sábado, 29 de maio de 2010

Batendo na cangalha

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'Brasília' vai entender?
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Helio Brambilla
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Em minha colaboração de ontem, tratei do boom do álcool. Volto hoje ao assunto iniciando por uma pequena digressão.
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Meu pai, desbravador do Norte do Paraná, tinha um burro de tração, voluntarioso e forte que atendia às necessidades domésticas, antes do primeiro jeep e do primeiro trator da família.
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Quando o burro ficava meio ‘manhoso’, meu pai dizia: “Bate na cangalha que o burro entende...”. Com efeito, bastava um estalar do chicote que o burro pegava o trote.
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Creio que os produtores de álcool não estão fazendo outra coisa que bater na “cangalha”... Resta saber se 'Brasília' vai entender!
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Com a queda das safras dos concorrentes como a Índia, o preço internacional do açúcar subiu muito, e como nossas usinas são bivalentes costumam direcionar a produção ora para a produção de álcool ora de açúcar.
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Como o preço do açúcar estava muito favorável, o Brasil produziu quase 5 milhões de toneladas a mais, em detrimento da produção do álcool. Bastou isso para que o presidente Lula saísse – no início do ano – deblaterando contra os produtores de açúcar como um Dom Quixote do alto do seu cavalo a espadachinar contra “moinhos de vento”! (F.S.P. 23/01/10/ B3).
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Assim ele cobrou “seriedade” dos produtores: “Quando o álcool está em um bom preço”, é “empresário na área de energia”, mas, “quando é o açúcar que está, você volta a ser empresário do setor de agricultura”.
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Haveria propósito na crítica se o governo e a sua Petrobrás tivessem feito a sua parte. Bautista Vidal – considerado um dos pais do Proálcool – com a sua peculiar verve baiana, chama sempre a atenção em suas palestras: “É pena que a cabeça dos dirigentes da Petrobrás não seja flex”.
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Agarrados como ostras no casco do navio, eles não querem dar espaço ao álcool que - querendo ou não - vai ocupando seu espaço no mercado! Quer me parecer que o procedimento dos produtores tenha sido um recado à política do governo, pois no ano anterior as usinas foram obrigadas a “entregar” álcool a R$ 0,50 o litro, uma vez que não possuíam caixa para cobrir suas despesas.
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A situação foi tão deplorável que deixaram de ser colhidas cerca 30 milhões de toneladas de cana. (Cfr. artigo “Safra do ano passado”, publicado nesta revista, edição de julho de 2009, pág. 14,15 e 16). Caso faltem meios para a colheita, se convocado, o Exército Nacional que sempre tem respondido ao chamado da nação, não se recusaria a colocar seus Batalhões de Engenharia e Construção para dar uma “mãozinha”.
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Concorreria assim para salvar a safra da cana e com ela produzirmos mais 3 bilhões de litros de etanol, que garantiriam o estoque de passagem para a entressafra. Os custos seriam devidamente compensados.
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Até breve.
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