Mundo
político erra o alvo
Adolpho Lindenberg (*)
Há algo estranho na atual corrida presidencial.
Imenso setor do eleitorado não sabe ainda em quem votar e mostra indiferença
pelo importante pleito, em decorrência de um descompasso crescente da população
com aqueles que devem representá-la.
O comunicado do Instituto Plinio Corrêa de
Oliveira – (IPCO) “O Brasil ante o perigo esquerdista e o vácuo político”,
aponta uma causa muito sensível. O IPCO observa que para a maioria dos
políticos a-ideológicos, a corrida para a esquerda é sinônimo de popularidade
triunfal.
Movidos por tal ilusão, até mesmo políticos
convictamente centristas (ou até um ou outro direitista) relegaram ao abandono
todo o potencial político de que disporiam, caso se opusessem com firmeza à
esquerdização dissolvente que vai arruinando o País.
Assim, a parte mais substancial do mundo
político pôs sua mira na esquerda, errando o alvo de sua pontaria publicitária
que deveria estar no centro, de si conservador.
Um
centro conservador não adepto de um imobilismo total, mas favorável à
manutenção de uma determinada ordem de coisas.
Plinio Corrêa de Oliveira, o líder católico
cujo pensamento e métodos de ação inspiram o Instituto que leva seu nome,
sempre alertou para o desacerto gravíssimo entre importantes setores do mundo
político e a parte mais preponderante e sadia de nossa opinião pública.
Segundo ele, um equívoco, manuseado por
políticos verdadeiramente esquerdistas, por clérigos progressistas e favorecido
ainda por hábeis táticas de propaganda, fez crer a muitos que a opinião pública
brasileira constitui um imenso caudal a caminhar gradualmente para a
extrema-esquerda.
Como observava Plinio Corrêa de Oliveira, no
grande centro conservador há tendências ora para a direita, ora para a
esquerda, que, entretanto, não cindem o imenso bloco majoritário
fundamentalmente centrista.
Convém ainda precisar que o conservantismo
brasileiro possui notas mais acentuadamente psicológicas do que ideológicas.
É generalizada nele a persuasão de que, diante
de um mundo cheio de incertezas e de crises, quaisquer solavancos, reformas ou
aventuras poderão ser fatais. E todos nele anseiam, ao contrário, por segurança
e estabilidade.
Há, portanto, um desacerto fundamental entre o
mundo político e a parte preponderante da opinião pública.
Por isso, o País vive um angustiante paradoxo:
quase todas as candidaturas de peso tendem para a esquerda (mais ou menos
radical) e a maioria da população, centrista e conservadora, não encontra
representante de projeção que com ela se identifique.
Tal distorção faz com que muitos não possam
expressar reflexões, ideais, e sugestões políticas, sociais e econômicas que
acalentam no fundo da alma.
Abafados assim em suas legítimas aspirações,
sem candidatos que as vocalizem e compelidos, por outro lado, pela
obrigatoriedade do voto, muitos buscam uma válvula de escape, algum candidato
que possa parecer uma contestação a esse sistema.
Isso torna a escolha eleitoral um exercício
altamente volúvel, imprevisível, marcado pela impulsividade, pelas reações
temperamentais, por uma certa torcida, às quais, na maioria das vezes, estão
alheios a observação, a reflexão e o planejamento da ação.
Por sua vez, o mundo político gira em torno de
si próprio, numa disputa necessariamente conturbada, marcada por atitudes
puramente subjetivas, por reações impulsivas.
E o debate sério de temas profundos e de
programas de governo fica trocado pelos ataques rasteiros, pelas mentiras
deslavadas, pelos truques de propaganda.
É claro que o brasileiro inteligente, cordato e
conservador não se sente interpretado pelo ambiente dos políticos.
Leia o texto completo no site do Instituto
Plinio Corrêa de Oliveira
(*) Adolpho
Lindenberg é presidente do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira (IPCO)
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