Denúncias incluem
gastos de R$ 32,2 milhões com empresas de aliado da senadora
- Agência
O Globo
A futura ministra da Agricultura, Kátia Abreu
(PMDB-TO), é acusada pela oposição na Confederação Nacional da Agricultura
(CNA) de gestão temerária à frente da entidade e de não permitir o acesso
integral à prestação de contas de 2013, aprovadas pelo Conselho de
Representantes (órgão deliberativo máximo) no dia 25 de abril deste ano.
Kátia
foi reeleita para a presidência da CNA em outubro, em eleição contestada na
Justiça. Por meio de sua assessoria de imprensa, a senadora respondeu que as acusações
não têm fundamento.
Os opositores apontam uma série de irregularidades.
As denúncias vão de gastos de R$ 32,2 milhões com empresas de informática de um
aliado da senadora a não contabilização de recursos que teriam sido recebidos
de convênio com o Sebrae.
Além disso, apontam que não haveria comprovação de
despesas de R$ 31,1 milhões na rubrica de "projetos da presidência" e
"serviços de terceiros".
Em julho de 2014, o presidente da Federação da
Agricultura do Estado do Paraná, Ágide Meneguette, protocolou uma ação
na Justiça Trabalhista de Brasília na qual acusa Kátia Abreu de aprovar
apressadamente as contas de 2013 sem permitir que os presidentes das federações
tivessem acesso à documentação.
Ele argumenta que o exame das contas poderia
ser feito até 31 de maio, mas a presidente da CNA teria exigido a votação em 25
de abril, mesmo sem a presença do presidente do Conselho Fiscal.
Segundo a denúncia, apesar de faltarem documentos
contábeis, as contas foram aprovadas porque a presidente é apoiada pela maioria
dos presidentes das federações.
Na reunião do Conselho Fiscal em 15 de abril, o
conselheiro Carlos Fernandes Xavier chamou a atenção para o gasto de mais de R$
9 milhões com "serviços profissionais de pessoas jurídicas" e pediu
mais informações.
No entanto, conforme ata do encontro, a
superintendente administrativa, Benildes de Barros Garção, disse que dependia
de outras áreas para fornecer a relação dos pagamentos, o que não seria
possível naquele momento. Mesmo assim, as contas foram aprovadas, com a
ressalva de que Xavier queria ter acesso aos documentos.
Num demonstrativo das despesas realizadas pela
entidade consta pagamento de R$ 62,5 mil à Talk Comunicação, embora pelo
contrato assinado esse valor refere-se a pagamento mensal, o que daria R$ 750
mil anuais.
A Talk pertence ao empresário Luiz Alberto Ferla, também
proprietário de outras duas empresas que atuam para a CNA - a Knowtec e a
Suiteplus. Juntas, elas receberam R$ 32,2 milhões desde 2009.
A assessoria da CNA informou que todas as contratações
e gastos de Kátia Abreu na presidência foram aprovados pelo Conselho Fiscal,
por auditoria externa independente e pelo Conselho de Representantes.
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