Câmara dos Deputados (26/2/2014)
O
SR. LAEL VARELLA (DEM-MG) pronuncia
o seguinte discurso:
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados
A insanidade de
certas leis ambientalistas vem causando preocupação, doenças e muito prejuízo
em Minas e nos outros estados da Federação. Nas áreas rurais, os brasileiros enfrentam
uma dura e cotidiana batalha contra a bioadversidade como pragas e doenças que
atacam pessoas, animais, cultivos e o meio ambiente. Muitas delas que pareciam
extintas vêm galopando de volta sob o silêncio e a omissão dos governantes. Na
verdade, a biodiversidade se transforma em bio-adversidade.
O
pesquisador da Embrapa, Dr. Evaristo E. de Miranda, publicou no jornal O
Estado de São Paulo, 24.01.2014, um esclarecedor artigo contra esta bio-adversidade no
qual ele aponta os males absurdos que o ambientalismo dominante vem trazendo
para o Brasil e para a própria natureza. Cita o exemplo da proliferação das
capivaras em espaços urbanos e áreas agrícolas.
Para
o pesquisador, além da destruição da vegetação, as capivaras disseminam a febre
maculosa, por meio do carrapato-estrela, responsável pela morte de muita gente,
Brasil afora. Mostra que até placas já são colocadas pelas prefeituras com a
advertência: "Capivaras. Afaste-se. Risco de febre maculosa".
Sede um lado não é tarefa fácil eliminá-las, de outro, constitui crime
ambiental inafiançável, o que deixa os prefeitos de mãos atadas.
Mas
se fossem apenas as capivaras! Problema semelhante ocorre com a proliferação de
micos, saguis e até do macaco-prego, capazes de devorar ovos e filhotes, mesmo
nos ninhos mais escondidos. Eles causam o declínio e a extinção local de
populações de aves, ademais de invadir residências e destruir a vegetação.
Outro
exemplo que estudioso cita é o das pombas, chamadas de ratos do céu;o
das maritacas que já começam a invadir as cidades, e que não cessam de se
multiplicar, causando danos às instalações elétricas. Com a pomba-amargosa e
outras pragas aladas, as maritacas chegam a impossibilitar o cultivo de
girassol, sorgo e outras plantas. E ainda elas danificam a fruticultura, atacam
grãos como o amendoim durante o transporte.
Outro
grave problema apontado é multiplicação das lebres e dos javalis provenientes
da Argentina e do Uruguai. Para o Dr. Evaristo de Miranda, a superpopulação da
lebre europeia virou caso de segurança aeroviária. O grande número desses
animais ágeis e de hábito noturno preocupa a operação de aeroportos. Sua
reprodução crescente e rápida torna inviável a produção de hortaliças. Elas
destroem plantações de maracujá, laranjais e cafezais em formação.
Não há
cerca ou tela capaz de contê-las. Um dos maiores prejudicados é o coelho
nativo. O tapiti e seus filhotes são mortos pela lebre, que invade e ocupa suas
tocas. Já o javali segue em expansão e ataca as mais diversas lavouras e
ambientes naturais.
Não há defesa contra esse animal agressivo que chega a 200
quilos, atua em bandos e invade até mesmo criações de suínos em busca de
fêmeas. Em áreas protegidas, o javali ocupa o hábitat e concorre com a queixada
e o cateto.
Insiste
o estudioso da Embrapa que sem manejo adequado, a recuperação das áreas de
preservação permanente e de reserva legal, determinada pelo novo Código
Florestal, criará corredores e novos espaços para ampliar ainda mais essas
pragas e as doenças transmitidas.
Seu contato com a fauna selvagem e doméstica
ampliará a proliferação de várias doenças, como febre amarela, aftosa, lepra,
raiva e leishmaniose, entre outras. Sem gestão territorial e ambiental, a
introdução e a aproximação desses animais de áreas rurais e urbanas tornará
inviável a eliminação de diversas doenças e trará novas – e difíceis –
realidades ao combate às zoonoses.
E
o rol das adversidades continua aumentando com os invertebrados como mosquitos,
pernilongos, carapanãs, borrachudos e assimilados. A dengue, transmitida pelo
mosquito Aedes aegypti, ultrapassou 1,5 milhão de casos em 2013,
três vezes mais do que em 2012! Um recorde como nunca antes se viu na História
deste país. Foram 500 mortes registradas. E crônicas prosseguem a febre
amarela, a malária, a oncocercose.
E
não para aí. A bioadversidade provocada por vermes e assimilados também faz o
seu caminho: esquistossomose, chagas, toxoplasmose, amebíases, lombrigas e
giardíases proliferam. A falta de saneamento e de água tratada afeta
criticamente tanto populações amazônicas ao longo de grandes rios como a
periferia de cidades e áreas rurais.
Mais de 88% das mortes por diarreia se
devem à falta de saneamento e 84% dessas mortes atingem as crianças. As
infecções são contraídas pela ingestão de água ou alimentos contaminados.
Apesar dos progressos (entre 2010 e 2011 houve um aumento de 1,4 milhão de
ramais de água e 1,3 milhão na rede de esgotos), não se coleta nem metade do
esgoto. E, do coletado, apenas 38% recebe algum tratamento. As inundações de
verão, além de deslizamentos, trazem a leptospirose e o perigo do tifo e do
tétano.
Se
tudo isso não bastasse, Sr. Presidente, o competente pesquisador aponta para os
exércitos de carrapatos, percevejos, moscas, mutucas, baratas, escorpiões,
aranhas, morcegos hematófagos e transmissores da raiva, caramujos gigantes,
serpentes peçonhentas e outras ameaças sempre recebem reforços externos. A
recém-chegada lagarta Helicoverpa armigera já trouxe prejuízos
de bilhões à agricultura brasileira! Isso não se resolve apenas com reflexões
metafísicas. É preciso agir.
E
o autor do estudo afirma que explicações simplistas de que o desmatamento ou o
"desequilíbrio ecológico" levam esses animais a se refugiar em
cidades não servem nem como piada. No mundo inteiro existem gestão e manejo
ambiental, como abate direcionado de animais e uso preventivo do fogo, por
exemplo, até em unidades de conservação.
No Brasil não se pode fazer manejo e
gestão ambiental nem sequer em áreas agrícolas. Capacitar técnicos para o
manejo seria indução ao crime. A política resume-se a aplicar redomas legais de
proteção sobre territórios e espécies, mesmo se invasoras ou em
superpopulação. Não existem ações efetivas de controle dessas populações.
Sr.
Presidente, a situação sanitária atual e futura precisa ser objeto de uma
atenção mais racional e preventiva. Como enfrentar essa bioadversidade quando
qualquer tipo de caça é crime e a posse de armas, mesmo em áreas rurais
isoladas, é quase impossível?
Atente-se,
Sr. Presidente, para a conclusão do Dr. Evaristo de Miranda: "Maior que
o desafio de preservar a natureza é o de geri-la e controlar suas populações
animais. Enfrentar a bioadversidade exige, além de financiamento, um cabedal de
ciência, inovação e competência, algo raro, quase em extinção, no campo
ambiental".
Tenho
dito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário