Para 2015, produção e produtividade
devem manter os níveis da última safra; cerca de 10% devem ser encaminhados
para exportação; volume de estoques públicos é o menor dos últimos anos
Apesar do atraso e da perda do período ideal para
plantio de arroz desta safra, representantes do setor apostam em preços
elevados para 2015, visto que os estoques públicos e privados atingiram os
menores níveis em cinco anos. Além disso, as exportações entram no radar dos
produtores.
Dados da Conab mostram que, em 2013, os
estoques de Aquisições do Governo Federal (AGF) chegaram a 346,2 mil toneladas,
menor nível desde 2009. Na mesma linha, as 554,3 mil toneladas adquiridas
através de Contratos de Opção marcaram o volume mais baixo desde o ano de 2008.
Com o intuito de suprir áreas de escassez na oferta e reequilibrar o mercado de
preços e produção, a Conab realizou, na última semana, mais um leilão de venda
de arroz, uma vez que o preço praticado no Rio Grande do Sul - maior estado
produtor - está cerca de R$ 15 acima do mínimo estabelecido pela companhia.
"A grande diferença deste período é que não temos grandes estoques
remanescentes de outras safras, isso dá ao produtor um pouco mais de poder de
barganha", explica o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros
do Rio Grande do Sul (Federarroz), Henrique Dornelles.
Nesta relação entre oferta e procura, a analista de mercado do Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Maria Aparecida
Braghetta, destaca que os produtores estão retraídos, preocupados com o
desenvolvimento da lavoura e à espera de valores melhores.
Do outro lado, a
indústria mantém a demanda aquecida a fim de cumprir seus contratos nos
mercados interno e externo. "Este movimento valoriza os lotes,
principalmente, no período em que estamos, de baixa oferta", acrescenta.
Com foco em Serra Leoa, Nigéria, Iraque, Cuba e Venezuela, as exportações
aparecem entre os objetivos do setor, responsáveis por cerca de 10% da produção
da safra 2014/2015.
"Vale lembrar que o dólar alto ainda favorece a venda para o mercado
externo, apesar de piorar os custos de produção. Importamos entre 900 mil e um
milhão de toneladas apenas por força de um acordo com o Mercosul",
enfatiza o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Cláudio
Pereira.
Produção
O último levantamento do Irga, divulgado na segunda-feira (15), indica que
98,54% da área gaúcha destinada ao arroz está plantada, um total de 1,10 milhão
de hectares.
O presidente da Federarroz conta que, mesmo com o período ideal para plantio
tendo terminado em meados de novembro, a região deve produzir entre 8,2 e 8,4
milhões de toneladas, em linha com o resultado de 2013/2014 ou com um leve
crescimento.
Pereira lembra que pelo menos 80% da safra foi plantada na data correta e, se o
clima de janeiro e fevereiro for bom, é possível manter a produtividade e
qualidade do grão.
"O arroz plantado em dezembro entrará no período reprodutivo em março,
quando a tendência é de chuva e menos luminosidade. Geralmente, esta etapa
acontece até fevereiro, porque o sol ajuda o desenvolvimento dos cultivares. O
ideal, agora, é que não chova tanto em março", comenta Dornelles. Para a
analista do Cepea, é cedo para prever 2015, vai depender do clima e como a
indústria se preparou para o primeiro trimestre.
DCI, 18 de dezembro de 2014/ Nayara Figueiredo
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