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Por Ênio Mainardi
É que nem um pedaço de pau, do qual vão-se tirando lascas, com a lâmina de uma faca. Ou com um caco de silex. Aos poucos vai-se formando uma ponta naquele inocente toco de madeira até que ele vira finalmente uma lança.
Sempre foi assim, desde milhões de anos, com o homem se armando para caçar um bicho ou acabar com o inimigo. E com a lança já pontuda pode-se ter a esperança de imaginar que naquele dia, ou no próximo, vai ter carne para comer, com um pouco de sorte. Ou ver o inimigo estrebuchar no chão.
Estou-me sentindo assim, nestes dias que nos separam do ritual do voto. E enquanto me preparo para abater um animal ou liquidar o rival, vou ficando cada hora mais disposto à batalha, como um soldado prestes a entrar na linha de fogo. Percebo que vou-me radicalizando, não mais consigo ver o meu contrário como alguém, uma pessoa que apenas pensa diferente de mim. O outro é agora mais do nunca um inimigo a ser vencido.
Acho que todas as guerras, todas elas, desumanizam o homem. No fuzil, na baioneta ou golpeando selvagemente, quer-se arrebentar a cabeça do inimigo. Nunca – repito – nunca me senti assim, na batalha política, tão disposto à luta como agora.
A quadrilha do PT conseguiu me levar a essa exasperação que faz de mim uma ovelha transformada em leão. Não mais balidos, só rugidos, dentes arreganhados e raiva. Não mais posso me imaginar vivendo sob um regime tão ávido, tão corrompido, cínico, tão primário.
Quanta vilania! Os do PT precisam cair. E vão cair.
Vitória é um estado de espírito, de vontade. Então só mais alguns dias afinando a ponta na lança, preparando a arma. Do voto.
Quem fugir desta batalha, votar branco, anular o voto, quem desertar, não merece nunca mais ser chamado de brasileiro.
Ênio Mainardi é Jornalista.
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