Moradores de Viana (MA) negam origem indígena de
feridos em confronto
Carlos Madeiro
Colaboração para o UOL, em Viana
(MA)
05/05/201704h00
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Beto Macário/UOL
Carlos Augusto Nascimento, caseiro de uma das propriedades que
autodeclarados índios gamelas tentaram retomar na comunidade de Viana (MA)
A repercussão da violência no confronto entre indígenas e moradores da zona rural
de Viana (a 220 km de São Luís), no último dia 30, levantou
um debate entre moradores na cidade: quem são esses indígenas que teriam
surgido do nada e que são desconhecidos na região?
Durante dois dias, a reportagem do UOL andou por
comunidades e ouviu dezenas de moradores da área pleiteada pelos indígenas.
Todos afirmaram que não conheciam nem tinham notícias de ocupação indígena no
município há pelo menos dois séculos.
A disputa pela terra atinge antigos moradores de povoados, que têm a
posse das terras. Essa área, porém, seria pertencente aos índios gamelas, que
teriam recebido a doação da Coroa Portuguesa, ainda em 1759.
Os índios, dizem moradores, deixaram de viver em tribos e se integraram à cidade desde pelo menos o século 19.
Os índios, dizem moradores, deixaram de viver em tribos e se integraram à cidade desde pelo menos o século 19.
A partir de 2015, quatro propriedade foram ocupadas, e os donos legais
dela foram expulsos pelo grupo que se autodeclara indígena. A ação é chamada de
"retomada de território" e criou enorme tensão na região
disputada.
Casas de taipa em terrenos pequenos
Na terra requerida pelos indígenas não há grandes fazendas. São em sua
maioria pequenos proprietários e trabalhadores rurais que vivem da agricultura
de subsistência, como plantações e pesca, e dependem dos precários serviços
públicos.
São raras as propriedades com mais de dez hectares. Também não há casas
ou construções luxuosas --pelo contrário, são imóveis normalmente pequenos,
alguns de taipa.
É em meio a esse cenário que o grupo formado por cerca de 1.400
autodeclarados índios iniciou a série de ocupações. A última delas ocorreu
justamente no domingo. O alvo foi o sítio Ares Pinto.
A população local se rebelou contra a ocupação e teve início um confronto armado que expulsou os índios e resultou em 13 feridos hospitalizados.
A população local se rebelou contra a ocupação e teve início um confronto armado que expulsou os índios e resultou em 13 feridos hospitalizados.
Hoje, os gamelas não são registrados na lista de povos pela Funai
(Fundação Nacional do Índio) e não têm terras demarcadas ou mesmo em estudo
pela União. Apenas no ano passado houve um pedido oficial para realizar estudos
antropológicos e dar início a uma demarcação.
Moradora mais antiga diz que 'nunca
ouviu falar' em índio
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