domingo, 8 de janeiro de 2017

Aos que custam a crer: A “Nova-URSS” e suas “armas" infláveis


A “Nova-URSS” e suas “armas”... infláveis

Luis Dufaur

“MIG 31″ sendo inflado perto de Moscou

Na Rússia de Putin, políticas religiosas e conservadoras e a “maskirovka” para forjar novas mentiras
Algumas das “mais modernas armas russas” puderam ser vistas e fotografadas num campo perto de Moscou. Ali, trabalhadores manipulando tecidos sintéticos verdes e compressores de ar criavam “armas” impressionantes em questão de minutos, segundo informou “The New York Times”.

O assustador MIG-31 cinza escuro [foto ao lado e acima ] aparecia subitamente como que do nada com a estrela vermelha em suas assas. 

Parecia muito real, sobretudo, se visto a 300 metros de distância.
Mas na ex-URSS esse truque é velho de guerra. Faz lembrar o cavalo de Troia, aliás esse mais poético, ou a ordem corânica de Maomé de os soldados velhos pintarem os cabelos brancos para parecerem mais jovens e fortes…
A Rússia montou um arsenal de disfarces e trapaças para suas forças armadas, dentro do contexto mais vasto da guerra rotulada “maskirovka” (literalmente = dissimulação, engano).
Veja mais em “Maskirovka: a guerra não-militar que invade e conquista”http://flagelorusso.blogspot.com.br/2016/07/maskirovka-guerra-nao-militar-que.html
Um “caminhão com mísseis” perto de um “MIG 31″ já já inflado…

Maskirovka tem um papel cada vez mais importante para as ambições geopolíticas imperialistas da “nova-URSS”.
“Se você estudar as grandes batalhas da história, perceberá que o uso de trapaças sempre vence”, disse o engenheiro militar Alexey Komarov. “Ninguém vence jogando limpo.”
Komarov supervisiona a venda de armas na Rusbal, ou Balões Russos [foto ao lado].

A empresa fornece ao Ministério da Defesa da Rússia uma das ameaças militares menos conhecidas nos países que podem ser suas futuras vítimas: um crescente arsenal de tanques, jatos e lançadores de mísseis infláveis.
A Rússia de Putin está retornando ao cenário geopolítico, se imiscuindo na vida política dos países ocidentais, empregando táticas escusas.
Ela silencia inimigos no exterior, manipula a igreja Ortodoxa e promove uma fingida contrarrevolução conservadora conquistando pecuniariamente políticos e partidos nos países que quer submeter.
Putin quer seduzir políticos ocidentais de recente conversão a posições ‘cristãs’. Na foto com François Fillon, então ministro de Relações Exteriores da França
Uma farta rede de trolls, antigas redes de influência da URSS agora reativadas e novas agências de notícias, TV ou Internet difundem falsas informações calculadas para enganar as audiências ou os internautas no Ocidente.
A “maskirovka” tem que manter o inimigo na incerteza, jamais admitir as verdadeiras intenções e usar todos os meios, tanto propagandísticos quanto militares, para conferir aos soldados do país a vantagem da surpresa, e revestir aos políticos seduzidos do Ocidente de uma máscara de conservadorismo de recente data.
A  doutrina não hesita em apelar à desinformação política em alto nível e o uso de formas astuciosamente evasivas de comunicação.
É claro que as armas infláveis se encaixam bem nos estratagemas da maskirovka.
É um recurso velho para quem está em inferioridade de condições de combate, mas se é útil contra adversários decadentes, então vale tudo.
Vídeos no Youtube se encarregam de mostrar “as fabulosas armas novas que vão prostrar” a NATO e os EUA enquanto os operários enchem de ar sacolas que virarão “modernos tanques”, “aviões”, “lança mísseis” e tudo o que servir para enganar sobre o verdadeiro potencial bélico russo.

A maior utilidade vem se revelando na camuflagem de ideias através da desinformação. A “nova-Rússia” se apresenta como religiosa e conservadora se isso serve para desviar a atenção do adversário, dividi-lo e leva-lo à confusão e a uma capitulação.
Praticamente todos os grandes movimentos de tropas russos e soviéticos dos últimos 50 anos, da Primavera de Praga ao Afeganistão, Tchetchênia e Ucrânia, começaram por um truque simples e efetivo: soldados chegando ao local de combate à paisana, explica o jornal americano.
Em 1968, por exemplo, um voo da Aeroflot, a companhia estatal de aviação soviética, transportando número desproporcional de homens jovens e saudáveis, que subsequentemente capturaram o aeroporto de Praga.
Em 1983, soldados soviéticos disfarçados de turistas viajaram à Síria, em uma manobra que ficou conhecida como “camarada turista”.
A aparência de misteriosos soldados usando uniformes camuflados em Cabul, no Afeganistão, e Grozny, na Tchetchênia, serviu como presságio ao envio de muito mais tropas, em 1979 e 1994.


O tanque T80 sendo montado para enganar satélites americanos 

Foi o caso dos “homenzinhos verdes” na Criméia a partir de fevereiro de 2014, ou do cerne das milícias separatistas “ucranianas” recrutadas no coração da Rússia ou transportadas direto de guarnições do exército russo.
Esses antecedentes preocupam aos estrategistas e pensadores clarividentes, em mais de um país vizinho. Mas não tiram o sono dos decadentes. Ou dos cúmplices…
A Rusbal não revela quantos tanques infláveis já produziu, porque os números são sigilosos.

Mas a diretora da firma Maria A. Oparina reconheceu que a produção cresceu muito nos últimos 12 meses. 

Ela emprega integralmente a maioria de seus operários na costura das armas infláveis, em sua divisão militar.

“Na guerra, não existem acordos de cavalheiros”, repete Oparina. “Quem tiver os melhores truques sobrevive.”

Vladimir Putin sabe bem disso, e paga o desenvolvimento das “novas armas” para enganar mais os “decadentes” ocidentais.


Nenhum comentário: