... e os adubos orgânicos
Os adubos orgânicos, devido às origens das matérias-primas utilizadas na sua fabricação ou elaboração, têm sido muito questionados, pelo risco de conterem metais pesados como o cádmio, mercúrio, zinco, cobre, cromo, níquel e outros.
Os próprios chamados 'defensivos alternativos' e 'biofertilizantes', compostos de sais de cobre, zinco, cobalto, manganês e outros, à luz dos novos conhecimentos, podem ser tão ou mais perigosos do que os agrotóxicos comuns.
A Ciência já tinha comprovado e as pessoas mais antigas ainda devem se lembrar da época em que a humanidade lutava contra as mais variadas moléstias infectocontagiosas provindas de alimentos contaminados.
Entretanto, a não ser a Ciência, poucos sabiam que os agentes causadores de tais moléstias estavam principalmente nos estercos usados na adubação orgânica e nas águas contaminadas, utilizadas para irrigação das culturas.
Com o surgimento da adubação química e de novos medicamentos tais moléstias diminuíram drasticamente, dando lugar a outros tipos de problemas conhecidos com o advento da agricultura convencional.
Com o esgotamento das tecnologias convencionais, de uma maneira geral, novos paradigmas entraram em luta. Dentre os principais, pode-se destacar o embate entre a agricultura orgânica e a agricultura biotecnológica (dos transgênicos).
Na verdade esta é uma falsa contradição, pois a agricultura biotecnológica, tendo como base 'os produtos dos genes', nada mais é do que a nova agricultura orgânica à luz dos novos conhecimentos, já que os genes codificam para produtos orgânicos.
Assim como o esgotamento das tecnologias convencionais significou a falta de eficiência dos agrotóxicos para combater as pragas (insetos, fungos, bactérias e outros), devido à seleção de resistência, o mesmo ocorreu com os produtos utilizados na medicina humana e animal.
A utilização de adubos orgânicos, sem tratamento adequado em usinas, aumenta o risco de contaminações, pois no mundo inteiro, inclusive no Brasil, já foram detectados microorganismos mutantes mais agressivos e resistentes a antibióticos.
Há várias décadas a pesquisa tem demonstrado tais riscos e são inúmeros os trabalhos científicos que demonstram os perigos do surgimento de situações até mesmo catastróficas.
Só para exemplificar:Contaminação de estercos com microorganismos, antibióticos, hormônios e outros, podem significar grandes riscos à saúde pública. Salmonelas têm capacidade de sobreviver por quase 300 dias nos dejetos de bovinos.
Brucellas abortus pode sobreviver por oito meses sem redução significativa na população. Larvas de helmintos são capazes de permanecer vivas na fase de estocagem e serem viáveis após um ano da aplicação.
Ovos de Ascaris sobrevivem até por mais de 800 dias em dejetos de suínos armazenados. Micobactérias podem continuar ativas por 150 dias nos estercos e por mais de dois anos no solo.
Dejetos suínos comumente estão contaminados com enterovírus, adenovírus, coronavírus, parvovírus e outros; e regularmente contêm ovos de Ascaris e oocistos de coccídeos, além de outros parasitas como Balantidium, Strongyloides e Fasciola. Altos valores de Escherichia coli são facilmente encontrados em dejetos bovinos mesmo depois de submetidos à fermentação.
Diversos trabalhos têm reportado a sobrevivência de patógenos e parasitas entéricos por semanas sobre os vegetais e por meses e até anos nos solos. No solo podem ser transportados superficialmente, descer para o lençol freático e mesmo ser transportados por insetos, roedores e pássaros.
No Brasil o problema é mais sério, pois independentemente do tipo de agricultura utilizado, uma parcela considerável de agricultores utiliza adubos orgânicos de maneira inadequada e até mesmo irriga suas plantações, principalmente hortigranjeiros, com água de esgotos cloacais.
E há ainda os que utilizam adubos orgânicos a partir de fezes humanas (!), disponibilizadas por estações de tratamento de esgotos para outros fins.
Aos poucos a humanidade vai entender que já tem a solução para esta nova era que se avizinha. É a moderna biotecnologia aplicada e interconectada a todas as áreas do conhecimento humano.
Na agricultura significa a troca do uso de agrotóxicos pela resistência genética e da aplicação de adubos químicos pela capacidade das plantas em extrair seus próprios nutrientes.
E mais: a adaptação das plantas às mais variadas condições ambientais, preservando e recuperando o ambiente; a produção de proteínas e óleos mais saudáveis; a produção dos mais variados artigos de uso e consumo humano; e muito mais.
Além de inúmeras aplicações na medicina humana e animal; e na indústria. Tudo isto na construção de uma nova sociedade cada vez mais sustentável.
E se a agricultura biotecnológica, por sua essência, é a herdeira da agricultura orgânica, os adubos orgânicos continuarão a ser utilizados, mas à luz dos novos conhecimentos.
Na busca da reciclagem total, ou seja, do fim do lixo, os restos animais e vegetais deverão ser reciclados em usinas de tratamento e com utilização de bactérias transgênicas encarregadas de realizar eficientes fermentações, eliminando os riscos para o ambiente e saúde humana.
Tudo isto já e possível atualmente. E as 'bactérias assassinas' não terão outro caminho senão a readaptação ao novo sistema orgânico sob a responsabilidade do Homem.
Fonte: Prof. Dr. Luiz Alberto Silveira Mairesse, UERGS
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