quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Homenagem à ditadura da Guiné com $$$ de construtoras brasileiras?



Diretor da Beija-Flor diz que construtoras patrocinaram o desfile


O ESTADO DE S. PAULO
18 Fevereiro 2015 | 23h 20

Integrantes da escola afirmam que verba não veio do governo da Guiné Equatorial, país homenageado; críticas se multiplicaram 

RIO - O diretor artístico da Beija-Flor, Fran Sérgio, disse nesta quarta-feira, 18, que as construtoras ARV, Queiroz Galvão e Odebrecht patrocinaram o desfile da escola de samba, a vencedora do carnaval do Rio de 2015. 

Integrantes da escola haviam afirmado antes que a ARV e a F & Costa bancaram o enredo, e a Queiroz Galvão e a Andrade Gutierrez deram apoio quando membros da agremiação foram se apresentar na Guiné, em 2013.

Em 2014, a Beija-Flor terminou na sétima colocação e isso provocou uma série de protestos de seus dirigentes à Liga Independente das Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio (Liesa). 

Ao longo dos últimos meses, 20 dos 36 julgadores de 2014 foram substituídos. O presidente da escola, Farid Abraão David, comemorou a vitória. “Finalmente fizeram justiça.”

Polêmica. A Beija-Flor conquistou seu 13.º título do carnaval carioca com um enredo em homenagem homenagem à Guiné Equatorial, país pobre da África Ocidental que vive sob o regime de um mesmo ditador há 32 anos. 

A escola recebeu entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões para o desfile. Inicialmente foi divulgado que o dinheiro teria vindo do governo do país, mas integrantes da escola dizem que a verba foi doada por construtoras brasileiras que atuam na Guiné Equatorial.

Durante o desfile da Beija-Flor, o vice-presidente de Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Mangue, filho do ditador, dançava e cantava o samba. Ele ficou em um camarote particular com cerca de 40 convidados de seu país. 

A comitiva fechou um andar no Hotel Copacabana Palace, o dos quartos mais caros. Seu pai, Teodoro Obiang, não veio ao Brasil. Ele é bilionário, segundo a revista Forbes, enquanto a maior parte dos habitantes do país vive na miséria.
Os dirigentes da Beija-Flor não se manifestaram sobre a questão. “Não existe essa polêmica. Tentaram jogar o povo contra nós, mas não conseguiram”, disse Nelsinho David, conselheiro da escola e membro da família de contraventores que comanda a Beija-Flor. Nas redes sociais, porém, não faltaram críticas.



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