A fraude do 2014 “ano mais
quente do século” indigna cientistas
Luis Dufaur
O total a pagar no supermercado deu R$ 20,01. Paguei com uma nota de
vinte e o caixa ignorou o 0,01. Perguntei-me se com esse centavo eu não teria
batido meu recorde de riqueza. Evidentemente, um centavinho é irrelevante.
Mas, indaguei a mim mesmo se continuando a acumular um centavo
anualmente chegaria a ficar mais rico que Bill Gates. Mas esse centavo somado a
muitos outros não mudarão em nada a minha existência.
Ninguém ache que eu estava ficando louco. Na verdade, eu estava
raciocinando como ‘aquecimentista’, pois acabava de ler num envelhecido jornal
paulista notícia originada na Agência Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) de
que a temperatura global da Terra bateu em 2014 o recorde desde que as
temperaturas globais começaram a ser registradas, em 1880.
Outros jornais e revistas publicaram matérias análogas. Passo um véu
sobre eles para poupá-los da vergonha que exponho a seguir.
Dr. Patrick J. Michaels: “Pode-se distinguir 58.46° Fahrenheit de 58.45°? Numa só palavra: - NÃO”.
A mundialmente conhecida agência espacial norte-americana NASA também
produziu uma análise independente com base nos mesmos dados e concluiu o mesmo
numa comparação com o período de 1951 a 1980.
A conclusão, aparentemente irrefutável, de que a o aquecimento global da
Terra ficou demonstrado e que caminhamos para uma espécie de morte planetária
de calor, não estava somente nos jornais e revistas tidos como sisudos.
A informação era reforçada por comentários alarmistas de ONGs militantes
“verdes por fora e vermelhas por dentro”, únicos parceiros que esses órgãos de
mídia admitem em suas páginas.
Acostumado aos trotes do alarmismo verde, fui procurar fontes
científicas respeitáveis. E achei meu centavinho, meu alarmante enriquecimento
futuro!
Explico-me melhor.
O astrofísico Dr. David Whitehouse explicou os dados com clareza
esfuziante: “Essa fala de um recorde carece de sentido científico e
estatístico”. Por quê? A resposta está nos números.
O climatólogo Dr. Patrick J. Michaels, diretor do Centro para o Estudo
da Ciência no Cato Institute, jogou no lixo o título de “ano mais quente”
atribuído a 2014 com uma pergunta e uma resposta diretas: “Pode-se distinguir
58.46° Fahrenheit de 58.45°? Numa só palavra: NÃO”.
Meu centavinho e o sonho de ficar mais rico que Bill Gates também
recebeu um rotundo 'não'.
Mas meu centavinho vale mais do que a diferença de 0,018º F! Em graus
centígrados, a diferença entre 2005 e 2010, recordes anteriores, com 2014 foi
de 0,006º graus centígrados, nossa escala para medir o calor.
Tem razão o Dr. David Whitehouse ao falar de irrelevância estatística
considerando-se o grau de incerteza levado em conta no trabalho científico.
Judith A. Curry, chefe do Departamento de Ciências Climáticas do Georgia Tech
Para a climatóloga Judith A. Curry, do National Research Council's Climate Research Committee, “os dados de 2014 essencialmente comparáveis aos de 2005 e 2010 mostram que não houve tendência alguma rumo ao aquecimento.
A Dr. Judith A. Curry disse para o “The Washington Post”: “Apresentando os dados de 2014 como essencialmente comparáveis com os de
2005 e 2010 enquanto anos mais quentes, está se afirmando que basicamente não
houve tendência alguma rumo ao aquecimento ao longo da última década”.
Compreende-se que o físico teórico checo Dr. Lubos Motl, professor na
Universidade de Harvard, tenha aconselhado: “Por favor, ria bem forte quando alguém fala para você que este (2014)
foi o ano mais quente”.
O resto é treta midiática, e não pouca, como veremos.
Uma delas provém de uma controvérsia científica: os dados sobre o clima
fornecidos pelos satélites divergem dos dados colhidos na superfície da Terra.
E divergiram também em 2014, dando azo a manipulações midiáticas.
Os dados da atmosfera colhidos pelos satélites são tidos como mais
acertados. E os dados satelitais de 2014 não apontam o ano como “o mais quente
do século”. A própria NASA propôs em 1990 que os dados dos satélites deveriam
ser adotados como padrão.
Para Marc Morano, ex-diretor de comunicações da Comissão do Senado dos
EUA para o Meio Ambiente e Obras Públicas, trata-se de um jogo político e não
científico.
“Pretender que foi o ‘ano mais quente’ com base em centésimos de grau é
um jeito extravagante para dizer que continua a pausa do aquecimento global”,
acrescentou.
Dr. James Hansen, um dos maiores ativistas do ‘aquecimento global por causa humana’.
Até James Hansen, o proeminente líder do ‘aquecimento por causa humana’
e diretor do reputado Goddard Institute for Space Studies (GISS) da NASA,
defendia antes de se aposentar, não ter sentido qualificar os anos segundo um
ranking de “mais quente”.
Hansen explicou-o com base na diferença observada entre 2010 e 2005,
inferior a 2 centésimos de grau Fahrenheit (hoje se faz onda por 0,018F). “Não
é importante se 2010, 2005, ou 1998 foram os mais quentes”, reconheceu.
Mas o leitor comum não tem acesso ao mundo científico. E fica à mercê da
honestidade da grande mídia ... ou de sua falta de honestidade...
Enquanto escrevia este já longo post, fui procurar atualização de fontes
científicas. Encontrei um panorama de desmaiar.
Uma onda de cientistas está acusando a NASA e a NOAA de “burlarem do
público”, de “confundir”, “enganar” e até de “mentir”.
Diante das denúncias dos cientistas, a NASA reconheceu que só tinha 38%
de certeza de que o ano 2014 tivesse sido o mais quente do século quando emitiu o
primeiro comunicado, geralmente vituperado.
E depois, junto com a NOAA, a NASA concedeu que mais provavelmente o ano de 2014
não tivesse sido o mais quente.
A honestidade dessas agências governamentais está sendo contestada,
especialmente por ocultar ao público a incerteza habitual em torno dos dados
utilizados para o espalhafatoso anúncio.
O climatólogo Roy Spencer manifestou seu mal-estar pela conduta da
comunidade científica no caso. O Prof. Lubos Mott acusou o responsável da NASA,
Gavin Schmidt, de ocultar dados, fazendo a mídia publicar mentiras para consumo
dos leitores.
A catadupa de imprecações não fica por aqui, mas poupo os leitores
devido à extensão do post.
A pena é que a mídia tupiniquim, que fez eco dessa enganação, não publique
as matérias certas que corrigem as falsas veiculadas por ela.
P.S.: Peças principais sobre a embromação midiática:
1) O comunicado da NASA que gerou o golpe midiático: “January 16, 2015 –
RELEASE 15-010 – NASA, NOAA Find 2014 Warmest Year in Modern Record”
Gavin Schmidt, diretor do Goddard Institute for Space Studies, da NASA,
responsável do comunicado embromador cuja margem de erro é de 62%!
2) The Daily Mail de Londres entrevistou a Gavin Schmid diretor do
Goddard Institute for Space Studies (GISS), da NASA, responsável pelo
comunicado que gerou o boato de 2014 ano mais quente do século.
Schmid respondeu que a probabilidade dessa afirmação ser certa é de 38%,
fritando a certeza científica.
Ver: “Cientistas do clima da NASA: nós dissemos que 2014 foi o ano mais
quente ... mas nós temos uma certeza de só 38% de estarmos certos” (“Nasa
climate scientists: We said 2014 was the warmest year on record... but we're
only 38% sure we were right”).
3) A Associated Press – AP corrige seu comunicado: “Esclarecimento sobre
a história do ano mais quente” (“Clarification: Hottest Year story”)
Algumas outras fontes de informação (a lista poderia ser ainda muito mais extensa. É fácil achar mais no
Google):
NewsBuster: “Cientistas da NASA admitem uma chance de só 38% de 2014 ter
sido o ano mais quente enregistado” (“NASA Scientists Admit Only 38% Chance
2014 Was Hottest Year on Record”)
Bretibart News: “Sérias dúvidas sobre o dito da NASA sobre ‘2014 o ano
mais quente já registrado’ (“Serious Doubt Cast on NASA’s ‘2014 Hottest Year on
Record’ Claim”)
Forbes: “Esqueça que segundo os registros 2014 pode ser sido o ano mais
quente nos últimos anos do 2000” (“Forget 'On Record,' 2014 May Have Been
Warmest Year In Last 2,000”)
Bretibart: “2014 não foi o ‘ano mais quente já registrado’. Então por que é que NASA diz isso?” (“2014 Was Not the ‘Hottest Year on Record’. So Why Did NASA Claim It Was?”)
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