sexta-feira, 8 de junho de 2018

Colômbia: democracia ou totalitarismo?



Segundo turno eleitoral na Colômbia: 

democracia ou totalitarismo




Eugenio Trujillo *

No próximo dia 17 de junho haverá o segundo turno das eleições presidenciais na Colômbia. A disputa será entre os dois candidatos mais votados na primeira rodada do dia 27 de maio último: Ivan Duque, líder de uma coalizão de partidos de centro-direita que obteve 39% (7,5 milhões de votos), e Gustavo Petro, da extrema-esquerda, que obteve 25% (4,8 milhões de votos).

Pela primeira vez na história recente da Colômbia temos uma eleição presidencial com candidatos radicalmente opostos em sua concepção do Estado. 

O que deve ser decidido é se os colombianos vão optar por continuar em uma democracia com todos os seus defeitos caso escolham Ivan Duque, ou se preferirão jogar-se no vazio da revolução totalitária se escolherem Gustavo Petro. Para entender em profundidade o que está em jogo, vejamos a essência das duas opções:

A proposta de Gustavo Petro

Petro, com profundas origens marxistas que ele nunca escondeu, foi um dos fundadores do M-19 em sua juventude. 

Fazia parte do comando dessa organização terrorista quando esta perpetrou a sangrenta ocupação do Palácio da Justiça em 1985, mas não chegou a participar desse crime horrendo porque o prenderam alguns dias antes por ter sido um dos os arquitetos do roubo de uma grande quantidade de armas de uma guarnição militar. 

Ele foi anistiado e perdoado em um dos numerosos processos de paz do passado e tornou-se proeminente político da extrema esquerda.

Se eleito, prometeu convocar uma Assembleia Constituinte para transformar a seu bel-prazer todas as instituições do país, e assim impor a toda a Colômbia o desacreditado Acordo com as FARC. 

Suas propostas econômicas estão voltadas para a supressão da mineração em grande escala, que acabaria com a produção de petróleo, gás, carvão e níquel, que são a espinha dorsal da economia colombiana. 

Promete uma reforma agrária socialista e confiscatória, ameaçando expropriar as terras dedicadas às plantações de cana-de-açúcar e palmeiras africanas, e em geral as de todas as empresas agrícolas, para distribuí-las entre a população camponesa. 

Ele proclamou que fará uma revolução bolivariana na Colômbia, no estilo de seus amigos venezuelanos, Chávez e Maduro, e que conduzirá nosso país pelos caminhos do socialismo de Estado.

Tais absurdos não resistem a nenhuma análise econômica séria e cabem somente na cabeça de comunistas, cujo principal objetivo econômico é estender e impor a miséria tanto quanto lhes for possível. Nada mais sabem fazer. 

Para isso, o primeiro passo é desmantelar a estrutura produtiva do País, como fizeram em Cuba, Nicarágua, Venezuela e Coreia do Norte. Quando a maioria da população estiver sido reduzida à miséria, os governantes se tornam ditadores e quase ninguém é capaz de confrontá-los, uma vez que permanecem indefinidamente no poder. 

Tanto os que podem fugir aterrorizados quanto os que permanecem se tornam uma massa amorfa sem voz nem voto, sofrendo as consequências infames e subumanas do socialismo, mil vezes fracassado onde quer que se tenha implantado.

Além disso, no plano moral, promete generalizar o aborto e promover a agenda das minorias homossexuais, o que contribui para o colapso da família. Em síntese, os princípios marxistas definem seu programa como candidato presidencial.

A proposta de Ivan Duque

O contendor dessa proposta aterrorizante é o candidato Duque, que foi o indiscutível vencedor da primeira rodada eleitoral. Sua candidatura nasceu da articulação de todos os opositores ao plebiscito que rejeitou o “Acordo de Paz” com as FARC, realizado em outubro de 2016. Essa enorme coalizão, que liga o centro e a direita, estava depurando desde então a escolha de seu candidato. Primeiro através de pesquisas internas e posteriormente por meio de consulta popular, até que Duque foi escolhido.

Sua proposta fundamental tem dois aspectos: apoiar a propriedade privada e a economia de livre empresa como única alternativa para promover o desenvolvimento saudável do País, mas também regulamentar o alcance dos Acordos com as FARC que, se forem aplicados ao pé da letra, arruinarão a Colômbia.

Esta profunda rejeição da opinião colombiana ao Acordo com as FARC foi a responsável por catapultar Duque para o lugar onde ele se encontra. Sua principal base eleitoral está em todos aqueles que votaram pelo NÃO no último plebiscito, agora muitos mais numerosos do que então por verem a contínua zombaria do grupo guerrilheiro aos pactos de Havana.

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No entanto, poucos dias antes das eleições um fenômeno inimaginável começou a se produzir em ambos os candidatos. Como camaleões, eles se lançaram à conquista dos eleitores indecisos e dos que votaram em outros candidatos que não foram para o segundo turno.

Petro inverteu seu discurso de extrema esquerda. Decidiu de um momento para outro que não convocará nenhuma assembleia constituinte, não expropriará os grandes complexos agrícolas, não desmantelará a indústria de petróleo e a mineração, não quer mais uma revolução socialista na Colômbia e não foi amigo de Chávez nem de Maduro. 

Podemos acreditar em sua nova e inesperada retórica, se há 30 anos ele tem proclamado exatamente o oposto? É como um lobo feroz que esconde suas presas, oculta suas garras, disfarça sua cauda e se enrola em uma pele de cordeiro para mostrar-se inofensivo ao público no momento culminante das decisões.

Mas, por outro lado, causa perplexidade que também o candidato Duque mudou seu discurso procurando o favor do mesmo eleitorado indeciso. Agora não se mostra contrário aos acordos com as FARC, diz que os respeitará, e não mais se apresenta como porta-voz da vitória no plebiscito, mas propõe uma convergência inaceitável com os defensores do Acordo. 

Erro tremendo, que lhe pode custar muito caro! Pois, mesmo que ganhe as eleições, o que é o mais provável, começará a perder muito cedo o apoio que o levará à presidência.

Colômbia não será a Venezuela

A Colômbia está muito consciente da situação trágica da Venezuela, onde um demagogo marxista com o apoio desenfreado da multinacional comunista do Fórum de São Paulo tomou há 20 anos o poder, desencadeando uma das maiores catástrofes humanitárias do nosso tempo. 

Em consequência, a imposição do socialismo do século XXI levou uma das nações mais ricas da América Latina à miséria mais abjeta, produzindo um êxodo em massa de venezuelanos em condições miseráveis, do que somos testemunhas em todas e cada uma das ruas de nossa Pátria.

Será que nós, colombianos, vamos escolher o caminho da Venezuela nas próximas eleições? Peçamos a Deus e à Santíssima Virgem que o senso comum prevaleça e que isso não seja possível. 

E que os promotores daquilo que seria um grande desastre para a nossa Pátria sejam derrotados de maneira contundente e inequívoca, de tal modo que nem agora nem o futuro haja espaço para suas propostas malignas, antinaturais e díspares que só levam à destruição do País.

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(*) Diretor da Sociedad Colombiana Tradición y Acción


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