sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Arde barba de vizinho "muy amigo"...


Maduro é criticado por racionar alimentos
GUILHERME RUSSO, ENVIADO ESPECIAL / CARACAS - 

O ESTADO DE S.PAULO
22 Agosto 2014 | 02h 02



Nicolás Maduro, foi criticado ontem por entidades de comerciantes e consumidores após afirmar, no dia anterior, que pretende registrar e limitar, usando dados biométricos, a venda de alimentos nos mercados privados e estatais. 

Em entrevista ao Estado, o diretor executivo da Câmara de Comércio de Caracas, Víctor Maldonado, comparou a medida à caderneta de racionamento de Cuba.

"Essa medida nega o direito à propriedade e ao livre-comércio. É o reconhecimento de que a escassez tem de ser administrada, contornada por uma caderneta eletrônica. O governo pretende coordenar a fila, não eliminá-la. Reconhece o desabastecimento e faz dele um modo de vida. O contrabando é apenas a face de uma propaganda", disse Maldonado.

De acordo com ele, para a economia venezuelana melhorar é preciso "eliminar todos os controles espúrios" no setor, como a Lei de Custos de Preços Justos, que, desde o fim de janeiro, limita a 30% o lucro máximo das atividades econômicas no país.

A comerciante María Rojas, de 47 anos, gerente de uma loja de artigos femininos no centro comercial El Tolón, no bairro caraquenho de Las Mercedes, concorda com a comparação de Maldonado sobre o futuro controle biométrico no comércio de alimentos na Venezuela. "É como o livreto cubano, mas com mais sofisticação."

Na opinião de Roberto León Parilli, presidente da Aliança Nacional de Usuários e Consumidores (Anauco), instalar máquinas de captura de impressões digitais nos mercados não deve diminuir a escassez na Venezuela. "Não creio que seja a fórmula mais adequada. O que temos aqui é um problema de abastecimento intermitente", disse ele à Radio Unión. 

A mesma rádio relatou uma briga por azeite de cozinha em um supermercado do bairro de La Yaguara, em Caracas. A disputa começou na fila e, segundo a Unión, parte dos compradores gritava: "Assim como o colocamos, podemos tirá-lo (em referência a Maduro)". A Guarda Nacional Bolivariana apartou a briga.

Em rede nacional de rádio e televisão, o presidente venezuelano afirmou, na noite da quarta-feira, que "já está dada a ordem para que, por meio do ministro da Economia e da Superintendência de Preços, se proceda a adoção do sistema biométrico em todos os estabelecimentos e redes das cadeias distribuidoras e comerciais da república".

"Em todos (os locais)", ressaltou Maduro. "Isso será como os captadores de impressões digitais no sistema eleitoral: uma bênção antifraude. Será um sistema perfeito. A lei de preços justos e a lei contra o contrabando devem ser aplicadas de maneira implacável."


O novo sistema deverá ser adotado até o fim do ano. A Venezuela tem fechado, durante a noite, sua fronteira com a Colômbia desde o dia 11, para evitar o contrabando de produtos, principalmente de alimentos e de gasolina, cujos preços no território colombiano são muito mais elevados.


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