O comunista, a União Europeia e a Suíça
Nelson Fragelli
Ele ficou velho como a ideologia
que defende. Trata-se de Giorgio Napolitano, 91 anos, militante histórico do
Partido Comunista Italiano (PCI). Durante décadas ele quis transformar a Itália
num país como a atual Venezuela: em estado de miséria. Não conseguiu.
Impenitente, hoje ele apela à União Europeia.
Em
22 de setembro passado, Napolitano deu entrevista de página inteira ao
principal jornal italiano, “Corriere della Sera”, sobre a crise da União
Européia (UE). Enquanto comunista, ele obviamente idolatra a UE, da qual espera
que reduza os países europeus a repúblicas laicas, anticristãs, levando-os a
uma situação de caos e miséria que seu socialismo não conseguiu fazer com a
Itália nos tempos da malfadada União Soviética.
A
UE passa por uma crise existencial. O possante Reino Unido dela se retirou; a
política de abertura indiscriminada a africanos e asiáticos encontra crescente
oposição; não há confiança nem nos fundamentos das instituições europeístas,
nem na política que adotam. A UE está num impasse; é preciso rever seus
fundamentos e repensar suas instituições. Tudo isso diz Napolitano,
lacrimejante. Tudo isso balbucia o velho camarada, ainda dissimulando a
gravidade da crise.
Dissimulando, sim, pois ele não diz que desde o início os europeus, através de
vários referendos, em diferentes países, deixaram clara sua incredulidade nos
organismos formados para dirigir o Velho Continente. Artificialidade dos
poderes. Imensa burocracia. Autoridade de matiz totalitário. Em mais de meio
século de existência, a UE não deu resultados palpáveis e reconhecidos.
Pelo contrário, tudo piorou: desemprego, gastos exorbitantes com imigrantes, imposições de mudanças sociais como o aborto, uniões homossexuais, a Ideologia de Gênero nas escolas etc. Quando tudo não vai bem, os governos litigam entre si. É o que acontece com a “união” europeia. Não há liderança. Temores assombram as populações.
A pele flácida do encanecido comunista ainda tremia quando, quatro dias após sua entrevista manhosa, em 26 de setembro último, o mesmo “Corriere della Sera” estampava na primeira página outro tabefe na UE. Desta vez, dado pela pacata Suíça. Quem diria? Ela sai da paz bucólica de seus vales floridos, pontuados de lindos vilarejos onde tudo funciona com a precisão de seus famosos relógios, e diz NÃO à imigração.
Num importante estado (Cantão) da Suíça, o
Ticino [foto acima], fronteiriço à Itália, o voto popular, através de
referendo, disse “basta” à imigração estrangeira. Imigração estrangeira até
mesmo de europeus — e não só de africanos ou asiáticos — que vinham
açambarcando grande parte dos empregos destinados primordialmente à população
local.
A UE assinara tratados com a
Suíça, estabelecendo a aceitação de estrangeiros pela Confederação Helvética.
Basta. Por que a população nacional deveria disputar empregos com estrangeiros?
A garantia mínima que um governo honesto deve dar a seu povo é reservar-lhe a
prioridade na obtenção de trabalho em seu próprio território.
“Primeiro
os nossos. Não queremos ingerência da UE em nossa política imigratória”,
diz o bom senso de um velho suíço, enorme e seguro de si, degustando um
chocolate. A perorar, ele movia de um lado a outro seu dedão indicador,
acentuando com esse gesto sua negação e sua lógica. Calmo e inflexível, ele
oscilava seu dedão como o pêndulo de um de seus relógios. Tic-tac. Não-não.
Nelson Ribeiro Fragelli é colaborador
da ABIM.
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