Corona vírus:
Negócio da China...
Comissão
de Estudos de Paz no Campo
Enquanto
o Ocidente tratava da sucessão de imperadores, reis e príncipes, na China, sempre
envolta em mistérios, as dinastias se sucediam.
Na
penumbra surgiam objetos de arte, porcelanas, sedas e esculturas elaborados
pela proverbial paciência chinesa. Essa histórica visão chinesa de longo prazo
contrasta até hoje com a visão imediatista do ocidente, origem de muitas
discrepâncias e, de modo especial, graves problemas geopolíticos.
O
historiador J. B. Weiss relata que no império chinês a substituição de uma
dinastia por outra sempre ocorria por razões conservadoras. Quando a estirpe reinante
começava a decair ou a relaxar nos princípios naturais da ética, outra subia
com um programa de volta às origens. Assim, os milênios iam se sucedendo.
Entretanto,
o que aconteceu com a China de 50 anos para cá foi diferente de tudo o que
havia ocorrido no mundo até então. Uma grande tenaz revolucionária foi
construída com a cumplicidade da burguesia ocidental decadente, que ao mesmo
tempo ia socializando a própria economia e aumentando a respectiva carga fiscal.
Enquanto
isso, a China começava a despertar de sua letargia milenar. A sua
indústria começou a dar os primeiros passos, à custa de uma jornada de trabalho
de quase 12 horas, de um salário miserável, além de outros artifícios,
mantendo, contudo, sua carga fiscal entre 7 e 10%. E as indústrias do Ocidente
foram misteriosamente se transferindo para lá.
Exemplo
disso eu pude assistir ao vivo, cerca de 15 anos atrás, em Montes Claros – MG, numa
coletiva de imprensa do então vice-presidente da República, José de Alencar,
grande empresário local do ramo têxtil, quando lhe for perguntado por um
perspicaz jornalista:
–
Por que o senhor comprou 25% de uma grande processadora de algodão americana
para montar uma das maiores indústrias têxteis do mundo na China, gerando lá
milhares de empregos, enquanto fecha aqui nessa região pobre e carente de
empregos três de suas unidades?
A
resposta do vice do Lula não poderia ter sido diferente de sua mentalidade e posição
política de ser avalista de Lula, sustentando o PT no poder:
–
Como vice-presidente, tenho lutado para baixar os juros aqui, mas como
empresário tenho de pensar na minha família e no meu futuro. Se no Brasil eu
pago 37% de impostos e na China eu pago de 7 a 10%... onde é que eu vou montar
a minha fábrica?! – É a lógica do
capitalismo, mas é a lógica, infelizmente!
O Cavalo de Tróia chinês
Analisemos
a outra alavanca da tenaz chinesa para segurar, e depois engolir o Ocidente. Trata-se
da desastrada diplomacia norte-americana com os comunistas da China iniciada
por Richard Nixon, que governou os EUA entre 1969 e 1973, e tristemente célebre
pelo escândalo de Watergate. Com efeito, ele se dobrou à influência da cortina
de bambu.
De
uma reunião entre ele e o caviloso Premier Chu En-Lai resultou a declaração de
Xangai na qual o chefe comunista reiterava sua posição expansionista, afirmava
que, em toda a parte onde há opressão, há resistência e os países querem a
independência.
As nações querem libertação e o povo revolução, para eles, uma tendência
irreversível da história. Tais palavras não passavam de hipocrisia, uma vez que
a opressão vermelha era completa, e a reação do pobre povo, policiado e
intoxicado pela propaganda, era irrelevante.
Na
ocasião, Plinio Corrêa de Oliveira publicou um histórico documento intitulado
"Yalta multiplicada por Yalta”, no qual qualificou a visita de
Nixon à China como uma rendição.
Palavras
do documento de Plinio Corrêa de Oliveira:
“Na prática,
o que dará esse ato? Posta a candura liberal dos norte-americanos e a astúcia
comunista dos Xins, dará em um resultado altamente conveniente para
eles. Entrarão em tais relações com o único objetivo de aproveitar todas
as ocasiões para fazer aceitar sua ideologia pela outra parte.
“Pelo
contrário, os norte-americanos fundamentalmente liberais irão para os encontros
na persuasão de que se trata de uma mera informação doutrinária recíproca, sem
intuito de mútua persuasão, e julgarão faltar ao “fair play” se se
entregarem ao proselitismo.
“Em outros termos, as relações sino-americanas se desenvolverão em
uma base na qual os Xins saberão tirar partido e os americanos não. Em
nosso século tão cheio de calamidades, o entreguismo é a maior.
Em Munique
houve uma primeira manifestação que estarreceu os homens de bom senso. E
Yalta foi uma calamidade maior do que Munique. Foi Munique multiplicada
por Munique. A declaração de Xangai é uma Yalta multiplicada por Yalta”.
Aonde nos levará tal política?
Basta ver o Ocidente hoje prostrado de joelhos, implorando ajuda
dos céus, pois da terra não se vê saída.
Quanto à virose geopolítica que se alastra mundo afora, cedo a
palavra ao meu amigo Julio Loredo, da TFP italiana, que de forma brilhante tratou
do assunto no artigo Repensar a China: “Depois da morte de Mao Tsé-Tung, em 1976, Deng
Xiaoping assumiu o poder, ao iniciar a chamada ‘primavera de Pequim’, a
primeira abertura tímida do sistema chinês ao capitalismo, sem nunca renegar a
ideologia comunista. Tudo no espírito do Acordo de Xangai”.
E continua: “O Ocidente
começou, por conseguinte, a investir na China. Plinio Corrêa de Oliveira advertiu que o fluxo de ajudas
ocidentais daria à China os meios necessários para perseguir os seus objetivos
expansionistas: ‘Não poderia a China aspirar ao controle da Ásia? Extensão
territorial, população superabundante, apetite de conquista não lhe faltam. Mas
ser-lhe-á necessário, para tão grande cometimento, um potencial industrial e
bélico considerável. E o regime comunista não lhe deu nem uma nem outra coisa.
A China comunista só poderá desenvolver-se e alçar-se à condição de
superpotência imperialista com o concurso de uma nação capitalista de grande
importância’”.
Um projeto de dominação
imperialista
Hoje podemos dizer com
pesar que o previsto tornou-se, infelizmente, realidade da pior maneira
possível. No não muito longínquo 1980, o rendimento per capita da China era
inferior ao das nações africanas mais pobres. Hoje, a China produz 50% de todos
os bens industriais do mundo.
Tudo isso, reiteremos,
com dinheiro e know-how ocidental transferidos para a China seguindo a
lógica – ou a completa falta dela? – do capitalismo selvagem e da globalização.
Enquanto os ocidentais enchiam a China de dinheiro e de tecnologia, os chineses
seguiam escrupulosamente o que um analista político ocidental definia como um
projeto bem definido de dominação imperial.
Segundo Loredo, Michael
Pillary, um dos maiores especialistas americanos sobre a China, no seu livro The Hundred-Year Marathon. Chinas’s
secret Strategy to Replace the U.S. as the World Superpower, o
autor mostra como a política americana de encher a China de dinheiro e de
tecnologia, até mesmo militar, na ingênua esperança de que ela se tornasse um
parceiro fiável, provou ser um bumerangue. Durante todo esse tempo os chineses
jogaram com segundas intenções, aproveitando-se dessa ingenuidade para sua posição
dominante, e hoje a China começa a exercê-la como arma de domínio global.
Outro livro interessante é o do jornalista britânico,
Martin Jacques, When China Rules the
World: The End of the Western World and the Birth of a New Global Order.
Lastreado em estudos de mercado, projeções geopolíticas e análises
históricas, Jacques mostra como – se a tendência atual continuar – a China será
a potência hegemônica no século XXI, desclassificando os EUA e impondo uma
“nova modernidade”. Segundo Jacques, a China não é um “Estado-Nação”, mas um “Estado-Civilização”
com vocação imperialista, acostumado a exercer um poder indiscutível.
Repensar a China
A pandemia do COVID-19,
no entanto, parece ter mudado as cartas na mesa. São cada vez mais evidentes as
responsabilidades da China na pandemia que, atualmente, está dominando o mundo.
Os únicos a negá-lo são os próprios chineses, que também ameaçam com
pesadíssimas sanções contra aqueles que ousem afirmar tal obviedade.
À medida que a
arrogância de Pequim atinge níveis surreais, o Ocidente começa a se questionar
se não seguiu o caminho errado. «A
China infecta-nos, compra-nos e agradecemos-lhe», sintetizou a situação
Massimo Cacciari.
Cresce também um
movimento internacional para pedir um “Tribunal de Nuremberg” para apurar as
responsabilidades chinesas e, eventualmente, exigir uma compensação. As
declarações feitas pelo Cardeal Charles Maung Bo, Arcebispo de Yangon, capital
de Mianmar, foram muito claras:
“Há um governo que tem a
responsabilidade primeira, resultado do que fez e do que deixou de fazer: o
governo do Partido Comunista Chinês. Vou ser claro – o responsável é o Partido
Comunista Chinês, não o povo da China. O povo chinês é a primeira vítima do
vírus e, há muito tempo, tem sido a primeira vítima do seu regime repressivo.
Merece a nossa simpatia, a nossa solidariedade e o nosso apoio. Apenas a
repressão, as mentiras e a corrupção do PCC devem ser responsabilizadas”.
Precisamente o que Plinio Corrêa de Oliveira afirmara no
já distante ano de 1937. Omito as pesadíssimas responsabilidades da Ostpolitik
do Vaticano em relação à China comunista, que andou de mãos dadas com a
sul-americana e que, sob o pontificado de Francisco, atingiu excessos
alarmantes. Abriria horizontes tão relevantes que mereceriam um tratamento à
parte.
Talvez Deus nos esteja a
dizer algo com essa pandemia. Talvez tenha chegado o momento de repensar desde
os alicerces a nossa estratégia em relação à China comunista.
Amanhã será tarde demais. Mas para fazer isso é necessário ter coragem. Uma
coragem que não virá das nossas forças naturais, sejam elas de natureza
política, econômica ou cultural. Precisamos da intervenção da graça divina nas
almas.
Questiono-me: diante da
imensa tragédia que nosso mundo hoje vive, abalado até às fundações por essa
pandemia, ainda não chegou a hora de clamar ao Céu: Perdão! Perdão! Perdão!
Estou certo de que o Céu nos responderá: Penitência! Penitência! Penitência!
Conversão! Conversão! Conversão! E, no meio do ruído dos elementos celestiais
desencadeados, sentir-se-á uma voz tão doce como um favo de mel dizer: “Coragem, meus filhos! Por fim, o meu
Imaculado Coração triunfará!”.
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