segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Agronegócio: 33% do PIB do Paraná


São 350 mil produtores distribuídos em 15 milhões de hectares movimentando a economia estadual




Influente economicamente, produtivo e recordista. Três características que atualmente estão relacionadas diretamente ao produtor rural brasileiro. 

Aquele que coloca a mão na terra, que passa seus dias empenhado em produzir, faz mais do que alimentar milhões de pessoas: o agricultor de 2013 tem peso na economia brasileira. 

Não é exagero. No ano passado, o agronegócio foi decisivo para garantir que o Produto Interno Brasileiro (PIB) ficasse no azul. 

Este ano, enquanto o governo federal tenta desconversar sobre o famigerado "pibinho", o setor já cresceu 3% no primeiro quadrimestre, de acordo com levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). 

A celebração do Dia do Agricultor, que acontece amanhã, não poderia ser mais pertinente. Crescimento que vem aliado a uma expectativa de fechamento de supersafra. 

De acordo com dados da Conab, o País alcançará 180,4 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 8,6% em relação aos 166,2 milhões de toneladas produzidos no ano passado. 

Só no Paraná serão 38 milhões de toneladas – fechando como segundo maior estado produtor - com 22% do volume total brasileiro.

Detalhe: com apenas 2,3% da área do território nacional, ou 15 milhões de hectares com estabelecimentos agrícolas. 

São 350 mil produtores distribuídos em 15 milhões de hectares de estabelecimentos agrícolas movimentando a economia paranaense, o que corresponde a 33% do PIB estadual direta e indiretamente. 

Cerca de 80% dos agricultores são familiares, quase 90% deles com áreas inferiores a 50 hectares

De acordo com o presidente do Instituto Paranaense do Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes, neste momento o produtor paranaense "está recuperando uma parcela expressiva do seu peso econômico, já que a supersafra vem associada aos bons preços das commodities no mercado internacional", boa parte delas 30% a 40% acima do padrão histórico. 

Isso significa renda para o agricultor e dá certo fôlego para ele diminuir seu endividamento, aplicar mais em tecnologia e ampliar sua área plantada.

"Neste aspecto, a agricultura representa um motor para a economia, na medida em que um bom ano repercute diretamente nas atividades dos fornecedores de insumos, máquinas, equipamentos, atividades bancárias e comerciais vinculadas ao setor rural", analisa o presidente do Ipardes. 


Fonte Original: Folha Web
Agrolink,
Segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

CIMI é um braço fascista da Igreja Católica...



... acusa governador de Mato Grosso do Sul


“FUNAI = Funerária Nacional do Índio”, disse Puccinelli

Roldão Arruda


“Cimi é um braço fascista da Igreja Católica”, acusa governador de Mato Grosso do Sul


Na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, a audiência pública realizada no dia 21/11, para discutir a questão da demarcação de terras indígenas, foi marcada por manifestações exaltadas. 

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que, em duas ocasiões anteriores havia recusado convites para comparecer perante a comissão, ouviu reclamações e acusações dos senadores da bancada ruralista. Foi chamado de omisso e irresponsável, entre outras coisas.

Presente à audiência, o governador de Mato Grosso do Sul, o peemedebista André Puccinelli, também pediu a palavra. 

Em sua fala, de aproximadamente quinze minutos, pôs em dúvida a política de concessão de terras para os índios; mencionou a iminência de conflitos armados em seu Estado; e atacou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“Não podemos aceitar ONGs nem Cimi incitando”, disse. “Não ouvi aqui ninguém falar do Cimi. Sou católico. Mas o Cimi é um braço fascista da Igreja Católica, que no meu Estado incita invasões – e já são mais de 80.”
  
Ao falar sobre as demandas indígenas por terras e as ações da Fundação Nacional do Índio (Funai), afirmou: “Querem me dar mais 39 aldeias em 26 municípios. Perguntem aos prefeitos o que vai acontecer: chacina, guerra entre irmãos.”

Em outro momento disse: “Chega de invasão. Vou começar a dar o direito de se defender com armas, como provavelmente os produtores rurais terão na defesa de sua propriedade, como diz a a Constituição.” Para ele, a emergência de conflitos armados é uma possibilidade já conhecida: “Vai acontecer isso, ministros. Eu venho alertando há cinco anos que vai acontecer isso".

Puccinelli pôs em dúvida a eficácia da política de ampliação das reservas indígenas ao lembrar o caso do cadiuéus, grupo indígena que esteve à beira da extinção e hoje habita uma reserva na região próxima à fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai: “Os cadiuéus, em torno de três mil, detêm 378 mil hectares de terra e estão na miséria. Então, não é só terra que resolve os problemas dos índios.”

Voltou ao tema ao falar dos índios guaranis caiuás, que reivindicam a devolução de terras que, no passado, teriam sido tomadas deles pelo governo do Estado e repassadas a produtores rurais: “Querem dar terras. Quem conhece a cultura indígena dos guaranis caiuás sabe que são índios errantes, nômades, que não se fixavam à terra.”

O governador também disse que, se fosse presidente da República, extinguiria a Funai, “pela sua incompetência e improbidade”. Na avaliação dele, o nome da instituição deveria ser Funerária Nacional do Índio.

Ele ainda acusou a instituição de importar índios: “A Funai está reconhecendo índios do Paraguai, que andavam no Chaco, como brasileiros, nas fronteiras do nosso Estado. Mal damos conta de dar arroz e feijão para os nossos brasileiros sul matogrossenses e vamos importar o índio que fala yo soy brasileño.”

Criado em 1972, quando, em plena ditadura militar, surgiam denúncias de genocídio de povos indígenas, o Cimi se tornou um dos mais intransigentes e radicais defensores dos direitos desses grupos. Defende a sua autonomia, dentro da concepção de uma nação pluri-étnica, como explica em seu site na internet.


Acompanhe o blog pelo Twitter – @Roarruda
http://blogs..estadao.com.br/roldao-arruda/o-cimi-e-o-braco-fascista-da-igreja-catolica-diz-governador-de-mato-grosso-do-sul/

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Safra 2013/14



Plantio recorde deve assumir liderança na soja


O Brasil chega ao final do plantio da safra de verão 2013/14 com todas as condições para atingir 125,89 milhões de toneladas de soja e milho, aponta levantamento da Expedição Safra

O incremento deve ser de 9,15 milhões de toneladas na oleaginosa (11,2%, totalizando 91,05 milhões de toneladas), volume bem maior que o do recuo de 1,11 milhão de toneladas no milho (-3,1%, para 34,84 milhões de toneladas), concluíram os técnicos do projeto.

Na reta final da semeadura, houve incremento na área da oleaginosa, que já era recorde e agora soma 29,49 milhões de hectares, com expansão de 7%. O milho, por sua vez, recua 9,5%, para 6,9 milhões de hectares.

O plantio cresceu em todas as regiões do país. Com isso, o Brasil ganha condições de ultrapassar o atual líder mundial na oleaginosa, os Estados Unidos (EUA). 

A vantagem tende a ser de 2 milhões de toneladas na colheita e de mais de 4 milhões de toneladas nas exportação.

O Centro-Oeste foi o grande destaque na ampliação das lavouras de soja no Brasil, com 43% do incremento de 1,9 milhão de hectares. 

Mato Grosso acrescentou 550 mil hectares e os demais estados da região (Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal) outros 274 mil ha. Os 820 mil hectares extras representam expansão de 6,4% na região.

Houve forte avanço também na região que abrange os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia (MaToPiBa), o Centro-Norte.

Mesmo com a seca que atingiu a nova fronteira no ano passado, o setor produtivo manteve seus planos de expansão, com avanço de 8,8%, para 3,13 milhões de hectares.

Dos 91,05 milhões de toneladas de soja a serem colhidos, 26,46 milhões devem sair das lavouras de Mato Grosso, maior produtor nacional. 

Num ano de crescimento em todas as regiões, o estado mantém sua participação de 28,5 % no plantio e de 29% na produção da oleaginosa.

Por outro lado, o milho teve sua área reduzida. Paraná e Goiás puxaram o recuo com a substituição do cereal pela oleaginosa. A diminuição das áreas do milho pelos produtores paranaenses chegou a 19,80%.

Na análise do coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira, os produtores brasileiros vêm acompanhando com atenção os preços no mercado internacional para determinar os rumos da produção nacional. 

“Eles apostaram na expansão da soja influenciados pela demanda global aquecida, mesmo com os norte-americanos retomando a produção”, avalia.



A retomada da produção dos EUA em 2013/14 e o grande volume colhido no inverno no Brasil corroeram as cotações do milho no mercado brasileiro. Em vista disso, se tornou mais interessante para o agricultor brasileiro cultivar soja, que oferece também maior liquidez.

Expedição Safra acompanha as potencialidades do plantio à colheita de grãos desde 2006/07 e nesse período verificou que a produção nacional de grãos cresceu perto de 70 milhões de toneladas, passando de 131,75 milhões de toneladas até atingir potencial para 200 milhões de toneladas para essa safra – um crescimento de mais de 50% nos últimos oito anos.

As equipes da Expedição retomam as atividades de campo na fase da colheita a partir de janeiro, percorrendo 14 estados brasileiros, além de realizar no próximo ano o roteiro extraordinário para a África.

Para mais informações, acesse: www.expedicaosafra.com.br.


FUNAI quer o Brasil para os índios! Quem dará esmolas para eles?


Denúncia: Apesar dos 290 mil hectares demarcados índios vivem de esmola no Maranhão. Funai quer mais 380 mil hectares.



Um leitor do blog Questão Indígena enviou ao site as três fotografias abaixo.

As imagens mostram índios que vivem em um complexo de três terras indígenas já demarcadas pela Funai no interior do Maranhão, TI Porquinhos, TI Bacurizinho e TI Kanela. 

Juntas, as três somam quase 290 mil hectares. Apesar da dimensão do território já demarcado e pacificado, os índios vivem esmolando nas margens das rodovias do estado como mostram as fotos. 

Não satisfeita, a Funai pretende ampliar as três terras indígenas expropriando via processo administrativo de desapropriação mais 380 mil hectares (Veja mapas).


O debate sobre a Questão Indígena no Brasil é cheio de som e fúria, situação na qual ninguém atenta para informações simples e óbvias. 

No Mato Grosso do Sul índios Kadiweus têm mais de 200 mil hectares demarcados e exigem a demarcação de mais 100 mil. 

Bem perto dali, ainda no Mato Grosso do Sul, os Terena acreditam que a ampliação da suas terras de 2 mil para 9 mil hectares os tirará de sua situação de miséria.





Ou seja, os Enawênawê não vivem mais em sua cultura original primitiva. Precisam de remédios da odiosa tecnologia não índia. Para tanto extorquem.


                                     
                                         Áreas demarcadas

Em verdade a Funai e os antropólgos escondem sob o som e a fúria do debate sobre a Questão Indígena sua incapacidade de cuidar dos nossos indígena e de sua cultura. 

Resumir as demandas dos nossos índios à mais terra, usar palavras como "genocídio" e termos como "suicídio coletivo", serve para esconder a total e completa falência da Funai e do modelo de indigenismo construídos pelo paradigma antropológico.



Embora seja necessário reconhecer que, em algumas situações, a exiguidade do espaço em que vivem algumas comunidades indígenas esteja diretamente relacionado com sua situação de miséria, nem de longe isso pode ser tomado como regra. 

A maioria dos nossos índios vive mal não porque lhes falta terra. A maioria dos nossos índios vivem mal porque a política de assistência aos índios dos antropólogos está errada.




Área que a Funai pretende demarcar



segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Acorda governo! Ou...


... a corda produtor rural! 

Expectativa de exportação




A exportação de grãos deve pular de 90 milhões para 105 milhões de toneladas, segundo estimativa do Ministério da Agricultura.

O aumento de 16% intensificará o movimento de cargas em estradas, ferrovias e portos. Ciente da força do agronegócio, o governo federal divulgou uma lista de ações para facilitar o escoamento de grãos, como duplicação de estradas e ampliação de linhas férreas.

Um novo sistema, que deve ser implantado a partir de janeiro no Porto de Santos, pretende coordenar melhor a chegada dos caminhões aos terminais de embarque (são, em média, 12 mil por dia).


Correio Braziliense, 15 de dezembro de 2013

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Eco-bullying: Minha causa, minha vida! Crise de fé?


"Religião" sem futuro

A capa da revista semanal canadense Macleans mostra o ambientalista David Suzuki e a seguinte frase: "O ambientalismo fracassou - David Suzuki perde a fé na causa de sua vida". 

Suzuki não se dá conta de que é culpado pelo fracasso como expoente do grupo que explora o ambientalismo e o clima para agenda política. 

De início muito ouvido e tendente a acomodar; mas gradualmente as mentiras, decepções e propagandas ficaram expostas. 

A época do eco-bullying está acabando. Suzuki acusava os outros pelo dano ao ambiente e ao clima, mas agora os acusa de não ouvir...

Vegetariano ou carnívoro?




Procurador vegano quer afastar funcionários

carnívoros do Ibama



Durante o Seminário "A energia da Amazonia e o Meio Ambiente", realizado em São Paulo ontem, dia 9/12, pelo Jornal GGN soube-se de uma exigência insólita de um procurador da República vegano (filosofia que defende os direitos dos animais). 

Na semana passada, ele cobrou oficialmente da Diretora de Licenciamento Ambiental do IBAMA a informação se era vegetariana ou carnívora.

Caso coma carne de animais, o orocurador pretende que a servidora se declare impedida de analisar licenças ambientais.

Fora esse episódio insólito, o Ministério Público foi bastante elogiado como defensor dos direitos dos humanos.


Fonte: http://jornalggn.com.br/noticia/procurador-vegan-quer-afastar-funcionarios-carnivoros-do-ibama

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Aprosoja/MS: "Não podemos aceitar violência das invasões"...



... diz produtor e presidente da Aprosoja



Os conflitos entre índios e produtores rurais, em Mato Grosso do Sul, têm gerado posições e reivindicações de ambos os lados. Nesta entrevista, o produtor rural e presidente da Aprosoja/MS, Almir Dalpasquale traça um panorama – do ponto de vista de sua classe – sobre a situação. Ele fala sobre a organização dos produtores em relação às invasões de propriedades rurais, esclarece o assunto “milícias”, aborda a compra de áreas por parte do governo federal e mostra a insegurança gerada pela ação dos indígenas.

CORREIO PERGUNTA – Recentes conflitos, inclusive com uma morte, mostram que a solução do problema de terras envolvendo indígenas e produtores rurais ainda não é realidade. E que os produtores querem criar milícias para proteger suas terras, tendo um leilão marcado para arrecadar fundos para formá-las. Isso significa que se esgotaram todas as possibilidades de diálogo?

ALMIR DALPASQUALE – Conceituar a movimentação dos produtores rurais como formação de milícia merece alguns esclarecimentos. Estamos falando de invasões de propriedades praticamente em série no nosso Estado. São 80, algumas delas invadidas há mais de uma década. E falamos também da ameaça de novas invasões. Proteger seu patrimônio contra esses atos criminosos é um direito legítimo do produtor rural. A primeira violência é a invasão da propriedade privada. E considerar apenas uma morte resultante deste conflito reflete uma visão unilateral. Temos três policiais militares assassinados por indígenas no Estado, e o governador (André Puccinelli) cobrou do Ministro da Justiça (José Eduardo Cardozo), na semana passada, em audiência pública no Senado, Justiça para esses homens. E em abril deste ano um pequeno produtor rural foi torturado e assassinado e as imagens dessa tortura e do pedido de clemência desse produtor estão na internet, para quem quiser ver. E há outros aspectos que também não aparecem: vandalismo e depredação de propriedades privadas com incêndios criminosos, desaparecimento de animais, roubo de máquinas e implementos, que se tornaram prática corriqueira no Estado. Diante de um quadro escancarado de violência como esse, não tem sentido falar de milícias.

Alguns produtores acharam exagero o termo “milícia privada”, outros, não. O senhor acha que o dinheiro do leilão marcado para o dia 7 de dezembro tem essa finalidade mesmo, a de contratar empresa de segurança para proteger as propriedades rurais?

O dinheiro a ser arrecadado será aplicado em ações na defesa e proteção dos produtores atingidos por invasões. Se houver necessidade, a contratação de segurança, porque não? Se você perceber sua casa ameaçada e sabendo que o poder público não vai garantir sua segurança, não contrataria uma equipe de segurança? Qual o crime em buscar proteção contra uma ameaça explícita. Como condenar alguém que vai defender seu patrimônio, sua vida e da sua família de uma ameaça anunciada? Condenável seria admitir essa sequência de crimes sem se defender.

Pelas contas da Famasul, hoje pelo menos 80 fazendas estão ocupadas por índios no Estado. Cálculos da Acrissul indicam que para os fazendeiros deixarem a área seria preciso R$ 560 milhões. O senhor não acha dinheiro demais?

Indenizar as 80 propriedades rurais que permanecem invadidas não soluciona o problema. A intenção da Funai em transformar em terras indígenas é muito superior às propriedades que estão invadidas. Só na expansão da terra indígena Porto Lindo, tratada como Ivikatu, no município de Japorã, são 13 propriedades invadidas, mas a pretensão da Funai é demarcar atingindo mais de 30 propriedades. Em Iguatemi temos uma propriedade invadida e também mais de 30 propriedades afetadas pela declaração da Iguatemi-Peguá I. Se a intenção do governo brasileiro de resolver os problemas for atender aos caprichos da Funai, faltam bilhões no orçamento para resolver os litígios de terras. E isso só em Mato Grosso do Sul, não estamos nem falando dos outros estados.

Índios e produtores rurais brigam por domínios de terras com maior frequência desde 1990, acha que isso acaba um dia?

Em 1988, o Brasil possuía 14,3 milhões de hectares demarcados como terras indígenas. Pela Constituição Federal, caberia à Funai regularizar as áreas ocupadas tradicionalmente por indígenas. No entanto, o que a Funai fez nas últimas décadas foi criar novas terras indígenas sem qualquer oposição. Pelo levantamento do IBGE em 2006, ou seja, 18 anos depois, o Brasil já possuía 125 milhões de hectares demarcados, quase nove vezes a área demarcada em 1988. E de 2006 para cá, a Funai continua insaciável nas demarcações. Nós perguntamos: isso vai acabar um dia?

Os produtores sempre contam com o apoio do governo estadual, da bancada federal, deputados estaduais e até dos vereadores de Campo Grande. Então, por que as negociações emperram, acha que está faltando o quê?

Todas as tentativas de solução esbarram na omissão do governo federal. A origem da insegurança é a insistência da Funai em tratar a falta de uma política pública social de atendimento aos povos indígenas como se fosse um problema meramente fundiário. E com isso, acoberta a responsabilidade do poder público, colocando produtores rurais ou indígenas um contra o outro, quando na verdade ambos são atingidos pela falta de atuação do governo federal. O debate não evolui porque o governo federal não só é o responsável pelo problema como também é o único que pode resolvê-lo.

Alguns produtores alegam que o índio não sabe trabalhar a terra e que o Estado perderia economicamente se as terras fossem tiradas dos produtores. O senhor pensa assim também?

Não estamos nos referindo apenas a um problema de disputa de terras. A questão indígena é um problema social, é a falta de políticas públicas específicas, que atendam a necessidade de autonomia e garantam a dignidade dessas comunidades, preservando suas tradições. E simplesmente aumentar a área das aldeias não vai resolver o problema, temos exemplos disso dentro e fora do Estado. A reserva Kadwéu, por exemplo, tem uma extensão de 373 mil hectares para um grupo de apenas cerca de dois mil indígenas e eles estão na penúria. Raposa Serra do Sol está lá para quem quiser ver: a mídia nacional tem retratado, produtores que antes ocupavam a área e indígenas que agora lá estão vivem na miséria. Resolveu o problema? Não, e ainda criaram-se outros problemas.

Os produtores contam hoje com a ajuda de sindicatos rurais, Famasul, políticos, Acrissul e, de outro lado, o índio tem a Funai para defendê-lo. A Funai é duramente criticada pelos fazendeiros. Acha que a Funai atrapalha nas negociações?

Essa correlação de forças distorce a realidade. Se de um lado o produtor tem seus mecanismos de apoio, fica vulnerável diante das invasões e do vácuo gerado pela falta de atuação dos poderes constituídos. Essa declarada violência parece ter encontrado aceitação e não podemos aceitar a violência das invasões. Não há nada que justifique nenhum tipo de violência. Se de um lado temos indígenas desassistidos, de outro lado temos o trabalhador rural, que vive do seu suor e trabalho, desrespeitado. Se for pela linha do politicamente correto, o produtor rural merece o mesmo tratamento. Não se trata de uma relação de opressor e oprimido. Tanto produtor quanto indígena são vítimas nessa relação. Se há alguma fatura, ela não pode ser paga nem pelo produtor rural, nem pelo indígena.

A esfera federal se manifesta quando os ânimos estão acirrados, mas nada de concreto e conclusivo aparece para resolver a situação. A que o senhor atribui esta falta de pulso por parte deles para a solução do problema?

À falta de vontade, unicamente. Na semana passada tivemos uma audiência pública no Senado Federal para tratar das questões indígenas no País. Assim como tivemos outras tantas antes, várias visitas de ministros ao Estado e um sem fim de promessas que já ouvimos. Hoje temos produtores, parlamentares, governo do estado e lideranças indígenas, todos se empenhando por uma solução.

Quais são as orientações que os produtores rurais recebem por parte de associações e federações que os representam a respeito dos conflitos?

A orientação é que o produtor rural defenda seus direitos. Até agora, sempre buscamos os caminhos legais, porque precisamos confiar na Justiça brasileira. A orientação sempre foi essa e por conta disso foi evitado um conflito maior. No entanto, a permanência de invasores em mais de 80 propriedades e o descumprimento das reintegrações de posse tem criado um sentimento de injustiça e impunidade, o que gera inconformidade por parte dos produtores. E isso fortalece a necessidade de proteção de seu patrimônio. Que orientação dar para uma pessoa que se sente violada e ameaçada dentro da sua própria casa? O produtor vive da terra e ameaçar essa terra também é ameaçar sua vida e integridade.

Qual é o clima no qual produtores rurais, suas famílias e funcionários vivem no dia a dia na propriedade rural? Há orientações de defesa e ataque?

Vamos fazer uma comparação: você está em sua casa ou apartamento, uma propriedade sobre a qual tem documentação de legalidade inquestionável. De repente, chega uma pessoa e diz que aquele local pertenceu, num tempo remoto, a alguém da família dela e ordena que você se retire imediatamente, sem direito a retirar nem sequer seus pertences. Essa pessoa toma conta da sua casa e você vai ficar na rua. Você chama a polícia e ela vem pra defender o invasor. Qual é o clima gerado por essa situação? Essa é a realidade do que acontece e que muitas vezes chega distorcida para o homem urbano. E qualquer atitude do produtor rural em sua defesa é retratada como ataque. Uma inversão total, porque qualquer cidadão tem o direito de se defender.  


 Fonte: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/nao-podemos-aceitar-violencia-das-invasoes-diz-produtor-e-p_201060/

Brasil tem o menor resultado do PIB entre as maiores economias




Será que o governo resolveu matar a galinha dos ovos de ouro para seguir de 
perto os passos da Argentina?...

  


Fonte: OESP


Brasil segue Argentina que segue Venezuela que segue Cuba?


Agronegócio e investimentos despencam e PIB 


PIB do Brasil encolheu 0,5% no 3º trimestre deste ano ante os três meses imediatamente anteriores. Pelo lado da oferta, o pior desempenho foi o da agropecuária, que despencou 3,5% na mesma base de comparação.

Já indústria e serviços ficaram praticamente estáveis, com leve alta de 0,1%. Já pela ótica da demanda, os investimentos (denominados formação bruta de capital fixo) tiveram forte queda: 2,2%. Enquanto o consumo das famílias teve alta de 1% e o do governo cresceu 1,2%.

A queda de 0,5% é o pior resultado, nessa base de comparação, desde o primeiro trimestre de 2009, auge da crise financeira internacional. Naquela ocasião, houve recuo de 1,6% no PIB, na margem.
O resultado também representa a primeira retração desde o primeiro trimestre de 2009, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A queda no terceiro trimestre ficou no piso das estimativas dos analistas. Levantamento do serviço AE Projeções, daAgência Estado, com 47 instituições, previa recuo de 0,50% a uma expansão de 0,20% para o PIB - com mediana de -0,20%.
Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a economia teve alta de 2,2%, sendo puxada pelo setor de serviços, que também teve expansão de 2,2%. Já a indústria teve alta de 1,9% e a agropecuária recuou 1%.
Nesta base de comparação, os investimentos tiveram forte alta: 7,3%. Enquanto os consumos das famílias e do governo cresceram, ambos, 2,3%. Em valores correntes, o PIB do terceiro trimestre somou R$ 1,213 trilhão.
O resultado do terceiro trimestre já leva em consideração a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada pela primeira vez em agosto.
Na visão dos economistas, como a representatividade do setor de serviços está bem acima de 60% do PIB, a sondagem permite um retrato mais fiel da economia. A PMS será incorporada ao cálculo do PIB do terceiro trimestre de 2013 em diante, com revisão dos dados desde 2012.

Fonte: Agência Estado e Economia & Negócios

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

O Rei da Soja e a sua história



O Brasil de hoje e de ontem

Como o senhor avalia a atual situação econômica do Brasil?

O momento é preocupante. Quem é consciente está apreensivo com o que está ocorrendo, a exemplo da possibilidade de redução na nota de crédito do país. É tudo um contrassenso; vivemos uma situação de pleno emprego, mas com baixo crescimento. Somos gigantes, mas enfrentamos uma máquina pública paralisante. A burocracia existe para atrapalhar e não para ajudar. Há seis anos, descobri dois minerais de terras raras em Barreiras (BA) e em São Paulo, mas o licenciamento ambiental não sai. 

Os ambientalistas e órgãos de controle apontam riscos à biodiversidade. O senhor discorda?
Se a minha mina começasse a ser explorada poderia levar grande progresso para a região. É a mesma dificuldade enfrentada na construção de hidrelétricas na Amazônia.

O senhor começou a se dedicar a agropecuária em Mato Grosso durante o regime militar?

Foi em 1966, nas franjas da Amazônia. Não se produzia nada lá. Era preciso levar os garrotes de caminhão para engordar em São Paulo. Se fossem pelo chão perdiam metade do peso. Quando cheguei à Chapada dos Parecis, nem capim se podia plantar lá. Morreram 2 mil cabeças de gado da fazenda, em razão da acidez e da falta de micronutrientes na terra, hoje uma das melhores do país. Descobri uma jazida de calcário e começamos a usá-lo para corrigir o solo. Quando passei a produzir grãos, o problema era o escoamento da safra, que até hoje representa um custo muito alto.

Por aí que o senhor decidiu construir uma ferrovia?

Quando comecei a fazer a Ferronorte, chamaram-me de louco, que não teria carga. Hoje, a ferrovia está lotada todo o tempo. Meu plano era chegar até Porto Velho (RO), de um lado, e a Santarém (PA), do outro (o trecho mais novo, inaugurado há dois meses, chega a Rondonópolis, a 200km de Cuiabá). Com a ferrovia até Santarém, os grãos embarcariam muito mais perto de mercados consumidores da Europa. O produtor brasileiro ainda paga US$ 100 para chegar ao porto e o dos Estados Unidos, US$ 10. 

Por que a ferrovia não deu certo? Acredita que ela será feita?

Claro. Quem vai abastecer de alimentos esse mundo todo senão o Brasil? Assinei um contrato com o governo em 1989 em que ele se comprometia a construir, com recursos da Sudam (Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia), uma ponte sobre o Rio Paraná. Fiz 200km de ferrovia e ainda recuperei o trecho paulista, que não era usado havia 40 anos. O governo levou oito anos para fazer a ponte. A Sudam não liberou um centavo. Preferiu fazer política, pulverizou o dinheiro. O governo me deve pelo menos R$ 1 bilhão. Nem sequer me pagou pela participação na obra da Usina de Xingó (SE).

A fazenda Itamaraty, em Ponta Porã (MS), virou assentamento de trabalhadores sem terra. Por quê?

Era uma fazenda modelo, que foi visitada por três presidentes da República. Vendi ao governo por uns R$ 200 milhões, em conformidade com os valores da época, para fazer reforma agrária. Virou uma favela. Os recursos que obtive, investi em outros projetos.

Qual era o tamanho de seu patrimônio no auge da vidcomo empresário?

Não era menos do que US$ 1 bilhão. Hoje, sou um homem muito rico, mas sem dinheiro. Tenho jazidas que valem de US$ 20 bilhões a US$ 30 bilhões. Mas não consigo autorização para iniciar a produção das minas. O que posso mais querer fazer? Tenho 82 anos. Não quero dizer que todos os problemas que tive como empresário se devem aos contratos não cumpridos pelo governo. Mas uma boa parte tem a ver com isso. Minha diferença em relação aos outros casos difíceis é que tenho ficha limpa, não devo nada a ninguém. Me desfiz de 60 propriedades para acertar tudo. 

O regime militar, que trouxe tanto crescimento às suas empresas, foi responsável pela supressão ddireitos. Que lembrança o senhor tem do AI-5?

O que lembro é que todo mundo na rua pedia para acabar com o comunismo. Na Argentina, mataram 30 mil pessoas. No Chile, 6 mil. No Brasil, foram 300. Não quero fazer elogios aos militares, porque vão me interpretar mal. É claro que havia bárbaros entre eles, pessoas que torturavam. Jamais deveriam ter feito isso. Mas os militares sabiam que não poderiam perder, senão também morreriam. O Fidel fuzilou todos os opositores e matou em apenas um dia 300 oficiais, o equivalente a todas as vítimas do regime militar brasileiro.

Fonte: Correio Braziliense

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Dirceu e Genoíno: quando a petulância é demais...


...o MST chama STF de 'serviçal à classe dominante'



O MST saiu em defesa dos petistas José Dirceu e José Genoino, presos desde semana passada após serem condenados no processo do mensalão.

Em carta aberta aos réus divulgada no dia 22/11, a organização acusa o Supremo Tribunal Federal de fazer um "julgamento de exceção" e chama a Corte de "serviçal à classe dominante".

A mensagem pede a libertação dos dois petistas, que não podem mais recorrer das condenações por corrupção ativa.

"Repudiamos com veemência a ação do Judiciário brasileiro, em especial o STF, serviçal à classe dominante no país, que há anos vem atuando contra a classe trabalhadora, os movimentos sociais e a luta política", afirma o MST.

A carta também acusa os "meios de comunicação de massa" de fazerem aliança com a "classe dominante" para montar "shows midiáticos, cerceando o direito à informação e à crítica".

"Diante disso, reafirmamos o nosso compromisso em denunciar e combater as práticas promíscuas de parte do judiciário e da mídia burguesa brasileira", diz a carta dos sem-terra.


BERNARDO MELLO FRANCO - FSP

Má vontade do governo e ...



... Agropecuária perseguida
Gregorio Vivanco Lopes

É notória a má vontade do governo petista em relação à agropecuária brasileira. O produtor rural sofre uma verdadeira perseguição da parte dos meios oficiais. Tudo se inventa para interferir nas propriedades privadas agricultáveis.
Descobrem-se novas terras indígenas ou quilombolas, antes insuspeitadas, que precisam ser transformadas em reservas intocáveis; exigências legais que não acabam mais; dificuldades insanáveis para escoar a produção; e tantas outras coisas.
Ademais, qualquer irregularidade trabalhista serve de pretexto para acusações de patrocinar trabalho escravo. E já se busca expropriar sem qualquer indenização o agricultor ou pecuarista a quem for imputado esse epíteto infamante de “escravocrata”.
Enquanto a agropecuária se desenvolve por seu próprio dinamismo, apesar da insana política governamental, a indústria se arrasta, recorrendo continuamente ao Estado para tentar resolver seus problemas.
Não obstante tudo isso, “a agricultura e a pecuária aumentam sua produção ano a ano, sem ocupar novas áreas, e suas exportações crescem no mesmo ritmo. Se o resto do País — em especial a indústria — andasse no mesmo ritmo, o Brasil estaria noutro patamar. Mas os números mostram que a agricultura está rebocando o restante da economia — que se arrasta como um carro com o freio de mão puxado. [...]
“No ano passado, o saldo comercial da agropecuária foi de US$ 79,4 bilhões, e o da economia brasileira como um todo, de US$ 19,4 bilhões. ‘Se não fosse o agronegócio, o saldo teria acabado há muitos anos’, estima Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura entre 2003 e 2006. [...] De 1990 a 2011, a área plantada de grãos expandiu 40%, enquanto a produção cresceu 220%.” (“O Estado de S. Paulo”, 5-10-13, Caderno econômico).
Como explicar essa demente política do governo petista, colocando todo tipo de obstáculos à agropecuária? Por razões ideológicas de esquerda, é claro. Mas não queremos aqui aprofundar o aspecto socialista do governo, que é evidente, e sim mostrar como essa política de perseguição à propriedade privada agrícola é altamente perniciosa à economia do País, economia.

É uma distorção socialista do que deva ser a economia de um país, que leva a frutos de atraso insuperáveis, e o consequente desperdício de milhões de reais. Com a agravante de que quem paga é a população, por meio de impostos escorchantes.

Jango e a Reforma Agrária


Favelização do campo

A exumação do corpo do ex-presidente João Goulart atiça o passado político. Naquela época, quando se buscava um caminho alternativo para o desenvolvimento, estava na moda xingar o latifúndio. Sem reforma agrária o Brasil não progrediria. A História, porém, desmentiu a pregação nacionalista.

Era 13 de março de 1964. Enorme multidão, estimada em 150 mil pessoas, aglomerou-se na Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Convocado por movimentos populares, sindicais e estudantis, o grande comício a favor das "reformas de base" prometia mudar o rumo do País. 

Horas antes o presidente havia assinado o Decreto 53.700/63, dando à Superintendência de Política Agrária (Supra) poderes para iniciar as desapropriações de terras. Com voz entoada, discursou Jango: "Trabalhadores, acabei de assinar o decreto da Supra com o pensamento voltado para a tragédia do irmão brasileiro que sofre no interior de nossa Pátria. 

Ainda não é aquela reforma agrária pela qual lutamos. Ainda não é a reformulação de nosso panorama rural empobrecido. Ainda não é a carta de alforria do camponês abandonado. Mas é o primeiro passo: uma porta que se abre à solução definitiva do problema agrário brasileiro".

Sempre prometida, porém jamais concretizada, começaria finalmente a famigerada reforma agrária. O arrojo de Jango ultrapassou as expectativas: "Espero que dentro de menos de 60 dias já comecem a ser divididos os latifúndios das beiras das estradas, os latifúndios ao lado das ferrovias e dos açudes construídos com o dinheiro do povo, ao lado das obras de saneamento realizadas com o sacrifício da Nação. 

E, feito isto, os trabalhadores do campo já poderão, então, ver concretizada, embora em parte, a sua mais sentida e justa reivindicação, aquela que lhe dará um pedaço de terra para trabalhar, um pedaço de terra para cultivar". Aplausos fizeram tremer o palanque.

Jango argumentava com consistência. Ele prometia distribuir as terras valorizadas, economicamente viáveis, próximas dos centros de consumo, com transporte fácil para o escoamento da produção. 

Citando os casos do Japão de pós-guerra, da Itália, do México e da Índia, países que promoveram bem-sucedidas reformas fundiárias, o presidente reforçava sua convicção sobre o sucesso da empreitada.

Buscou, ademais, um argumento econômico: "Os tecidos e os sapatos sobram nas prateleiras das lojas e as nossas fábricas estão produzindo muito abaixo de sua capacidade. Ao mesmo tempo que isso acontece, as nossas populações mais pobres vestem farrapos e andam descalças, porque não têm dinheiro para comprar. 

Assim, a reforma agrária é indispensável não só para aumentar o nível de vida do homem do campo, mas também para dar mais trabalho às indústrias e melhor remuneração ao trabalhador urbano". Uma aliança operário-camponesa.

Nos anos de 1960 a maioria da população brasileira ainda morava na roça. À cidade, entretanto, também deveria interessar a redistribuição agrária. Assim estabelecia o receituário do marxismo tupiniquim: acabar com o latifúndio estimulava, via elevação de renda das famílias, o mercado interno. Em consequência, a ruptura com a oligarquia agrária deveria seduzir os empresários nacionais. Fazia sentido.

O comício da Central repercutiu imensamente. Dois dias depois, Jango encaminhava ao Congresso Nacional mensagem pleiteando mudanças constitucionais para permitir ao Estado pagar pelas desapropriações de terras com títulos de longo prazo, e não mais em dinheiro. A confusão política aumentou. 

Uns, da esquerda, enxergavam a aurora do socialismo. Outros, da direita, conspiravam dentro das Forças Armadas. Em 31 de março, apenas 18 dias após o discurso da reforma agrária na praça, Jango estava destituído por um golpe militar.

Muitos analistas imputam ao radical gesto de Jango um fenomenal erro de avaliação política. Ao acirrar a briga contra os partidos conservadores, que participavam da coalizão governamental, provocou a ruptura que o derrubaria. Em outras palavras, cutucou a onça com vara curta. Se tivesse sido mais conciliador, ou preparasse melhor sua tacada, talvez os fatos se passassem de forma diferente. Vai saber.

Surpreendentemente, uma das maiores ironias da História estava por vir. Os militares, ao invés de esquecerem a reforma agrária, logo a impulsionaram. Sob a coordenação do poderoso Roberto Campos, então ministro do Planejamento, um grupo de trabalho, recrutado entre os melhores quadros, avançou na formulação da proposta reformista. 

Em 10 de novembro de 1964 a Emenda Constitucional n.º 10 passava a permitir a desapropriação de terras com pagamento em títulos especiais da dívida pública. Passados 20 dias, em 30 de novembro, o Congresso aprovava o Estatuto da Terra, a mais avançada lei agrária do mundo. A esquerda quedou boquiaberta: os milicos haviam roubado sua maior bandeira.

Não a utilizaram, todavia. A rápida industrialização e urbanização, abrindo a posterior globalização da economia, junto com a consequente expansão do capitalismo, desmentiram a tese agrarista: o Brasil passou por uma incrível modificação produtiva no agro sem alterar sua concentrada estrutura fundiária. 

Mais importante que o tamanho da fazenda, a tecnologia começou a mandar no campo. A revolução verde elevou a produtividade rural, abastecendo as cidades.

Amortecida por duas décadas, a reforma agrária ressurgiu em 1985. Incluída na agenda social da redemocratização, perdeu sentido econômico. 

Comandada pelos invasores de terras, realizada tardia e açodadamente, os assentamentos revelaram-se um fracasso produtivo. João Goulart faleceu em 1976. Jamais imaginaria ver a reforma agrária favelizando o campo.


Fonte: Xico Graziano

Agropecuaristas, cuidado com a Marina!


Marina, uma ecologista radical!


Há alguns dias o jornal OESP noticiou que Roberto Rodrigues – ex-ministro da Agricultura no governo Lula – foi chamado pelo governador Eduardo Campos, provável candidato do PSB à Presidência no ano que vem, para reduzir a resistência do agronegócio ao embarque de Marina Silva em seu projeto.

Ele conseguiu cumprir a missão, mas alerta que a ex-ministra do Meio Ambiente precisa "flexibilizar" seu discurso se quiser o apoio do setor em 2014.

Hoje, Dora Kramer, num apêndice de sua matéria no mesmo jornal, ressalta que nem bem havia entrado no PSB, Marina Silva deu um chega para lá em Ronaldo Caiado, que vinha construindo aproximação forte com Eduardo Campos.

O setor do agronegócio, até então permeável às investidas do governador de Pernambuco, afastou-se. De lá para cá Campos vem investindo firme na reconstrução das pontes.


E, note-se, Marina Silva não deu mais uma palavra ácida sobre o assunto nem nominou esse ou aquele personagem ligado à área, cujo apoio poderia desagradá-la.