Geadas no fim de abril danificaram vinhedos em
diferentes châteaux da região. Em alguns, a perda estimada é de 100% da
produção
03 maio 2017 | 20:36por Isabelle Moreira Lima
Produtores de vinhos franceses
estão desolados: depois de Champagne e da Borgonha, foi a vez de Bordeaux
sofrer o efeito de temperaturas negativas em plena primavera.
Segundo os
vignerons, como são chamados os vitivinicultores franceses, os vinhedos da
região foram acometidos pela pior geada em 25 anos.
Para completar, o timing
foi péssimo, pois graças a uma primavera prematura, as plantas já estavam em
estado avançado de crescimento. Isso significa que os brotos “queimados” pelo
gelo podem até renascer, mas não com a mesma qualidade.
Vinhedos de Fronsac, em Gironde,
Bordeaux, que teve a pior geada do século na última semana. Foto: Philippe
Roy | Aurimages
O clima entre os produtores de
Bordeaux é tão ruim – com o perdão do trocadilho – que são fortes os rumores de
que a safra 2017 pode nem mesmo existir. No geral, há poucos dados sobre os
estragos porque os produtores ainda estão tentando conter os efeitos da geada.
Presidente do sindicato dos viticultores locais, Xavier Coumau escreveu em sua
conta do Twitter que mandava boas vibrações para todos aqueles que lutam contra
o congelamento de Bordeaux. Segundo ele, pelo menos metade da safra total foi
perdida.
Em entrevista por e-mail,
Jean-Jacques Dubourdieu, diretor dos Domaines Denis Dubourdieu, nomeou sua
mensagem como “lágrimas de gelo”. Três dos cinco châteaux que compõem seus
domínios foram gravemente afetados: Clos Floridene, Château Haura e Château
Cantegril.
Segundo ele, Cabernet Sauvignon e
Sémillon, duas cepas que amadurecem mais tardiamente, são suas esperanças;
enquanto Sauvignon Blanc e Merlot, as mais precoces, serão raras em 2017. “Não
há o que fazer, não há o que dizer. Estou realmente triste”, afirma.
Perdas foram registradas em
Graves, Pessac, Listrac, Moulis, Margaux, Entre-Deux-Mers e em partes de Saint
Emilion e de Pomerol.
Mas nem tudo é desespero. O CEO
dos châteaux d’Yquem e Cheval Blanc, Pierre Lurton (leia ao lado), afirmou que
nas duas propriedades as perdas foram mínimas. Já em seu projeto pessoal, em
Entre-Deux-Mers, o prejuízo foi de 75% das safras. “Não consigo ficar bravo. É
a natureza”, afirma.
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