Quem tem Cuba como amiga, precisa de inimigo?
Por Daniel Martins
Os jornais publicaram, com alarde, mais um “avanço” na negociação de paz
entre o governo colombiano e a guerrilha marxista, as FARC, que há décadas
assola com violência e pânico o nosso país irmão.
Dessas negociações, o mínimo que se pode dizer é que são injustas, pois
do modo como estão se desenvolvendo, põem em pé de igualdade o agressor e a
vítima, isto é, os guerrilheiros terroristas e o povo colombiano. A
última parte do acordo inclui um Tribunal de Paz, que julgara os “crimes” de
ambas as partes. Uma comissão da verdade com efeito penal… a que abusos não
estará sujeita?
O bandido invasor entra em casa, rende a família, e atira no filho do
dono, que com uma faca de cozinha tentava defender sua irmã da acometida do
assaltante. Chega a polícia, e após tentar acalmar os ânimos das partes,
põe o ladrão e o pai à mesa. Os termos da discussão: é preciso que o
filho e o bandido reconheçam seu erro, e se indenizem mutuamente. Pode-se
chamar isso de paz? Não cabe ao dono da casa a propriedade inteira? E a
legítima defesa do filho, como fica?
* * *
Mas enfim, deixemos isso de lado por hoje. O que realmente queria pôr em
foco é que um dos garantes de paz é… Cuba! O quadro do ladrão e do pai de
família se agrava: o garante das negociações é o mesmo que arrombou a porta
para a entrada do bandido…Sim, é universalmente sabido que Cuba sempre promoveu
e secundou os esforços das FARC na Colômbia. E agora não só participa das
negociações de “paz”, mas senta-se à mesa como garante!
Mas por que comentar isso agora, sendo a participação de Cuba nas
tratativas um fato já sabido há meses? É que acabo de ler que, após a retomada
das relações entre EUA e Cuba, o regime apertou o cerco contra os dissidentes
do regime comunista. “Cuba ainda é um estado de partido único e a normalização
com Washington deixou as autoridades comunistas mais inquietas com a
dissidência e determinadas a reprimi-la” (OESP 17/12/15)
Segundo o mesmo jornal, “dezenas, e às vezes centenas de ativistas são
detidos ou presos a cada domingo”. Ainda segundo o diário, foram computadas só
em novembro último 1.447 prisões políticas ou detenções arbitrárias. Faço notar
que nenhum ativista levou dinamite, bomba, nem o famoso “colar da morte”
utilizado pelas FARC.
Esse é o governo, ao lado do norueguês, “garante” das negociações de paz
na Colômbia. Para ser coerente, o governo Cubano deveria no mínimo abrir
negociações de paz com os dissidentes… cuja dissidência não poderia ser mais
justa, após décadas de repressão comunista!
É com razão que largos setores da opinião pública colombiana estão
francamente descontentes e desconfiados, conforme me informou há pouco um
membro do Centro Cultural Cruzada, entidade co-irmã do Instituto Plinio Corrêa
de Oliveira, que atua naquele país. Pois quem tem Cuba como amiga… precisa de
inimigos?
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