terça-feira, 16 de junho de 2009

PIO SILVA: O peão que se tornou patrão



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Símbolo da resistência

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O peão que se tornou patrão. Esse poderia ser o título da biografia de Pio Silva. Mas são tantas outras bravuras que talvez a frase fosse muito curta.
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Pecuarista do Sul de Mato Grosso do Sul, Pio vem mudando o foco de sua história, fazendo com que seja considerado hoje um símbolo da resistência dos produtores rurais.
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Suas terras foram invadidas em dezembro de 1998, sob o patrocínio de entidades ligadas a movimentos indígenas que, orientados por ONGs reivindicam posse de áreas baseados em laudos antropológicos, normalmente preparados pela FUNAI.
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A trajetória de Pio conta com um enredo que une obstinação e competência. No ano de 1950, Pio Silva foi seduzido pela "marcha para o oeste".
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O peão que havia trabalhado por 22 anos para um mesmo patrão na cidade de Barretos, decidiu que era hora de realizar o sonho como o de muitos brasileiros que trabalham no campo: tornar-se dono de suas próprias terras.
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Sem medo de arriscar, o peão resolveu ir para uma região longínqua, quase fronteira com o Paraguai, onde seria possível comprar uma propriedade rural de aproximadamente 300 hectares.
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Uma área que ele pudesse plantar milho, arroz e também dar inicio a uma criação de porcos. E foi em Antonio Joao, que fica a 50 Km de Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul que Pio fez nascer a Fazenda Fronteira.
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Naquele ano, deu entrada com o processo junto ao estado requerendo uma área e este processo administrativo que obedeceu todos os tramites legais, deu origem ao primeiro título.
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Por ter investido todas as economias na formação da fazenda, Pio teve que se valer de financiamentos do Banco do Brasil para dar inicio à produção.
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Ele costuma dizer que o Banco do Brasil era o seu novo patrão, que lhe proporcionava dinheiro, desde que desse a propriedade como garantia.
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Já estabelecido na Fazenda Fronteira, Pio Silva e sua esposa Maria Aparecida, formaram seus filhos, consolidaram a propriedade e contribuíram muito no desenvolvimento da região.
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Em 1998, Pio Silva já tinha uma propriedade de aproximadamente 4.500 hectares com 5000 cabeças de gado. Uma empresa rural referência na criação de gado nelore. Foi nessa época que o pecuarista viu sua propriedade ser invadida.
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A luta da família e o espírito de união, fez com que fundassem a ONG Recovê, que na língua dos índios Tupi Guaranis significa “todos juntos”.
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Hoje a organização é um símbolo da defesa dos proprietários de terras. No Estado, são 11 fazendas no cone sul invadidas por índios caiovás-guarani, que exigem a demarcação de suas supostas reservas.
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No Mato Grosso do Sul, acredita-se que entidades como o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) é que estariam por traz destas ocupações. Conforme documentos que o Recovê apresentou para autoridades ligadas aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário grande parte dos invasores das suas terras não são sempre os indígenas.
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“Muitas pessoas são trazidas do Paraguai e nunca tiveram antepassados habitando a região”, afirma Roseli Silva; advogada, antropóloga e nora de Pio.
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“Para atingir seus objetivos estas pessoas não tem limites para as suas ações. Eu já fui seqüestrado, os membros de nossa família recebem ameaça, somos alvo de acusações injustas como de degradação da natureza e de não sermos produtivos", afirma Pio Queiroz Filho, filho de Pio Silva e presidente da ONG.
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O que mais aflige a família é o não cumpri­mento dos sucessivos mandados de re-integração de posse.
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Até 2004, Pio Silva continuou acompanhando de perto o trabalho no campo. Ele só deixou a fazenda porque se aproximando dos 90 anos de idade, a família considerou a sua permanência muito arriscada na área que é alvo de constantes conflitos.
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O peão com o sonho de ter sua própria terra, comprada com o próprio esforço, agora vive o sonho de ver a justiça feita e o seu legitimo direito de proprietário reconhecido pela Justiça.
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E quem sabe, voltar para as terras, outrora tranqüilas, de Antonio João.
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Fonte: Revista Bureau/ Por Laureano Secundo e Ilmara de Paula Vieira
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