Desfazendo um equívoco
Gregorio Vivanco Lopes (*)
Cresce o número dos que se dizem decepcionados com o Partido
dos Trabalhadores. As manifestações de rua e as páginas dos jornais o atestam
com exuberância.
O PT do Mensalão, da introdução da Venezuela no Mercosul e das
capitulações diante de Evo Morales ter-se-ia tornado fisiológico, oportunista,
enganador e, ademais, só preocupado com o avanço da esquerda no mundo, pouco
ligando para o interesse público.
Uma decepção inteiramente explicável, mas que repousa sobre
um equívoco, a respeito do qual queremos tratar aqui.
O equívoco consiste em achar que houve uma mudança no PT.
Não, não houve. O PT nunca foi aquele partido idealista, impoluto, voltado para
o bem do País, que a propaganda anunciava. Aqui reside o engano. Explico-me.
Desde sua origem o PT sofre forte influência marxista, que
lhe vem tanto da esquerda católica quanto da esquerda leiga que o constituíram.
O PT não é nem nunca foi um partido criado para resolver os problemas da vida
presente; pelo contrário, seu objetivo é conformar a sociedade e o Estado
segundo os ditames teóricos traçados no século XIX por Marx e seus sequazes.
Suas ideias sobre a pobreza, a luta de classes, as desigualdades, e tantas
outras, recendem ao marxismo mais transato.
Coerente com a doutrina marxista existe a moral marxista ––
na realidade, a não moral ou imoral –– segundo a qual é bom tudo que ajuda a
implantar o socialismo, e mau o que impede ou dificulta sua implantação.
Apropriar-se dos bens públicos será bom se ajudar a socialização, e manter a
palavra dada ou desmenti-la se fará na medida em que favorecer a causa.
Perseguir alguém ou favorecê-lo independe de seus méritos pessoais, o
importante é saber o que convém mais à causa.
Já o teórico comunista V. Kolbanoski escrevia em 1947: “Só é
moral a conduta dos homens baseada na grande luta pela libertação da humanidade
de todos os jugos e de quaisquer formas de exploração. [...] Durante a
transformação socialista da sociedade, realiza-se entre os homens uma renovação
do sistema moral. [...] Ensinar a moral comunista é, antes de tudo, educar os
homens soviéticos, a juventude soviética em particular, no espírito de uma
dedicação sem limites à causa do comunismo e de abnegação ao serviço da pátria
socialista” (A Moral Comunista, Problemas - Revista Mensal de Cultura Política
nº 17 – Rio de Janeiro, Fevereiro/Março de 1949).
De acordo com essa lógica, para um petista autêntico, nada
do que o PT tem feito é imoral. De modo que o PT não mudou. É o mesmo de
sempre, desde que foi articulado pela esquerda católica e a esquerda leiga.
Fica a pergunta: os novos impolutos que estão aparecendo no
cenário político serão diferentes?
(*) Gregório Vivanco Lopes é advogado e colaborador da
Agência Boa Imprensa (ABIM)
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