Ainda há juízes em Florianópolis
Nem
sabia que há essa modalidade: juiz agrário. Tive o prazer de ver, na TV, o juiz
agrário Rafael Sandi, jovem, objetivo, seguro cumpridor da lei, tratar da
invasão que vagabundos do esquerdismo fizeram na área de Canasvieiras, em
Florianópolis, a tal de "Ocupação Amarildo" (nome que nada tem a ver
com Floripa).
Dispondo de
bons automóveis, camionetes e boa logística de estilo militar, eles invadiram um
enorme terreno à beira da SC-401, que dá acesso às praias mais procuradas de
Florianópolis: Canasvieiras, Jurerê etc. Por lá ficaram durante quatro longos
meses, esses violadores da lei, que agora estão sendo investigados por ter
casas na região da capital.
A data
prevista para a retirada dos vagabundos foi 15 de abril e, no dia anterior, o
bravo juiz disse que o acordo feito com os invasores seria "improrrogável
e inegociável". No dia 15, eles saíram para um local no continente.
Segundo o juiz, serão investigados pela polícia.
Reproduzo
abaixo o post de Cacau Menezes, famoso colunista da capital catarinense, sobre
o líder desse movimento de desrespeitadores da lei. O texto é do jornalista
Renan Antunes, que dormiu por uma noite no acampamento dos invasores.
É de
estarrecer o comportamento do líder da invasão, um tal de Rui Fernando, que foi
militante – nenhuma surpresa - do PT e da CUT e que criou uma associação em
homenagem ao terrorista Carlos Marighella:
Dormi numa barraca da Ocupação
Amarildo de ontem para hoje, esperando pra ver como vai ser o despejo
daquela gente.
Pra entender o que
acontece, conversei longamente com Rui Fernando, líder do assentamento e da
desconhecida Brigada Marighella, organização bombando apenas entre os invasores
da Vargem Grande.
Surpresa: o homem que
lidera a Amarildo é funcionário público aposentado da Casan! Tem 50 anos, foi petista e sindicalista da CUT, hoje milita
no PCB.
O nome completo dele é Rui Fernando da Silva
Junior. Ele me contou que a invasão “foi nossa primeira ação”, o cartão de
visitas da recém-criada Brigada Marighella.
O líder explica que a brigada é de Floripa,
nossa, criação coletiva, lutamos por reforma agrária popular, por terra,
trabalho e teto, como verdadeiros comunistas.
Ele disse que o nome foi inspirado no
guerrilheiro Carlos Marighella, morto em 1969 pela ditadura militar: O nome
dele é sinônimo de luta. Rui Fernando tem 1,67 m, 68 quilos e cultiva um
cavanhaque bem aparado.
Usa boné com a bandeira de Cuba e a estrela de
Che, escondendo cabelos grisalhos. Veste uma jaqueta estilo militar. Fala com
sotaque manezinho. Catarinense de Capivari, pai de três filhos e avô de duas
crianças.
Ele veio do sindicalismo da CUT, mas
diz que “eu e meu grupo de camaradas rompemos com a estrutura peleguista,
estamos na ação direta”. Um dos filhos, a nora, um neto e a mulher também estão
na ocupação.
Rui Fernando contou que sua aposentadoria na
Casan é de mil reais. Ele cursou Direito na Unisul, mas não terminou a
faculdade. Quando não está na invasão, mora nos fundos da casa dos pais, em
Imbituba (70 km de Floripa).
Mais
da Marighella: “Nosso grupo vai atuar politizando jovens e trabalhadores, nas
ocupações urbanas, nas lutas por moradia e pela terra”.
A súbita notoriedade dele não
significa que Rui Fernando sairá candidato nas próximas eleições: “Não acreditamos no sistema político que
esta aí”.
Na ocupação, Rui Fernando está instalado na
“base” – uma casa que foi a sede da fazenda. Seu quarto tem montanhas de roupas
sujas e é dividida com um cachorro de pelo claro. Serve também de banheiro para
os ocupantes da Amarildo.
Parece que de hoje para amanhã a PM vai acabar
com a festa. Rui Fernando não está nem aí: “Se vierem, nossa luta vai continuar
no asfalto”.
Renan Antunes de Oliveira
P.S: se eu tivesse
seguido a carreira jurídica, seria um juiz assim.
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