E agora?
O Brasil ficou às
escuras na terça e pegou fogo ontem.
A prisão de Henrique
Pizzolato reacende o caso Battisti. Lula foi particularmente heterodoxo ao pressionar
o STF para manter Battisti no Brasil, irritando a Itália. E agora?
Battisti, condenado à
prisão perpétua no seu país por terrorismo e assassinato, foi tratado no Brasil
como perseguido político. Pizzolato, condenado aqui por corrupção passiva, peculato
e lavagem, fugiu dizendo-se vítima de "julgamento de exceção".
Se o Brasil duvidou da
Justiça italiana, a Itália pode duvidar da nossa. Com o agravante de que
Pizzolato tem dupla nacionalidade, dificilmente será extraditado. Se não for
tomar sorvete em Mônaco, vai levar um vidão na Itália. Dinheiro não lhe falta.
E estava escrito nas
estrelas que nem todos os cubanos aceitariam passivamente que os outros
estrangeiros do Mais Médicos ganhem várias vezes mais que eles. Pior: que o
Brasil pague R$ 10 mil para Cuba e eles embolsem R$ 1 mil. E agora?
O governo Lula meteu os
boxeadores cubanos num avião de Chávez e os despejou rapidinho no regime dos
Castro. Mas a médica Ramona foi esperta: virou caso de mídia, de política e de
Justiça antes que os governos --o dela e o nosso-- acordassem.
Vai que a moda pega,
não haverá apenas uma fila de médicos cubanos pedindo asilo ou refúgio, mas
também um pandemônio na campanha do ex-ministro Alexandre Padilha ao governo de
São Paulo. Sua principal bandeira já começa esgarçada.
Por falar em campanha,
os maiores aplausos para Dilma no congresso do PT que a lançou em 2010 foi
quando fechou a cara e jurou que nunca mais haveria apagão neste país. Aliás,
ela fez toda sua carreira no setor de energia... E agora?
Há ainda a rebelião do
PMDB, as suspeitas sobre a vaquinha dos mensaleiros petistas e, "last but
not least", a afronta do vice-presidente da Câmara ao presidente do STF.
Ele trocou o papel institucional pelo de militante aloprado. E agora?
Por Eliane Catanhêde - colunista da FSP
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