Estado. Cálculos da
Acrissul indicam que para os fazendeiros deixarem a área seria preciso R$ 560
milhões. O senhor não acha dinheiro demais?
Indenizar as 80
propriedades rurais que permanecem invadidas não soluciona o problema. A
intenção da Funai em transformar em terras indígenas é muito superior às
propriedades que estão invadidas. Só na expansão da terra indígena Porto Lindo,
tratada como Ivikatu, no município de Japorã, são 13 propriedades invadidas,
mas a pretensão da Funai é demarcar atingindo mais de 30 propriedades. Em Iguatemi
temos uma propriedade invadida e também mais de 30 propriedades afetadas pela
declaração da Iguatemi-Peguá I. Se a intenção do governo brasileiro de resolver
os problemas for atender aos caprichos da Funai, faltam bilhões no orçamento
para resolver os litígios de terras. E isso só em Mato Grosso do Sul, não
estamos nem falando dos outros estados.
Índios e produtores rurais
brigam por domínios de terras com maior frequência desde 1990, acha que isso
acaba um dia?
Em 1988, o Brasil possuía
14,3 milhões de hectares demarcados como terras indígenas. Pela Constituição
Federal, caberia à Funai regularizar as áreas ocupadas tradicionalmente por
indígenas. No entanto, o que a Funai fez nas últimas décadas foi criar novas
terras indígenas sem qualquer oposição. Pelo levantamento do IBGE em 2006, ou
seja, 18 anos depois, o Brasil já possuía 125 milhões de hectares demarcados,
quase nove vezes a área demarcada em 1988. E de 2006 para cá, a Funai continua
insaciável nas demarcações. Nós perguntamos: isso vai acabar um dia?
Os produtores sempre
contam com o apoio do governo estadual, da bancada federal, deputados estaduais
e até dos vereadores de Campo Grande. Então, por que as negociações emperram,
acha que está faltando o quê?
Todas as tentativas de
solução esbarram na omissão do governo federal. A origem da insegurança é a
insistência da Funai em tratar a falta de uma política pública social de
atendimento aos povos indígenas como se fosse um problema meramente fundiário.
E com isso, acoberta a responsabilidade do poder público, colocando produtores
rurais ou indígenas um contra o outro, quando na verdade ambos são atingidos
pela falta de atuação do governo federal. O debate não evolui porque o governo
federal não só é o responsável pelo problema como também é o único que pode
resolvê-lo.
Alguns produtores alegam
que o índio não sabe trabalhar a terra e que o Estado perderia economicamente
se as terras fossem tiradas dos produtores. O senhor pensa assim também?
Não estamos nos referindo
apenas a um problema de disputa de terras. A questão indígena é um problema
social, é a falta de políticas públicas específicas, que atendam a necessidade
de autonomia e garantam a dignidade dessas comunidades, preservando suas
tradições. E simplesmente aumentar a área das aldeias não vai resolver o
problema, temos exemplos disso dentro e fora do Estado. A reserva Kadwéu, por
exemplo, tem uma extensão de 373 mil hectares para um grupo de apenas cerca de
dois mil indígenas e eles estão na penúria. Raposa Serra do Sol está lá para
quem quiser ver: a mídia nacional tem retratado, produtores que antes ocupavam
a área e indígenas que agora lá estão vivem na miséria. Resolveu o problema?
Não, e ainda criaram-se outros problemas.
Os produtores contam hoje
com a ajuda de sindicatos rurais, Famasul, políticos, Acrissul e, de outro
lado, o índio tem a Funai para defendê-lo. A Funai é duramente criticada pelos
fazendeiros. Acha que a Funai atrapalha nas negociações?
Essa correlação de forças
distorce a realidade. Se de um lado o produtor tem seus mecanismos de apoio,
fica vulnerável diante das invasões e do vácuo gerado pela falta de atuação dos
poderes constituídos. Essa declarada violência parece ter encontrado aceitação
e não podemos aceitar a violência das invasões. Não há nada que justifique nenhum
tipo de violência. Se de um lado temos indígenas desassistidos, de outro lado
temos o trabalhador rural, que vive do seu suor e trabalho, desrespeitado. Se
for pela linha do politicamente correto, o produtor rural merece o mesmo
tratamento. Não se trata de uma relação de opressor e oprimido. Tanto produtor
quanto indígena são vítimas nessa relação. Se há alguma fatura, ela não pode
ser paga nem pelo produtor rural, nem pelo indígena.
A esfera federal se
manifesta quando os ânimos estão acirrados, mas nada de concreto e conclusivo
aparece para resolver a situação. A que o senhor atribui esta falta de pulso
por parte deles para a solução do problema?
À falta de vontade,
unicamente. Na semana passada tivemos uma audiência pública no Senado Federal
para tratar das questões indígenas no País. Assim como tivemos outras tantas
antes, várias visitas de ministros ao Estado e um sem fim de promessas que já ouvimos.
Hoje temos produtores, parlamentares, governo do estado e lideranças indígenas,
todos se empenhando por uma solução.
Quais são as orientações
que os produtores rurais recebem por parte de associações e federações que os
representam a respeito dos conflitos?
A orientação é que o
produtor rural defenda seus direitos. Até agora, sempre buscamos os caminhos
legais, porque precisamos confiar na Justiça brasileira. A orientação sempre
foi essa e por conta disso foi evitado um conflito maior. No entanto, a permanência
de invasores em mais de 80 propriedades e o descumprimento das reintegrações de
posse tem criado um sentimento de injustiça e impunidade, o que gera
inconformidade por parte dos produtores. E isso fortalece a necessidade de
proteção de seu patrimônio. Que orientação dar para uma pessoa que se sente
violada e ameaçada dentro da sua própria casa? O produtor vive da terra e
ameaçar essa terra também é ameaçar sua vida e integridade.
Qual é o clima no qual
produtores rurais, suas famílias e funcionários vivem no dia a dia na
propriedade rural? Há orientações de defesa e ataque?
Vamos fazer uma
comparação: você está em sua casa ou apartamento, uma propriedade sobre a qual
tem documentação de legalidade inquestionável. De repente, chega uma pessoa e diz
que aquele local pertenceu, num tempo remoto, a alguém da família dela e ordena
que você se retire imediatamente, sem direito a retirar nem sequer seus
pertences. Essa pessoa toma conta da sua casa e você vai ficar na rua. Você
chama a polícia e ela vem pra defender o invasor. Qual é o clima gerado por
essa situação? Essa é a realidade do que acontece e que muitas vezes chega
distorcida para o homem urbano. E qualquer atitude do produtor rural em sua
defesa é retratada como ataque. Uma inversão total, porque qualquer cidadão tem
o direito de se defender.
Fonte: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/nao-podemos-aceitar-violencia-das-invasoes-diz-produtor-e-p_201060/
Brasil tem o menor resultado do PIB entre as maiores economias
perto os passos da Argentina?...
Fonte: OESP
Brasil segue Argentina que segue Venezuela que segue Cuba?
Agronegócio e investimentos despencam e PIB
O PIB do Brasil
encolheu 0,5% no 3º trimestre deste ano ante os três meses imediatamente
anteriores. Pelo lado da oferta, o pior desempenho foi o da agropecuária, que
despencou 3,5% na mesma base de comparação.
Já indústria e serviços ficaram
praticamente estáveis, com leve alta de 0,1%. Já pela ótica da demanda, os
investimentos (denominados formação bruta de capital fixo) tiveram forte queda:
2,2%. Enquanto o consumo das famílias teve alta de 1% e o do governo
cresceu 1,2%.
A queda de 0,5% é o pior resultado, nessa base de comparação, desde o
primeiro trimestre de 2009, auge da crise financeira internacional. Naquela
ocasião, houve recuo de 1,6% no PIB, na margem.
O resultado também representa a primeira retração desde o primeiro
trimestre de 2009, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
A queda no terceiro trimestre ficou no piso das estimativas dos
analistas. Levantamento do serviço AE Projeções, daAgência Estado, com
47 instituições, previa recuo de 0,50% a uma expansão de 0,20% para o PIB
- com mediana de -0,20%.
Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a economia teve
alta de 2,2%, sendo puxada pelo setor de serviços, que também teve
expansão de 2,2%. Já a indústria teve alta de 1,9% e a agropecuária recuou
1%.
Nesta base de comparação, os investimentos tiveram forte alta: 7,3%.
Enquanto os consumos das famílias e do governo cresceram, ambos, 2,3%. Em
valores correntes, o PIB do terceiro trimestre somou R$ 1,213 trilhão.
O resultado do terceiro trimestre já leva em consideração a Pesquisa
Mensal de Serviços (PMS), divulgada pela primeira vez em agosto.
Na visão dos economistas, como a representatividade do setor de serviços
está bem acima de 60% do PIB, a sondagem permite um retrato mais fiel da
economia. A PMS será incorporada ao cálculo do PIB do terceiro trimestre de
2013 em diante, com revisão dos dados desde 2012.
Fonte: Agência Estado e Economia & Negócios
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
O Rei da Soja e a sua história
O Brasil de hoje e de ontem
Como o senhor avalia a atual situação econômica do Brasil?
O momento é preocupante. Quem é consciente está apreensivo com o que está ocorrendo, a exemplo da possibilidade de redução na nota de crédito do país. É tudo um contrassenso; vivemos uma situação de pleno emprego, mas com baixo crescimento. Somos gigantes, mas enfrentamos uma máquina pública paralisante. A burocracia existe para atrapalhar e não para ajudar. Há seis anos, descobri dois minerais de terras raras em Barreiras (BA) e em São Paulo, mas o licenciamento ambiental não sai.
Os ambientalistas e órgãos de controle apontam riscos à biodiversidade. O senhor discorda?
Se a minha mina começasse a ser explorada poderia levar grande progresso para a região. É a mesma dificuldade enfrentada na construção de hidrelétricas na Amazônia.
O senhor começou a se dedicar a agropecuária em Mato Grosso durante o regime militar?
Foi em 1966, nas franjas da Amazônia. Não se produzia nada lá. Era preciso levar os garrotes de caminhão para engordar em São Paulo. Se fossem pelo chão perdiam metade do peso. Quando cheguei à Chapada dos Parecis, nem capim se podia plantar lá. Morreram 2 mil cabeças de gado da fazenda, em razão da acidez e da falta de micronutrientes na terra, hoje uma das melhores do país. Descobri uma jazida de calcário e começamos a usá-lo para corrigir o solo. Quando passei a produzir grãos, o problema era o escoamento da safra, que até hoje representa um custo muito alto.
Por aí que o senhor decidiu construir uma ferrovia?
Quando comecei a fazer a Ferronorte, chamaram-me de louco, que não teria carga. Hoje, a ferrovia está lotada todo o tempo. Meu plano era chegar até Porto Velho (RO), de um lado, e a Santarém (PA), do outro (o trecho mais novo, inaugurado há dois meses, chega a Rondonópolis, a 200km de Cuiabá). Com a ferrovia até Santarém, os grãos embarcariam muito mais perto de mercados consumidores da Europa. O produtor brasileiro ainda paga US$ 100 para chegar ao porto e o dos Estados Unidos, US$ 10.
Por que a ferrovia não deu certo? Acredita que ela será feita?
Claro. Quem vai abastecer de alimentos esse mundo todo senão o Brasil? Assinei um contrato com o governo em 1989 em que ele se comprometia a construir, com recursos da Sudam (Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia), uma ponte sobre o Rio Paraná. Fiz 200km de ferrovia e ainda recuperei o trecho paulista, que não era usado havia 40 anos. O governo levou oito anos para fazer a ponte. A Sudam não liberou um centavo. Preferiu fazer política, pulverizou o dinheiro. O governo me deve pelo menos R$ 1 bilhão. Nem sequer me pagou pela participação na obra da Usina de Xingó (SE).
A fazenda Itamaraty, em Ponta Porã (MS), virou assentamento de trabalhadores sem terra. Por quê?
Era uma fazenda modelo, que foi visitada por três presidentes da República. Vendi ao governo por uns R$ 200 milhões, em conformidade com os valores da época, para fazer reforma agrária. Virou uma favela. Os recursos que obtive, investi em outros projetos.
Qual era o tamanho de seu patrimônio no auge da vida como empresário?
Não era menos do que US$ 1 bilhão. Hoje, sou um homem muito rico, mas sem dinheiro. Tenho jazidas que valem de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões. Mas não consigo autorização para iniciar a produção das minas. O que posso mais querer fazer? Tenho 82 anos. Não quero dizer que todos os problemas que tive como empresário se devem aos contratos não cumpridos pelo governo. Mas uma boa parte tem a ver com isso. Minha diferença em relação aos outros casos difíceis é que tenho ficha limpa, não devo nada a ninguém. Me desfiz de 60 propriedades para acertar tudo.
O regime militar, que trouxe tanto crescimento às suas empresas, foi responsável pela supressão de direitos. Que lembrança o senhor tem do AI-5?
O que lembro é que todo mundo na rua pedia para acabar com o comunismo. Na Argentina, mataram 30 mil pessoas. No Chile, 6 mil. No Brasil, foram 300. Não quero fazer elogios aos militares, porque vão me interpretar mal. É claro que havia bárbaros entre eles, pessoas que torturavam. Jamais deveriam ter feito isso. Mas os militares sabiam que não poderiam perder, senão também morreriam. O Fidel fuzilou todos os opositores e matou em apenas um dia 300 oficiais, o equivalente a todas as vítimas do regime militar brasileiro.
Fonte: Correio Braziliense
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Dirceu e Genoíno: quando a petulância é demais...
...o MST chama
STF de 'serviçal à classe dominante'
O MST saiu em defesa dos
petistas José Dirceu e José Genoino, presos desde semana passada após serem
condenados no processo do mensalão.
Em carta aberta aos réus
divulgada no dia 22/11, a organização acusa o Supremo Tribunal Federal de fazer
um "julgamento de exceção" e chama a Corte de "serviçal à classe
dominante".
A mensagem pede a
libertação dos dois petistas, que não podem mais recorrer das condenações por
corrupção ativa.
"Repudiamos com
veemência a ação do Judiciário brasileiro, em especial o STF, serviçal à classe
dominante no país, que há anos vem atuando contra a classe trabalhadora, os
movimentos sociais e a luta política", afirma o MST.
A carta também acusa os
"meios de comunicação de massa" de fazerem aliança com a "classe
dominante" para montar "shows midiáticos, cerceando o direito à
informação e à crítica".
"Diante disso,
reafirmamos o nosso compromisso em denunciar e combater as práticas promíscuas
de parte do judiciário e da mídia burguesa brasileira", diz a carta dos
sem-terra.
BERNARDO MELLO FRANCO - FSP
Má vontade do governo e ...
... Agropecuária perseguida
Gregorio Vivanco
Lopes
É notória a má vontade do governo petista em
relação à agropecuária brasileira. O produtor rural sofre uma verdadeira
perseguição da parte dos meios oficiais. Tudo se inventa para interferir nas
propriedades privadas agricultáveis.
Descobrem-se novas terras indígenas ou quilombolas,
antes insuspeitadas, que precisam ser transformadas em reservas intocáveis;
exigências legais que não acabam mais; dificuldades insanáveis para escoar a
produção; e tantas outras coisas.
Ademais, qualquer irregularidade trabalhista serve
de pretexto para acusações de patrocinar trabalho escravo. E já se busca
expropriar sem qualquer indenização o agricultor ou pecuarista a quem for
imputado esse epíteto infamante de “escravocrata”.
Enquanto a agropecuária se desenvolve por seu
próprio dinamismo, apesar da insana política governamental, a indústria se
arrasta, recorrendo continuamente ao Estado para tentar resolver seus
problemas.
Não obstante tudo isso, “a agricultura e a pecuária
aumentam sua produção ano a ano, sem ocupar novas áreas, e suas exportações
crescem no mesmo ritmo. Se o resto do País — em especial a indústria — andasse
no mesmo ritmo, o Brasil estaria noutro patamar. Mas os números mostram que a
agricultura está rebocando o restante da economia — que se arrasta como um
carro com o freio de mão puxado. [...]
“No ano passado, o saldo
comercial da agropecuária foi de US$ 79,4 bilhões, e o da economia brasileira
como um todo, de US$ 19,4 bilhões. ‘Se não fosse o agronegócio, o saldo teria
acabado há muitos anos’, estima Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura
entre 2003 e 2006. [...] De 1990 a 2011, a área plantada de
grãos expandiu 40%, enquanto a produção cresceu 220%.” (“O Estado de S. Paulo”, 5-10-13, Caderno
econômico).
Como explicar essa demente política do governo petista, colocando todo
tipo de obstáculos à agropecuária? Por razões ideológicas de esquerda, é claro.
Mas não queremos aqui aprofundar o aspecto socialista do governo, que é
evidente, e sim mostrar como essa política de perseguição à propriedade privada
agrícola é altamente perniciosa à economia do País, economia.
É uma distorção socialista do que deva ser a economia de um país, que
leva a frutos de atraso insuperáveis, e o consequente desperdício de milhões de
reais. Com a agravante de que quem paga é a população, por meio de impostos escorchantes.
Jango e a Reforma Agrária
Favelização do campo
A exumação do corpo do
ex-presidente João Goulart atiça o passado político. Naquela época, quando se
buscava um caminho alternativo para o desenvolvimento, estava na moda xingar o
latifúndio. Sem reforma agrária o Brasil não progrediria. A História, porém,
desmentiu a pregação nacionalista.
Era 13 de março de 1964.
Enorme multidão, estimada em 150 mil pessoas, aglomerou-se na Central do
Brasil, no Rio de Janeiro. Convocado por movimentos populares, sindicais e
estudantis, o grande comício a favor das "reformas de base" prometia
mudar o rumo do País.
Horas antes o presidente havia assinado o Decreto
53.700/63, dando à Superintendência de Política Agrária (Supra) poderes para
iniciar as desapropriações de terras. Com voz entoada, discursou Jango:
"Trabalhadores, acabei de assinar o decreto da Supra com o pensamento
voltado para a tragédia do irmão brasileiro que sofre no interior de nossa
Pátria.
Ainda não é aquela reforma agrária pela qual lutamos. Ainda não é a
reformulação de nosso panorama rural empobrecido. Ainda não é a carta de
alforria do camponês abandonado. Mas é o primeiro passo: uma porta que se abre
à solução definitiva do problema agrário brasileiro".
Sempre prometida, porém
jamais concretizada, começaria finalmente a famigerada reforma agrária. O
arrojo de Jango ultrapassou as expectativas: "Espero que dentro de menos
de 60 dias já comecem a ser divididos os latifúndios das beiras das estradas,
os latifúndios ao lado das ferrovias e dos açudes construídos com o dinheiro do
povo, ao lado das obras de saneamento realizadas com o sacrifício da Nação.
E,
feito isto, os trabalhadores do campo já poderão, então, ver concretizada,
embora em parte, a sua mais sentida e justa reivindicação, aquela que lhe dará
um pedaço de terra para trabalhar, um pedaço de terra para cultivar".
Aplausos fizeram tremer o palanque.
Jango argumentava com
consistência. Ele prometia distribuir as terras valorizadas, economicamente
viáveis, próximas dos centros de consumo, com transporte fácil para o
escoamento da produção.
Citando os casos do Japão de pós-guerra, da Itália, do
México e da Índia, países que promoveram bem-sucedidas reformas fundiárias, o
presidente reforçava sua convicção sobre o sucesso da empreitada.
Buscou, ademais, um
argumento econômico: "Os tecidos e os sapatos sobram nas prateleiras das
lojas e as nossas fábricas estão produzindo muito abaixo de sua capacidade. Ao
mesmo tempo que isso acontece, as nossas populações mais pobres vestem farrapos
e andam descalças, porque não têm dinheiro para comprar.
Assim, a reforma
agrária é indispensável não só para aumentar o nível de vida do homem do campo,
mas também para dar mais trabalho às indústrias e melhor remuneração ao
trabalhador urbano". Uma aliança operário-camponesa.
Nos anos de 1960 a maioria
da população brasileira ainda morava na roça. À cidade, entretanto, também
deveria interessar a redistribuição agrária. Assim estabelecia o receituário do
marxismo tupiniquim: acabar com o latifúndio estimulava, via elevação de renda
das famílias, o mercado interno. Em consequência, a ruptura com a oligarquia
agrária deveria seduzir os empresários nacionais. Fazia sentido.
O comício da Central
repercutiu imensamente. Dois dias depois, Jango encaminhava ao Congresso
Nacional mensagem pleiteando mudanças constitucionais para permitir ao Estado
pagar pelas desapropriações de terras com títulos de longo prazo, e não mais em
dinheiro. A confusão política aumentou.
Uns, da esquerda, enxergavam a aurora
do socialismo. Outros, da direita, conspiravam dentro das Forças Armadas. Em 31
de março, apenas 18 dias após o discurso da reforma agrária na praça, Jango
estava destituído por um golpe militar.
Muitos analistas imputam
ao radical gesto de Jango um fenomenal erro de avaliação política. Ao acirrar a
briga contra os partidos conservadores, que participavam da coalizão
governamental, provocou a ruptura que o derrubaria. Em outras palavras, cutucou
a onça com vara curta. Se tivesse sido mais conciliador, ou preparasse melhor
sua tacada, talvez os fatos se passassem de forma diferente. Vai saber.
Surpreendentemente, uma
das maiores ironias da História estava por vir. Os militares, ao invés de
esquecerem a reforma agrária, logo a impulsionaram. Sob a coordenação do
poderoso Roberto Campos, então ministro do Planejamento, um grupo de trabalho,
recrutado entre os melhores quadros, avançou na formulação da proposta
reformista.
Em 10 de novembro de 1964 a Emenda Constitucional n.º 10 passava a
permitir a desapropriação de terras com pagamento em títulos especiais da
dívida pública. Passados 20 dias, em 30 de novembro, o Congresso aprovava o
Estatuto da Terra, a mais avançada lei agrária do mundo. A esquerda quedou
boquiaberta: os milicos haviam roubado sua maior bandeira.
Não a utilizaram, todavia.
A rápida industrialização e urbanização, abrindo a posterior globalização da
economia, junto com a consequente expansão do capitalismo, desmentiram a tese
agrarista: o Brasil passou por uma incrível modificação produtiva no agro sem
alterar sua concentrada estrutura fundiária.
Mais importante que o tamanho da
fazenda, a tecnologia começou a mandar no campo. A revolução verde elevou a
produtividade rural, abastecendo as cidades.
Amortecida por duas
décadas, a reforma agrária ressurgiu em 1985. Incluída na agenda social da
redemocratização, perdeu sentido econômico.
Comandada pelos invasores de
terras, realizada tardia e açodadamente, os assentamentos revelaram-se um
fracasso produtivo. João Goulart faleceu em 1976. Jamais imaginaria ver a
reforma agrária favelizando o campo.
Fonte: Xico Graziano
Agropecuaristas, cuidado com a Marina!
Marina, uma ecologista radical!
Há alguns dias o jornal
OESP noticiou que Roberto Rodrigues – ex-ministro da Agricultura no governo
Lula – foi chamado pelo governador Eduardo Campos, provável candidato do PSB à
Presidência no ano que vem, para reduzir a resistência do agronegócio ao
embarque de Marina Silva em seu projeto.
Ele conseguiu cumprir a
missão, mas alerta que a ex-ministra do Meio Ambiente precisa
"flexibilizar" seu discurso se quiser o apoio do setor em 2014.
Hoje, Dora Kramer, num
apêndice de sua matéria no mesmo jornal, ressalta que nem bem havia entrado no PSB, Marina
Silva deu um chega para lá em Ronaldo Caiado, que vinha construindo aproximação
forte com Eduardo Campos.
O setor do agronegócio,
até então permeável às investidas do governador de Pernambuco, afastou-se. De
lá para cá Campos vem investindo firme na reconstrução das pontes.
E, note-se, Marina
Silva não deu mais uma palavra ácida sobre o assunto nem nominou esse ou aquele
personagem ligado à área, cujo apoio poderia desagradá-la.
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