quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Bolívia ameaça brasileiros e é recompensada com...

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... o nosso dinheiro!
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E N T R E V I S T A - Waldemar Gomes
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Blog da Amazônia - O senhor é brasileiro, mas vive há quanto tempo na Bolívia?
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Waldemar Gomes - Bem, estou lá já faz 47 anos. Fui pra lá cortar seringa, com meus pais, quando tinha 15 anos. Vivo na colocação Alto Mutum, na beia do Rio Abunã, há mais de 30 anos.
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- Quantos filhos o senhor tem?
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- Sou casado com brasileira e temos nove filhos. Todos nasceram lá, na Bolívia. Um deles até já serviu ao exército boliviano e só não morreu de fome porque a gente ajudava com alimento pro quartel. A minha colocação é muito boa de rancho e serviu pra ajudar a alimentar aos solados. Meus filhos já são todos de maior. Eles [bolivianos] disseram que vão me botar pra fora, que não tem jeito a dar.
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- Qual o tamanho da área que sua família ocupa?
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- Tem uns 500 hectares. Nós vive de cortar seringa, coletar castanha e das 60 cabeças de gado.
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- Mas o governo boliviano, com a ajuda de US$ 10,2 milhões do governo brasileiro, pode transferir as famílias para uma área distante da fronteira.
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- Eu não quero isso de jeito nenhum. Não dá pra aceitar uma coisa dessas. Como eu vou levar todas as benfeitorias? Como vou levar minha casa? Gastei R$ 7 mil para construir ela toda de madeira. Aqui, que é perto, os bolivianos já estão fazendo essa questão toda. Imagina o que vão fazer com a gente num lugar mais distante.
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- Quanto vale a sua propriedade?
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- Ela vale uns R$ 30 mil. Tem casa de madeira, coberta de telha, curral e paiol novo. Trabalhei muitos anos para ter esse patrimônio e não posso perder tudo de uma vez. Isso não é justo de jeito nenhum.
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- O que o senhor acha do acordo dos presidentes Lula e Evo Morales?
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- Está errado demais. O Lula deveria ter dado dinheiro pra indenizar a gente. Se os bolivianos chegassem e perguntassem quanto custa a minha propriedade, eu diria que vale R$ 30 mil. Se eles me oferecessem a metade do valor eu aceitaria sair numa boa. Agora sair de mãos abanando de jeito nenhum. Isso não é justo.
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- O que fazer então?
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- A Bolívia não vai ficar com isso de graça, não. Tem muito brasileiro revoltado com essa situação. Eu não vou deixar nada lá. Eu não quero ir para um lugar qualquer que eles vão oferecer. Eu prefiro tocar fogo na minha casa. Toco fogo em tudo e venho embora pra recomeçar a vida.
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- O senhor tem coragem de fazer isso mesmo?
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- Tenho, sim. Eu não tenho condição de gastar o que não tenho. Eu gastei, por exemplo, R$ 7 mil para construir minha casa. Eu não vou deixar ela na chave para um boliviano chegar e se apossar dela.
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- Tem mais gente pensando assim?
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- Tem gente com pensamento pior do que o meu.
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- Como assim?
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- Tem muita família de brasileiros pensando em fazer besteira com os bolivianos. Tem gente que tá pensando em ficar lá e matar esses caras. Quando estão no Brasil, os bolivianos parecem santos, mas lá são muito desumanos. Nesta semana mesmo eu vi eles tomando borracha. Um seringueiro vinha descendo o rio numa canoa e eles foram lá e tomaram a borracha. Chefe, eu pelo menos tenho uma partezinha aqui no Brasil, mas muitos tudo o que tem tá jogado lá dentro da Bolívia. Como é que alguém assim vai sair com uma mão no fecho e outra no cano, sem ter para onde ir nem onde ficar? Nenhum de nós vai mais pra dentro da Bolívia, ninguém quer isso.
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Fonte: Blog da Amazônia
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