sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A renda rural já não é suficiente para manter uma...




 ... vida decente nem para o proprietário rural, quiçá para os trabalhadores

Sebastião Valverde

Vê-se nos noticiários florestais que os que não caíram no conto do vigário do discurso ambientalista xiita estão se deleitando do desenvolvimento florestal como Tocantins, Maranhão e Mato Grosso do Sul, enquanto aqueles amargam o retrocesso florestal vendo apáticos suas indústrias florestais estagnadas ou se zarpando. 

Também pudera, recentes Portarias nas Alterosas impossibilitam até minúsculos produtores de fazer carvão de eucalipto, imaginem para os grandes e para aqueles que um dia ainda sonham manejar suas florestas nativas para carvoejar como faziam seus antepassados?

Este modelo de gestão, em que pese tenha trazido algum benefício ambiental diante de tanta paranoia de comando e controle, suspeita ter provocado alguns estragos no meio ambiente por estar mantendo a pobreza no campo, recrudescendo a decadência rural, contribuindo para o aumento no êxodo e dificultado o avanço tecnológico da agricultura brasileira. 

Vide as mesorregiões da Zona da Mata e do Vale do Rio Doce em Minas Gerais, em que a população rural vegeta da subsistência explorando ilegalmente a lenha do pouco que regenera nas APP. 

Isso, quando não vivem da mendicância das bolsas famílias e Cia ltda. Se bem que nestes casos, o ócio e a leniência advindos deste assistencialismo têm, pelo menos, contribuído para promover a regeneração da Mata Atlântica até mais que os programas de recuperação florestal.

Para estas mesorregiões degradadas e decadentes, exigir licença, ou impor qualquer obstáculo para se reflorestar, é, no mínimo, ultrajante e covarde para com a população rural. 

Nelas, há muito abandonadas pelo Estado, o campo está se desertificando e envelhecendo. A renda rural já não é suficiente para manter uma vida decente nem para o proprietário rural, quiçá para os trabalhadores. 

Aliás, se o Estado não tivesse deixado se levar pelo clichê ambientalista de proibição total, talvez estas comunidades rurais não estivessem passando pelos problemas comuns nas periferias dos grandes centros.

O clima de paz bucólica no campo acabou. Os jovens rurais da Zona da Mata estão se drogando, marginalizando e envelhecendo precocemente aos olhos de um Estado paquidérmico que tem a pachorra de dificultar qualquer tentativa de investimento florestal. 

Sinal dos tempos: chegou-se ao limite do absurdo de marginalizar o empresariado – teimoso e insistente por produzir num País adverso -, penalizando-o com multas e prisões, por descumprir leis draconianas idealizadas por pessoas que nunca produziram e nem geraram qualquer emprego neste país.
Enquanto estes Estados não expurgarem este modelo burocrático de gestão ambiental, as empresas florestais certamente não investirão. As oportunidades são raras. Cavalo arreado só passa uma vez, quando muito duas, porém na segunda sobrará a garupa. 

Será uma tarefa hercúlea extirpar este câncer burocrático do licenciamento porque sua metástase já contaminou outros entes do Poder Público. Entretanto, não há alternativa, pois do contrário as regiões pobres, outrora ricas, com vocação florestal sucumbirão, assim como as contas dos estados também não fecharão.

Não adianta penalizar o investidor florestal, são eles que ainda pagam parte da conta do Estado. Há que se buscar um equilíbrio entre “produzir protegendo” e “proteger produzindo”, mas jamais “proteger sem produzir”, pois do contrário, em breve, as federações vítimas desta sandice burocrática terão dificuldades de receitas para honrar seus custos operacionais. 

Se hesitar muito, nem recursos para pagamento da energia elétrica terão. Haverá Estados em 2016 implorando aos servidores que “o último que sair apague a luz, ou a pague”. É fundamental proteger o passado para as futuras gerações, mas sem confiscar o presente da atual. Oh Alá, onde isto vai chegar?

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