Congresso Nacional só para inglês ver?
Sob o efeito da rebelião em sua base de sustentação no
Congresso, a presidente Dilma Rousseff já ameaça vetar o Código Florestal caso
os deputados forcem a aprovação de um texto que não seja de agrado do Planalto.
A bancada ruralista pressiona para que o projeto seja votado
logo, mas Dilma já avisou que não tem pressa e trabalha para que a votação
fique para depois da Rio +20.
A aprovação, às vésperas da conferência mundial sobre ambiente,
do texto que os ruralistas querem poderia representar constrangimento
internacional para o governo. O veto presidencial poderia, assim, neutralizar
as críticas dos ambientalistas.
Os líderes dos partidos no Congresso definirão amanhã quando o
assunto será posto em votação.
Segundo fontes do governo, há
opções em estudo para evitar novos confrontos com a base.
O código atual poderia ser ajustado às necessidades dos pequenos
agricultores por meio de três decretos -já prontos para edição- para
flexibilizar regras de recomposição de áreas desmatadas.
O decreto que suspende multas a desmatadores, que vence em 11 de
abril, poderia ser prorrogado mais uma vez, até que se forme consenso na Câmara
para aprovar a íntegra do texto do Senado, tido por Dilma como o meio-termo
possível entre ruralistas e ambientalistas.
Os ruralistas dão sinais de que entenderam o recado. O deputado
Moreira Mendes (PSD-RO), líder da bancada, acenou ontem com a possibilidade de
aceitar o texto do Senado, se este for incorporado ao parecer do relator na
Câmara, Paulo Piau (PMDB-MG).
Piau apresentou na sexta-feira parecer que
desfigura o texto do Senado, mas disse que é sujeito a mudanças.
"Todos votamos com o relator, não importa o que ele
traga", disse Moreira. Segundo ele, porém, deputados insatisfeitos com o
texto do Senado podem destacar itens para voto em separado - um risco para o
governo.
Fonte: FSP, 19/03/2012.
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