segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Por que o PT quer a CPMF de volta?


Por que só raríssimas vozes levantam – e muito, muito timidamente - a possibilidade de privatizar a Petrobrás?

Não seria a saída para essa crise toda, sem traumas e com vantagem para a população?

Dispensaria o Executivo de custear uma empresa podre, daria superávit para o Governo pagar todas as dívidas e ainda por cima baratearia a gasolina...
 
 

CPMF X Funcionários com estrela do PT no peito
 
 
 
Na segunda feira, 19, O Globo publicou nova reportagem da série Cofres Abertos, sobre a realidade do Estado petista. (Ver http://oglobo.globo.com/brasil/cofres-abertos-remuneracao-em-ministerio-vai-ate-152-mil-17811868)
 
O título era Remuneração em ministérios vai até R$ 152 mil
 
Eis alguns dados: Lula acrescentou 18,3 mil funcionários à folha da União em oito anos. Em apenas quatro, Dilma enfiou mais 16,3 mil. Agora são 618 mil só na ativa: 103.313 têm cargo de chefia.
 
Os títulos são qualquer coisa de fascinante. Há um que inclui 38 palavras: "chefe de divisão de Avaliação e Controle de Programas, da Coordenação dos Programas de Geração de Emprego e Renda..." e vai por aí enfileirando outras 30, com o escárnio de referir um acinte desses à "geração de emprego e renda"...
 
O "teto" dos salários é o da presidente, de R$ 24,3 mil. Mas a grande tribo só de caciques constituída não pelos funcionários concursados ou de carreira, mas pelos "de confiança", com estrela vermelha no peito, ganha R$ 77 mil, somadas as "gratificações", que podem chegar a 37 diferentes. No fim do ano tem bônus "por desempenho". 

A Petrobrás, a empresa mais endividada do mundo, negou dividendos aos acionistas, mas distribuiu R$1 bilhão aos funcionários em pleno "petrolão". A Eletronorte distribuiu R$ 2,2 bilhões em "participação dos lucros", proporcionados pelo aumento médio de 29% nas contas de luz dos pobres do Brasil, entre os seus 3.400 funcionários. Houve um que embolsou R$ 152 ml.
 
A folha de salários da União, sem as estatais, que são 142, passará este ano de R$ 100 bilhões, 58% mais, fora inflação, do que o PT recebeu lá atrás.
 
Essa boa gente emite 520 novos "regulamentos" (média) todo santo dia. Existem 49.500 e tantas "áreas administrativas" divididas em 53 mil e não sei quantos "núcleos responsáveis por politicas publicas"! 

Qualquer decisão sobre água tem de passar pela aprovação de 134 órgãos diferentes. Uma sobre saúde pública pode envolver 1.385 "instâncias de decisão". Na educação podem ser 1036. Na segurança pública, 2375! E para trabalhar no inferno que isso cria? Quanto vale a venda de indulgências?
 
Essa conversa da CPMF como única alternativa para a salvação da pátria em face da "incompressibilidade" dos gastos públicos a favor dos pobres não duraria 10 segundos se fatos como esses fossem sistematicamente divulgados pela imprensa, mas ela é em sua grande maioria de esquerda e omite esses dados, a própria matéria do O Globo, apesar do seu próprio "furo" a primeira página do jornal não trazia qualquer chamada e nem as televisões da casa o repercutiram.
 
Resumo da coluna do jornalista Fernão Lara Mesquita, no jornal O Estado de São Paulo , de 23/10

sábado, 28 de novembro de 2015

"A água lava, lava tudo... só não lava a língua dessa gente!"


Tido como morto, rio Doce "ressuscitará" 
em cinco meses, diz pesquisador
Jefferson Puff
No Rio

28/11/2015

     Ricardo Moraes/Reuters

Embora esteja considerado atualmente "morto", o rio Doce, que recebeu mais de 25 mil piscinas olímpicas de lama proveniente do rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG), "vai ressuscitar" em até cinco meses, no final da época de chuvas, em abril do próximo ano.

A afirmação é de Paulo Rosman, professor de Engenharia Costeira da Coppe/UFRJ e autor de um estudo encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente para avaliar os impactos e a extensão da chegada da lama ao mar, ocorrida no último domingo (22) e que afeta a costa do Espírito Santo.

Embora especialistas tenham divulgado previsões de danos catastróficos, que incluiriam danos à reserva marinha de Abrolhos, no sul da Bahia, e um espalhamento da lama por até 10 mil m², Rosman afirma que os efeitos no mar serão "desprezíveis", que o material se espalhará por no máximo 9 km e que em poucos dias a coloração barrenta deve se dissipar.

Para ele, há três diferentes cenários de gravidade do desastre e de velocidade de recuperação. No alto, onde a barragem se rompeu, próximo ao distrito de Bento Rodrigues, deve durar mais de um ano e dependerá de operações de limpeza dos escombros e de um programa de reflorestamento. Para ele, a sociedade e os governos mineiro e federal precisam cobrar de Vale e BHP Hillington, donas da Samarco, o processo de reflorestamento e reconstrução ambiental, de custo "insignificante" para as empresas.

Ele diz que, na maior parte do percurso do rio Doce, as próprias chuvas devem limpar os estragos e os peixes devem voltar ao rio no período de cinco meses, e, no mar, a diluição dos sedimentos deve ocorrer de forma mais rápida - até janeiro do próximo ano.

Ao mesmo tempo, o especialista considera "inaceitável" que o governo permita que as pessoas voltem a morar nas regiões afetadas e que seria "criminoso" não retirar os outros povoados que se encontram nas linhas de avalanche de outras barragens.

Leia os principais trechos da entrevista:

Nos últimos dias, especialistas, ativistas, moradores, pescadores e indígenas têm repetido que o rio Doce "está morto". O senhor diz que ele "vai ressuscitar". Como isto deve acontecer?

Paulo Rosman - Eu vou repetir um chavão muito conhecido: o tempo é o senhor da razão. Há a visão quantitativa e fria do pesquisador, do cientista, e a visão emocional e por vezes desesperada do morador, do pescador e do índio. Os dois estão expressando as suas razões. Nenhum dos dois está certo ou errado.



No caso da ciência as coisas são mais factuais, quantitativas, mais numéricas. No caso do indígena, ele constata e sofre com a "morte" do rio. A diferença é que o rio está morto neste momento, é verdade, mas ressuscitará muito rapidamente, e eles vão poder comprovar isso.

Há muitos exemplos de acidentes muito mais graves e mais sérios do que este da barragem de Mariana. Veja a erupção vulcânica do monte Santa Helena, nos Estados Unidos (em 1980). Foi tudo devastado e destruído, numa área imensamente maior. Você vai lá hoje e vê que os animais voltaram e a mata voltou.

Para fazer a conta, você tem que pegar o peso da lama e dividir pela massa específica dessa lama. Se neste momento eu tenho 4 kg/m³ de água e for dividir pela massa da lama, dá mais ou menos 1,3 mm. Então isso significa que se esses sedimentos todos se depositassem no fundo do rio formariam um tapete de 1 mm de espessura, o que nem vai acontecer, porque a correnteza vai levar.

Portal UOL

sábado, 14 de novembro de 2015

Aa salvação dos cerrados está na lavoura


Evaristo de Miranda examina o território passível de ocupação agrícola na região, reservas legais e características locais para concluir que, mais do que em outras áreas de Cerrado, ali as lavouras cumprem papel relevante na conservação do bioma.

A primeira iniciativa para garantir a preservação do cerrado no Brasil foi a criação de áreas protegidas. Agora, cabe à agricultura assegurar o futuro do bioma e de sua biodiversidade. Essa tendência é especialmente verdadeira no MATOPIBA, região geoeconômica de 73 milhões de hectares, com 91 % de área coberta por vegetação de cerrado, englobando partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Ali, há investimentos privados e recentes políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável.

Nos cerrados brasileiros, as áreas protegidas totalizam 12%. No MATOPIBA, elas representam 17%. Em nenhuma outra região geoeconômica com essa vegetação existem tantas áreas protegidas. Esse valor é 42% superior à média nacional de áreas protegidas nos cerrados. São 42 unidades de conservação e 28 áreas demarcadas como terras indígenas.

A ocupação do MATOPIBA é antiga: começou no século 17, intensificou-se com a criação pombalina da Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão e culminou com o desenvolvimento agroindustrial de São Luiz, no século 19. Boa parte dos babaçuais resulta dessa antropização secular, marcada pelo uso do fogo. Ela prosseguiu no século 20 com cidades, estradas, infraestruturas logísticas, atividades energético mineradoras, barragens etc. Ganhou impulso com a construção da Belém-Brasília, da Transamazônica e da ferrovia Carajás - São Luiz.

Até 2002, 20% dos cerrados do MATOPIBA estavam antropizados, ou seja transformados pelo homem. Em 2009, chegou-se a 26%, segundo o Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite do Ministério do Meio Ambiente. Os dados apontam crescimento anual da ordem de 1%  das áreas antropizadas desde 2002. A taxa está bem abaixo do crescimento anual da população e da economia regional. Entre 2008 a 2009, por exemplo, o bioma perdeu 0,37% de sua cobertura vegetal remanescente (7.637 km2).

A agricultura é parte da antropização. A expansão da produção de grãos no MATOPIBA cresceu nas últimas décadas. Pela primeira vez, desde o século 19, em 2015, o Nordeste produziu mais alimentos do que o Sudeste: 18,6 milhões de toneladas de grão (arroz, feijão, milho, soja...), segundo a Conab e o IBGE. O MATOPIBA é o responsável por tal desempenho. Ali a ocupação agrícola mais intensiva não é sinônimo de desmatamento. Estudos de sensoriamento remoto realizados entre 2002 e 2010, mostraram que "grande parte da expansão da agricultura ocorreu em locais previamente desmatados, indicando a utilização de áreas já antropizada", sobretudo pela pecuária, na produção de alimentos.

Nas áreas de expansão da agricultura, o Código Florestal determina uma reserva legal de vegetação de 20% nas regiões de cerrados. Tal percentual aumenta para 35% quando esse tipo de vegetação se encontra na Amazônia Legal. É o caso de 60% da área do MATOPIBA. Essa exigência, além dos 19% já preservados de forma absoluta nas áreas protegidas, estende potencialmente essa proteção para mais de 11 milhões de hectares ou 28% da área total. Se toda a cobertura de cerrados do MATOPIBA na Amazônia Legal (32 milhões de hectares) fosse, um dia, ocupada apenas pela agricultura, o que está muito longe de ser o caso, mais de 11 milhões de hectares seriam preservados nas áreas de reserva legal (28%). No restante, os 20% de preservação dos cerrados em imóveis rurais potencialmente representam 4,6 milhões de hectares e 17 da área total.

Existem potencialmente mais cerrados a serem preservados como reserva legal das propriedades rurais do que em todas as áreas protegidas existentes no MATOPIBA. Assim, legalmente, apenas 59% da cobertura de cerrados do MATOPIBA são passíveis de ocupação. Dos 41% restantes, 17% já são áreas protegidas. E a exigência de manter a vegetação em áreas de reserva legal representa mais 24% do total. Isso, caso um dia tudo fosse ocupado pela agricultura. Graças ao Código Florestal, qualquer que seja o cenário futuro, áreas agrícolas no MATOPIBA cumprem e cumprirão o mais relevante papel na preservação. Isso se deve à extensão de cerrados preservados no interior dos imóveis, à ampla repartição espacial e à conexão ecológica viabilizada entre os blocos isolados de áreas protegidas pelas fazendas. No MATOPIBA, como em outras regiões, a salvação dos cerrados está na lavoura.

Fonte: Correio Braziliense, 10/11/2015