Líder de movimento dos sem-teto é preso em Brasília. Ele morava
em um apartamento confortável, tinha carro do ano e extorquia os associados
Há cinco anos, Edson Francisco da
Silva recebeu a missão de montar em Brasília uma célula do Movimento dos
Trabalhadores Sem-Teto (MTST) — uma versão urbana dos baderneiros do MST.
A
exemplo da sede, a sucursal da organização faz seu proselitismo usando a
boa-fé de pessoas humildes. Em l9 de dezembro, Edson e seis companheiros de
luta foram presos pela Polícia Civil do Distrito Federal acusados de integrar
uma quadrilha responsável por diversos crimes. Edson não era o que parecia.
Não
era sequer um sem-teto. À noite, ele e a família deixavam os imóveis invadidos
— normalmente desprovidos de água e luz — e iam descansar num confortável
apartamento alugado de dois quartos, a bordo de um carro do ano avaliado em 80
000 reais.
Edson não era apenas um
farsante.
Para ingressar nos quadros do
movimento, ele cobrava do interessado uma mensalidade. O governo de Brasília
paga 600 reais por mês de auxílio-aluguel para famílias ligadas ao grupo. O
"líder" ficava com a metade do dinheiro. Edson não era apenas um
espertalhão.
Quem não pagava as taxas, além de perder os benefícios que o grupo
conseguia, era perseguido e ameaçado. O líder do movimento mantinha uma turma de
capangas treinados para intimidar os inadimplentes.
A matriz do MTST descobriu
que Edson da Silva roubava os pobres e decidiu expulsá-lo em maio deste ano.
Nada que abalasse os negócios. Ato contínuo, ele fundou o Movimento de
Resistência Popular (MRP) e passou a executar ações ainda mais ousadas.
A principal delas foi a invasão do
hotel Saint Peter, no centro da capital. Em setembro, manifestantes ocuparam
boa parte dos quartos do hotel durante dias. Além de depredarem as instalações,
como de costume, eles furtaram televisões, objetos de decoração e bebidas.
O
que os bandidos não sabiam é que a polícia já estava monitorando o grupo. Na
casa de um dos líderes, os agentes encontraram eletrodomésticos, taças e vinhos
que tinham sumido da adega do hotel. VEJA teve acesso ao material coletado
durante as investigações. Nele, fica evidente que os "sem-teto" se
comportavam como máfia.
Edson tinha um informante no coração
do governo. O suspeito da polícia é Acilino Ribeiro, subsecretário de
Movimentos Sociais e Participação Popular do governador Rodrigo Rollemberg
(PSB-DF). Dias antes da prisão do grupo, Ilka Conceição, mulher de Edson, em
uma conversa telefônica interceptada, informou ao marido que a polícia havia
instalado escutas em um dos prédios invadidos pelo movimento: "(Acilino)
disse que tem escuta aí. Vou chegar aí, eu vou falar "Acilino, então vamos
queimar Rollemberg e você agora"".
O currículo de Acilino é curioso:
ele é um ex-guerrilheiro que trabalhou como segurança do ditador líbio Muamar
Kadafi na década de 70. "Ela deve ter lido isso no meu livro Estratégia e
Tática da Luta Revolucionária. Escrevi que, aonde os movimentos sociais forem,
a polícia sempre vai usar agentes de inteligência para acompanhar",
garante Acilino Ribeiro.
Fonte: Veja, 16/12/2015
"O que é certo, indiscutível,
solarmente claro, é que o comunismo, em lugar de diminuir o número dos pobres,
transforma em pobres todos os habitantes de nações inteiras. A evidencia deste
fato para o grande público constitui o aspecto positivo deste torvo e
tumultuoso ano de 1972, que os teve tantos negativos. Pois contra os pregoeiros
do comunismo, qualquer um pode lançar em face a inconsistência da meta que
adotam."
(Plinio Correa de Oliveira em 1972)
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