por ongdip
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Fonte: Veja (foto: Índio
em frente ao Congresso (Sérgio Lima/Folhapress/VEJA))
A crise venezuelana, que despejou de uma só vez cerca de 50 mil
refugiados em Roraima, agravando a crise social do estado, expõe o desconcerto
da política indigenista brasileira, que une a retórica esquerdista aos
interesses geoestratégicos do capital internacional.
O general Augusto Heleno, que era o comandante militar da Amazônia, ao
tempo da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, em 2008, advertiu para os
danos econômicos e sociais da expulsão dos arrozeiros, cuja produção respondia
por 8% do PIB do estado.
Expulsos, tornaram-se favelados em Boa Vista e a economia local
empobreceu. Eram mais de 300 famílias, além de seus empregados, quase todos de
etnia indígena, mas sem a grife de “aldeados”. Os 1,7 milhão de hectares da
reserva – quase o estado de Sergipe – ficaram com os 20 mil índios aldeados.
Aos demais 500 mil habitantes, sobraram os 25% da área do Estado que
escapou das demarcações.
“Alertei sobre a falta de critério daquela demarcação ideológica.
Economistas avisaram que a expulsão dos arrozeiros era medida social e
economicamente desastrosa”, relembra o general.
E acrescenta: “Hoje, a situação criada pela ditadura bolivariana de
Maduro poderia ser contornada pela ampliação da cultura arrozeira e pelo
consequente emprego de boa parte da mão de obra estrangeira que chegou a
Roraima. Infelizmente, vêm aí mais improvisação e desordem urbanas”.
Os desacertos da política indigenista brasileira podem ser medidos em
números: os 600 mil índios aldeados, de tribos diversas, são titulares de 13%
do território nacional, enquanto os demais 200 milhões de brasileiros habitam
apenas 11%. Os dados são do IBGE.
Acresce que, exatamente nessas terras indígenas, cuja extensão eles
sequer abarcam, estão algumas das maiores reservas de minérios do planeta, fora
do alcance do Estado brasileiro, mas não de grupos econômicos internacionais,
que, via ONGs, estabelecem linha direta com as tribos, como se fossem nações
independentes.
O comandante do Exército, general Villas-Boas, fala de “déficits de
soberania” na região. Foi, quando comandante militar da Amazônia, surpreendido
pela presença do rei da Noruega, Harald V, que, sem qualquer comunicado às
autoridades brasileiras, foi hóspede dos yanomamis, entre 22 e 25 de abril de
2013. Só comunicou sua visita uma semana depois de deixar o país.
São mais de 100 mil ONGs, a maior parte estrangeiras, na Amazônia. Ditam
a política indigenista, ao lado de órgãos da esquerda Católica, exercendo pleno
domínio sobre a Funai.
Uma delas, a norueguesa Rainforest Foundation Norway, promoveu a visita
do rei. A embaixadora daquele país, Aud Marit Wiig, defende o financiamento
estrangeiro às comunidades indígenas. E ressalta que os da etnia Sami,
sustentados por verbas de seu país, já têm hoje seu próprio parlamento. Daí
para um assento na ONU é um passo. A Rainforest defende a ampliação das
reservas.
E o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), da Igreja Católica,
financia e incita invasões de índios a fazendas produtivas, algumas há mais de
um século tituladas, segundo denúncia de uma CPI de 2015, da Câmara, presidida
pelo deputado Alceu Moreira. Segundo ele, “esse crime é de laboratório e feito
a muitas mãos”.
A solidariedade humana aos índios não se estende ao Nordeste. As vítimas
das secas dispõem de exatamente zero ONGs para atendê-las. Lá, não há minérios:
só humanos, sem direitos.
Ruy Fabiano é jornalista
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