Haddad admite regularizar terreno
invadido próximo do Itaquerão
A declaração ocorre
pouco mais de um mês depois de ele prometer regularizar outra invasão,
conhecida como Nova Palestina, na zona sul da capital, onde vivem cerca de
8.000 famílias.
Assim como ocorreu no
mês passado, o prefeito sofre pressão do MTST (Movimento dos Trabalhadores
Sem-Teto) para regularizar a invasão em Itaquera, batizada de Copa do Povo, em
alusão ao Mundial.
Na madrugada do
último sábado, sem-teto que chegaram em ônibus e carros montaram centenas de
barracas no terreno.
Haddad disse que a área pode ser destinada à
população de baixa renda caso o dono - não identificado até ontem - tenha dívidas
de IPTU, como alegam os sem-teto.
"É possível
[regularizar] e o momento seria agora. Eu pedi para apurar a situação fiscal,
quem é o proprietário, se a área é possível para a produção de moradias",
afirmou Haddad, que diz existir "pressão enorme" por moradia.
O líder do MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Guilherme Boulos, afirmou que agora
voltará a pressionar a Câmara, onde apresentará uma emenda ao Plano Diretor
para que o projeto inclua o terreno de Itaquera -de 150 mil m²- no mapa de
moradias populares.
Na semana passada, um
dia antes da aprovação do plano, os sem-teto entraram em confronto com a PM na
frente da Câmara após a interrupção da sessão que discutia o projeto.
Em abril, o prefeito
subiu num carro de som do MTST e prometeu transformar a Nova Palestina - invasão
em área de preservação no Jardim Ângela (zona sul) - em área de habitação
popular.
Ele, porém,
condicionou isso à aprovação do Plano Diretor e sugeriu que os sem-teto fossem
cobrar os vereadores na porta da Câmara.
Presidente da comissão
responsável pelo plano diretor, o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) disse que as
"as palavras de Haddad são um estímulo a invasões".
"Já há áreas de
interesse social suficientes, o que precisa é construir nelas. Ninguém precisa
invadir", disse.
Presidente do Secovi
(sindicato da Habitação), Cláudio Bernardes, criticou os sem-teto. "Essa
postura [invadir] é um perigo para a democracia. Reconhecemos a necessidade de
moradia, mas invasão de propriedade é um ato ilegal", afirmou.
Hoje, um grupo do MST
(Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) iniciará uma marcha em Itapevi (Grande
São Paulo) em direção à capital, onde farão um ato junto com os sem-teto para
reivindicar moradia e reforma agrária.
CÉSAR ROSATI
GIBA BERGAMIM JR.
STEFANIE SILVEIRA
Folha DE SÃO PAULO
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