A “Nova-URSS” e suas “armas”... infláveis
Luis Dufaur
“MIG 31″ sendo inflado perto de Moscou
Na
Rússia de Putin, políticas religiosas e conservadoras e a “maskirovka” para
forjar novas mentiras
Algumas das “mais modernas armas russas” puderam ser vistas e
fotografadas num campo perto de Moscou. Ali, trabalhadores manipulando tecidos
sintéticos verdes e compressores de ar criavam “armas” impressionantes em
questão de minutos, segundo informou “The New York Times”.
O assustador MIG-31 cinza escuro [foto ao
lado e acima ] aparecia subitamente como que do nada com a estrela
vermelha em suas assas.
Parecia muito real, sobretudo, se visto a 300 metros de distância.
Mas na ex-URSS
esse truque é velho de guerra. Faz lembrar o cavalo de Troia, aliás esse mais
poético, ou a ordem corânica de Maomé de os soldados velhos pintarem os cabelos
brancos para parecerem mais jovens e fortes…
A Rússia montou
um arsenal de disfarces e trapaças para suas forças armadas, dentro do contexto
mais vasto da guerra rotulada “maskirovka” (literalmente = dissimulação,
engano).
Veja mais em
“Maskirovka: a guerra não-militar que invade e conquista”http://flagelorusso.blogspot.com.br/2016/07/maskirovka-guerra-nao-militar-que.html
Um “caminhão com mísseis” perto de um “MIG
31″ já já inflado…
A Maskirovka tem
um papel cada vez mais importante para as ambições geopolíticas imperialistas
da “nova-URSS”.
“Se você estudar as grandes batalhas da história, perceberá que o uso de
trapaças sempre vence”, disse o engenheiro militar Alexey Komarov. “Ninguém vence
jogando limpo.”
Komarov supervisiona a venda de armas na
Rusbal, ou Balões Russos [foto ao lado].
A empresa
fornece ao Ministério da Defesa da Rússia uma das ameaças militares menos
conhecidas nos países que podem ser suas futuras vítimas: um crescente arsenal
de tanques, jatos e lançadores de mísseis infláveis.
A Rússia de
Putin está retornando ao cenário geopolítico, se imiscuindo na vida política
dos países ocidentais, empregando táticas escusas.
Ela silencia
inimigos no exterior, manipula a igreja Ortodoxa e promove uma fingida
contrarrevolução conservadora conquistando pecuniariamente políticos e partidos
nos países que quer submeter.
Putin quer seduzir políticos ocidentais de recente
conversão a posições ‘cristãs’. Na foto com François Fillon, então ministro de
Relações Exteriores da França
Uma farta rede
de trolls, antigas redes de influência da URSS agora reativadas e
novas agências de notícias, TV ou Internet difundem falsas informações
calculadas para enganar as audiências ou os internautas no Ocidente.
A “maskirovka”
tem que manter o inimigo na incerteza, jamais admitir as verdadeiras intenções
e usar todos os meios, tanto propagandísticos quanto militares, para conferir
aos soldados do país a vantagem da surpresa, e revestir aos políticos seduzidos
do Ocidente de uma máscara de conservadorismo de recente data.
A doutrina não
hesita em apelar à desinformação política em alto nível e o uso de formas
astuciosamente evasivas de comunicação.
É claro que as
armas infláveis se encaixam bem nos estratagemas da maskirovka.
É um recurso
velho para quem está em inferioridade de condições de combate, mas se é útil
contra adversários decadentes, então vale tudo.
Vídeos no Youtube se
encarregam de mostrar “as fabulosas armas novas que vão prostrar” a NATO e os
EUA enquanto os operários enchem de ar sacolas que virarão “modernos tanques”,
“aviões”, “lança mísseis” e tudo o que servir para enganar sobre o verdadeiro
potencial bélico russo.
A maior
utilidade vem se revelando na camuflagem de ideias através da desinformação. A
“nova-Rússia” se apresenta como religiosa e conservadora se isso serve para
desviar a atenção do adversário, dividi-lo e leva-lo à confusão e a uma
capitulação.
Praticamente
todos os grandes movimentos de tropas russos e soviéticos dos últimos 50 anos,
da Primavera de Praga ao Afeganistão, Tchetchênia e Ucrânia, começaram por um
truque simples e efetivo: soldados chegando ao local de combate à paisana,
explica o jornal americano.
Em 1968, por
exemplo, um voo da Aeroflot, a companhia estatal de aviação soviética,
transportando número desproporcional de homens jovens e saudáveis, que
subsequentemente capturaram o aeroporto de Praga.
Em 1983,
soldados soviéticos disfarçados de turistas viajaram à Síria, em uma manobra
que ficou conhecida como “camarada turista”.
A aparência de
misteriosos soldados usando uniformes camuflados em Cabul, no Afeganistão, e
Grozny, na Tchetchênia, serviu como presságio ao envio de muito mais tropas, em
1979 e 1994.
O tanque T80 sendo montado para enganar satélites
americanos
Foi o caso dos
“homenzinhos verdes” na Criméia a partir de fevereiro de 2014, ou do cerne das
milícias separatistas “ucranianas” recrutadas no coração da Rússia ou
transportadas direto de guarnições do exército russo.
Esses
antecedentes preocupam aos estrategistas e pensadores clarividentes, em mais de
um país vizinho. Mas não tiram o sono dos decadentes. Ou dos cúmplices…
A Rusbal não
revela quantos tanques infláveis já produziu, porque os números são sigilosos.
Mas a diretora da firma Maria A. Oparina
reconheceu que a produção cresceu muito nos últimos 12 meses.
Ela emprega
integralmente a maioria de seus operários na costura das armas infláveis, em
sua divisão militar.
“Na guerra, não existem acordos de cavalheiros”, repete Oparina. “Quem tiver os
melhores truques sobrevive.”
Vladimir Putin
sabe bem disso, e paga o desenvolvimento das “novas armas” para enganar mais os
“decadentes” ocidentais.
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