Lula busca FHC para discutir crise e
conter impeachment
Pedro Ladeira -
29.jun.2015/Fabio Braga - 24.mar.2015/Folhapress
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O ex-presidente Lula, do PT, e o
ex-presidente Fernando Henrique, do PSDB
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou
amigos em comum a procurar seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso,
e propor uma conversa entre os dois sobre a crise política. O objetivo imediato
do movimento é conter as pressões pelo impeachment da presidente Dilma
Rousseff.
Há cerca de duas semanas, amigos de Lula discutiram
separadamente com ele e FHC a possibilidade de um encontro dos dois. Os
contatos ocorreram às vésperas de o tucano viajar de férias para a Europa.
Lula disse a aliados que a conversa poderia ser por
telefone e antes de Fernando Henrique viajar. O tucano preferiu deixar a
definição de um eventual encontro para ser discutida depois que ele voltar ao
Brasil, em agosto.
Não foi o primeiro aceno de Lula à oposição. Em
maio, ele encontrou o senador José Serra (PSDB-SP) na festa de um amigo comum e
disse que gostaria de marcar uma conversa reservada. Lula derrotou Serra na
eleição de 2002.
Lula tem mantido somente os aliados mais próximos
informados sobre essas conversas, e só avisou que procuraria Fernando Henrique
na véspera de autorizar os contatos com o antecessor.
A intenção do petista é buscar um conciliador na
oposição para tentar dissipar, pelo menos dentro do PSDB, as forças que
trabalham pelo impeachment da presidente.
A crise que envolve Dilma aprofundou-se nas últimas
semanas, com o avanço das investigações sobre corrupção na Petrobras, a crise
econômica e a rebeldia dos aliados do PT no Congresso.
SEM INTERMEDIÁRIOS
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do
Instituto Lula afirmou nesta quarta-feira (22) que o ex-presidente não tem
interesse em conversar com Fernando Henrique nem soube de nenhum interesse da
parte do antecessor.
Por e-mail, Fernando Henrique disse à Folha:
"O presidente Lula tem meus telefones e não precisa de intermediários. Se
desejar discutir objetivamente temas como a reforma política, sabe que estou
disposto a contribuir democraticamente. Basta haver uma agenda clara e de
conhecimento público."
Serra não quis confirmar o conteúdo da conversa que
teve com Lula em maio, e disse apenas que não tem nenhum encontro marcado com
ele.
As informações sobre a movimentação de Lula foram
confirmadas à Folha por integrantes do Instituto Lula e políticos de três
partidos. Para a assessoria de Lula, "relatos anônimos" servem apenas
para alimentar "especulação".
RADICALIZAÇÃO
A aliados com quem discutiu o assunto, Lula disse
preferir uma conversa discreta com FHC. O petista tem procurado evitar que seus
movimentos ampliem a radicalização do ambiente político.
Lula, que fez recentemente críticas ao modo como
Dilma vem lidando com a crise, tem procurado agir como bombeiro e procurou
líderes do PMDB, como o senador Renan Calheiros (AL), para conter os ânimos no
Congresso.
O ex-presidente debateu com seus auxiliares durante
meses a decisão de buscar reaproximação com os tucanos. Os petistas sabem que a
radicalização da campanha presidencial do ano passado, em que Dilma atacou FHC,
tornou mais difícil o diálogo com eles.
No PSDB, há dúvidas sobre a conveniência de uma
conversa que tenha como tema a governabilidade de Dilma. Mesmo tucanos
considerados moderados, que hoje são contra o impeachment, temem que um diálogo
com o PT seja visto como conchavo e arranhe a imagem do partido.
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que
foi derrotado por Dilma na eleição presidencial do ano passado, é visto pelos
petistas como um dos principais obstáculos a qualquer tentativa de acerto entre
os dois grupos políticos.
[Lembre-se de Aécio declarou que não adianta querer empurrá-lo para a direita, pois para lá ele não vai... Assim são os nossos políticos].
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