Caso deseje assistir ao documentário, basta abrir o link no título abaixo:
Augusto
Nunes, Veja
Se falta terra, sobra dinheiro à organização paramilitar que, embora não
exista oficialmente, é contemplada com verbas do governo federal,
financiamentos do BNDES e gordos adjutórios do Clube dos Comparsas
Bolivarianos.
Livre de aflições financeiras, o MST mantém aquartelados nas barracas de
lona promovidas a quartéis os combatentes do que Lula batizou de “exército do
Stédile”. A fartura é tanta que a sigla agora produz documentários concebidos
para canonizar liberticidas e estimular conspirações contra o estado
democrático de direito.
A obra mais recente circula na internet desde quarta-feira, 4 de março.
“Chávez vive no coração do Brasil”, derrapa na pieguice barata o título da
fraude que se estende por 16min36.
“Hugo Chávez alimentou de novo, em nossos corações, o sentimento de
união dos povos do nosso continente. Nossa pátria grande”, festeja no primeiro
minuto a voz da narradora. Com uma discurseira em espanhol degenerado, capaz de
induzir o argentino Francisco a esquecer que é Papa e partir para a ignorância,
João Pedro Stédile abre o desfile das estrelas que se alternam na tela do
início ao fim da vigarice audiovisual.
Ressuscitado por vídeos que o mostram tapeando plateias de comício ou
convivas de quermesse, o bolívar-de-hospício contracena com os parceiros
de embuste. Na aparição inaugural, Lula parece pouco imaginoso: “O companheiro
Chávez, na nossa América Latina, é de uma importância histórica
extraordinária”, recita. Aos 5min48, os espectadores são reapresentados ao
numerito que fez bastante sucesso no Fórum Social Mundial de 2009,
realizado em Porto Alegre.
Em conjunto, o inventor de um país sem papel higiênico, o reprodutor de
batina Fernando Lugo, cuja única façanha foi aumentar o rebanho católico do
Paraguai, e Rafael Corrêa, o maior canastrão mexicano do Equador, trucidam a
letra e a música de “Comandante Che Guevara”.
Segue-se um voo de volta ao século 19 tripulado por Paola Estrada,
porta-voz da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba). A oradora capricha no
falatório sem pé nem cabeça: “Nessa articulação de construir a articulação dos
movimentos sociais da Alba”, derrapa já na decolagem.
O pouso é ainda mais perturbador: “E tentar impulsionar a partir desse
processo pra além de ações do que a gente está acostumado de ter ações de
solidariedade com este ou aquele país, mas de tentar construir processos de
luta continentais contra o inimigo comum. Enfrentar o imperialismo”. Entra
em cena o teólogo Marcelo Barros, um poço de certezas atormentado por uma
dúvida só: em qual idioma deve manifestar-se? A pergunta continua à espera de
resposta.
“Outra ação muito importante do presidente é esse apelo a uma
radicalização da democracia, del democrácia”, vacila Barros. “Una democrácia
que pela constituição bolivariana é parlamentar, mas é também participativa”,
continua a promiscuidade linguística. “E outra é a esperança del socialismo. El
hecho nu aún construído, nu aún realizado totalmente, pero en caminho. Que el
socialismo és le hecho mais humano, mais espiritual do que o capitalismo”.
Lula de novo: “A Venezuela é um país muito parecido com o Brasil, tem um
povo muito parecido com o Brasil e a Venezuela tem uma fronteira muito grande
com o Brasil e, portanto, o Brasil teria que ter na Venezuela uma parceria
estratégica grande. E muitas vezes a direita brasileira, os conservadores
não acreditavam. Eles só sabiam ser contra o Chávez ideologicamente, mas não
percebia o homem humano que estava dentro do Chávez”. Cabe a Stédile o fecho
glorioso. “Chávez, que passou como um furacão na Venezuela, nesse curto espaço
de vida pública nos deixou um legado que não é só para minha generação, é um
legado histórico que atravessará as próximas generações e marcará o futuro da
América Latina”.
Stédile aposta todas as fichas na herança do comandante que virou
passarinho. Lula declarou guerra à honestidade e luta pela salvação dos
quadrilheiros por acreditar no poder de fogo do “exército do Stédile”. Se
esperam mesmo a chegada da cavalaria bolivariana, o palanque ambulante e o
camponês que ignora a diferença entre oncinha e ancinho devem esperar sentados.
Devastada pela era chavista, a Venezuela tenta sobreviver a Nicolás Maduro.
Também por isso, o que deveria ser um documentário é apenas mais um faroeste
cucaracha em que o bandido se disfarça de mocinho.
Merece mais que os apupos da plateia. Merece uma investigação da Polícia
Federal: de onde veio o dinheiro enterrado nesse besteirol bolivariano? Não
custa solicitar ao Ministério Público que devasse as contas do MST. Parece uma
sigla. É um acintoso caso de polícia.
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