sábado, 30 de setembro de 2017

Maçã envenenada



Maçã envenenada

Péricles Capanema

Maçã é ótimo. A apple a day keeps the doctor away, garante velho brocardo inglês. Se podre, pode intoxicar, até matar. Vou falar sobre leilão de privatização, realizado na Brasil, Bolsa, Balcão (B3) em São Paulo. Dele se gabou o presidente Michel Temer no twitter (27 de setembro): “Nós resgatamos definitivamente a confiança do mundo no Brasil. Leilão das usinas da Cemig rendeu R$12,13 bilhões, acima das expectativas do mercado”.

Não vejo motivos para gabolices. Podem ser passos rumo ao abismo. Privatização? O governo passou à iniciativa privada (iniciativa privada?) quatro usinas da CEMIG (Companhia Energética de Minas). São concessões por 30 anos, prorrogáveis. Com isso, a estatal mineira perdeu 36% de sua capacidade de geração.

A maior delas, a usina São Simão, tem potência instalada de 1.710 megawatts (58% do total oferecido). A seguir, a Jaguara, 424 (15%), a Miranda, 408 (14%), finalmente a Volta Grande, 380 megawatts (13%).  O maior lance, natural, foi para a Usina de São Simão, 7,2 bilhões de reais, ágio de 6,51%. Arrematou-a o grupo chinês SPIC Pacific Energy, estatal, tem 140 mil empregados. Lembro o óbvio: é dirigido pelo governo e Partido Comunista Chinês. Num só lance, o Partido Comunista chinês passou a controlar 21% da anterior capacidade de geração da CEMIG. Não pode ser diferente, o grupo SPIC vai atuar no Brasil em consonância com os interesses do governo e do Partido Comunista da China.

Todos estão enxergando, o setor elétrico no Brasil, sob silêncio pesado, vai caindo no colo dos comunistas chineses (não só o setor elétrico, os tentáculos vão bem além dele). Voz isolada, mais de um ano atrás, a jornalista Maria Luíza Filgueiras, na Exame, alertou: “A bagunça causada pelo governo Dilma e a crise da Lava-Jato estão entregando, de mão beijada, o setor elétrico brasileiro para um grupo de estatais chinesas”.

Em geral, a investida do comunismo chinês sobre setores da estrutura básica brasileira vem sendo acobertada entre nós por um mantra: aplicações de investidores estrangeiros. Pululam na imprensa manchetes sobre tais aplicações. Soa simpático. À vera, age como bruxedo aliciador e embusteiro por ocultar cavilosamente ponto essencial: o poder na China é imperialista, totalitário, coletivista e ateu. Pelo menos em uma coisa somos campeões, no emprego de eufemismos irresponsáveis e covardes.

A Jaguara foi arrematada pelo Consórcio Engie Brasil Energia S.A e Engie Brasil Energia Comercializadora, 2,2 bilhões de reais, ágio de 14%. A Engie é um conglomerado francês. Segundo o site do grupo, 28,65% do seu capital pertence ao Estado, que tem 36,68% dos votos. É acionista determinante, informa a imprensa francesa. A Miranda também foi arrematada pela Engie, 1,4 bilhão de reais, ágio de 22%.

A Volta Grande, por 1,4 bilhão de reais, ágio de 10%, ficou com a Enel, italiana, da qual o Ministério da Economia e Finanças detém 21% das ações.

Continuo no setor elétrico. Wilson Ferreira Junior, presidente da Eletrobras, especializada desde décadas em dar prejuízos amazônicos aos contribuintes brasileiros, foco do próximo escândalo (o eletrolão, se começarem a investigar o setor) anuncia enérgicos planos de recuperação. A estatal que, além dos prejuízos estratosféricos, gera mais de 30% da eletricidade no Brasil e detém 47% de sua rede de distribuição está agora combatendo a elefantíase que a acomete desde o nascimento, mais de 50 anos atrás. Cortou 700 cargos de gerentes (com isso melhorou a gerência da empresa). Tinha 11 softwares de gestão, vai reduzir a um. Avisa Ferreira Júnior: “Para a contratação do sistema operacional único, nós levamos oito meses, enquanto uma empresa privada faz isso em dois”. Vai adiante: “Vendemos a Celg com 28% de ágio e as outras seis empresas de distribuição serão vendidas até o fim do ano. E temos 74 sociedades de propósito específico à venda, sendo que 58 delas são de energia eólica, e o restante, de transmissão. As vendas vão fazer com que a dívida da Eletrobras caia 6 bilhões de reais, para 17 bilhões”. Sobre as distribuidoras constatou: “Geram prejuízos, empregam 6 mil pessoas”. Imagina o futuro: “A Eletrobras é uma holding que tem quatro ativos principais: Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul. Acredito na transformação da Eletrobras numa empresa brasileira como a Embraer. O governo não seria mais o controlador”. Alerto agora eu: com base no que vem acontecendo: a China comunista vai ficar com parte importante desses ativos.

A privatização de si é ótima: traz racionalidade de custos, produtividade, competitividade, melhores serviços aos usuários. Diminui o poder do Estado sobre o cidadão, acaba com rombos orçamentários que pesam no cangote do contribuinte. Permite que o dinheiro público poupado da ineficiência, gastança e corrupção seja empregado em escolas, postos de saúde, tanta coisa mais. Ainda lembro, aumenta riquezas, gera renda, cria empregos. Bastaria o exemplo do setor da telefonia no Brasil. Nada disso coloco em tela de juízo. E nem proponho políticas nacionalistas, reservas de mercados, fechamentos ao capital estrangeiro.

Só destaco o óbvio ululante: inscientes (o mínimo), estamos criando gravíssimo problema de segurança nacional com a entrega a potências estrangeiras, mais especificamente, ao comunismo chinês, de setores-chave da economia nacional. Segurança nacional é irmã gêmea de independência nacional.

Todos estão vendo, cada vez mais a China hoje se ergue como o grande adversário dos Estados Unidos e o Brasil, se não acordar, caminha para ser peão chinês desse jogo. Coerentemente, também não vejo com tranquilidade estatais de outros países gerindo parte importante da riqueza nacional. Elas são instrumentos de governos, que vão e vêm segundo eleitorados instáveis. Privatizar deveria significar o que é: entrada do capital privado, nacional ou estrangeiro, em setores antes controlados pelo Estado.


Estamos diante de indiferença suicida, anestesiadas misteriosamente as fibras do patriotismo e da religião. Em 1453 caiu Constantinopla. Ainda havia resistência na cidade sitiada, mas, dizem historiadores, os bizantinos por descuido deixaram semiaberta o portão da muralha noroeste. Por lá entrou destacamento otomano e decidiu a batalha. Temamos portões deixados abertos por descuidos, otimismos e superficialidades.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Carta Palocci, caso ainda não a tenha lido



A carta de Palocci ao PT

Em texto enviado à presidente do partido, Gleisi Hoffmann, ex-ministro diz que 'chegou a hora da verdade'; referindo-se a Lula, ele desafiou: "até quando vamos fingir acreditar na autoproclamação do 'homem mais honesto do País' enquanto os presentes, os sítios, os apartamentos e até o prédio do Instituto (!!) são atribuídos à Dona Marisa?'

Redação

26 Setembro 2017





domingo, 24 de setembro de 2017

Carta-convite para conferência do Dr. Evaristo Eduardo de Miranda



Carta-convite para os Amigos do GPS do Agronegócio

Prezados Amigos,

No próximo dia 05 de outubro, quinta-feira, teremos a importante conferência do Dr. Evaristo Eduardo de MirandaChefe-geral da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) monitoramento por Satélite e doutor em Ecologia pela Universidade de Montpellier (França).

Apesar de pressões de ONGs e de ambientalistas, que trabalham em órgãos do governo, o agronegócio foi praticamente o único setor que continuou mantendo suas metas e impedindo a bancarrota econômica do País. 

Com excelente desempenho impediu que o Brasil caísse no estado deplorável da Venezuela, na qual faltam alimentos e gêneros de primeira necessidade.


No dia 05 de outubro, no Club Homs, São Paulo, Dr Evaristo deverá nos mostrar como o agro-negócio não destrói o meio ambiente, antes, o protege e o defende.

Não perca esta oportunidade! A ocasião passa e pode não mais voltar.

Clique aqui e faça já sua inscrição ou copie e cole no browser http://agricultura.ipco.org.br
                                                       
Atenciosamente
                                                           Diogo Waki

                                          Diretor de Relações Institucionais

                                           Instituto Plinio Corrêa de Oliveira

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Rússia: economia "africana" sentada sobre 7 mil bombas atômicas


Rússia: uma economia “africana” que sonha

 com a URSS deitada sobre 7 mil bombas 

atômicas


Venda de pastéis perto da estrada de Novgorod

Segundo avaliação do jornal espanhol“El Mundo”, a Rússia é uma superpotência militar com uma economia terceiro-mundista. 


A Rússia está muito aquém da Espanha, pois tem o mesmo PIB (Produto Interior Bruto) e o triplo de população. Em outros termos, a renda per capita russa é um terço da espanhola.


Mais ainda, o PIB nominal per capita do Brasil – US$ 11.387 – está acima do russo: US$ 9.054. (Fonte: Brasil, WikipediaRússia, Wikipedia).  


Como as perspectivas econômicas russas são as piores, o jornal lhe aplica pejorativamente o carimbo de “país do Terceiro Mundo”.


Exporta petróleo, gás natural e mais algumas matérias-primas, mas tem que importar todo o resto, porque não produz quase nada. É o esquema de uma economia de país pobre, diz o jornal.


A exceção são as exportações de material militar, em grande parte destinada a antigos clientes da União Soviética, cujos exércitos só conhecem o armamento russo.


Mas esses compradores são cada vez menos confiáveis e se interessam sempre menos pelas antigualhas russas malgrado as melhorias cosméticas. 


A expectativa média de vida na Rússia (62-77 anos para os homens) é mais baixa que a da Bolívia (67-91 anos), com a diferença de que a população boliviana cresce dinamicamente, enquanto a russa diminui. 

A perspectiva russa, segundo a ONU, é de 24 milhões de habitantes a menos em 2100, enquanto a perspectiva da população boliviana nessa data beira um aumento aproximado de 600%. Confira: World Population Prospects 



Alimentação insuficiente e abuso de álcool diminuiu a expectativa de vida
Entrementes, não se entende por que a comunidade internacional ainda aceita a Rússia como uma grande potência econômica.


Só uma esclerosada visão da realidade russa poderia explicar essa crença, talvez influenciada por uma simpatia ideológica atávica ou alguma saudade do socialismo que a URSS encarnou outrora. 


Se Moscou influencia hoje o mundo é por causa do fascínio psicológico do sonho da URSS.


Ele se perpetua no Ocidente, ainda governado por regimes socialistas e manipulado por uma mídia cujos grandes títulos vão se fechando um a um porque descolados das respectivas opiniões públicas.


Outro dos poucos índices de grandeza que a Rússia ainda exibe é o mastodôntico aparato de defesa, espionagem, repressão e segurança em que Vladimir Putin fez carreira, e sem o qual o dono do Kremlin não duraria muito.


Fora disso, praticamente nada, martela “El Mundo”. A economia está militarizada, as receitas do país são etéreas como o gás que exporta e se evaporaram com a queda da cotação internacional do petróleo.


Talvez fosse mais apropriado comparar os dados macroeconômicos russos com certas economias africanas em vias de desenvolvimento – embora a Rússia não forneça muitos sinais de crescimento –, armadas até os dentes, com um ditador ferozmente agarrado ao poder e em pé de beligerância contra os vizinhos de etnia (de ideologia, no caso russo) diferente. 
O míssil Iskander (SS-26 para a NATO) de curto alcance pode levar cabeças nucleares.
A Rússia gasta desproporcionalmente em armas

Eriçada de nacionalismo anticapitalista e antiocidental, amargurada pelo fracasso da utopia de domínio universal soviético e com uma economia humilhantemente depauperada, a Rússia – que detém 7.000 bombas atômicas – é claramente um perigo, observa “El Mundo”.


Esse é mais um conjunto de fatores, por certo nada positivo, que explicaria a crença na Rússia-potência por efeito do medo.


O jeito certo seria reformar a economia para sair da decadência. Mas para o Kremlin isso equivale a reconhecer que não é grande potência.


Se Moscou adequar suas forças armadas às dimensões reais do país, a ideologia oficial e o modelo econômico ainda sovietizado não seriam mais sustentáveis. 


Com a cornucópia petrolífera, Vladimir Putin tentou que a Rússia crescesse anualmente 4% a 6%.
Hiper-nacionalista, saudosista da URSS, admirador de Stalin,
acuado pela crise econômica, Putin dispõe de 7.000 bombas atômicas


A alta cotação internacional do petróleo engrossou as caixas do Estado e alimentou uma fabulosa corrupção em todos os níveis. O país vivia de importados até que a bolha furou. 


O Estado distribuia indústrias em concessões e/ou monopólios para uma Nomenklatura de privilegiados oriundos unicamente do entorno de Vladimir Putin, que durarão em função de sua fidelidade ao líder e temerão sempre cair em desgraça. 

Com os ingressos rareando, o presidente e sua Nomenklatura seguiram esbanjado para manter cidades e instalações pesadas antieconômicas da era soviética para alimentar altas percentagens de popularidade.

Mas agora a torneira fechou, o petroestado ficou com a roupa do corpo.

Os capitais de estrangeiros e de magnatas putinistas levantaram voo, a moeda nacional espatifou-se, a invasão da Ucrânia cerceou ainda mais as entradas e multiplicou as despesas. 

Eis a Rússia, empobrecida, humilhada, acuada e agressiva. 

No fim, só resta o nacionalismo saudosista da URSS e 7.000 bombas atômicas.

Para o Ocidente, que acreditou na “queda do comunismo”, sobrou um pesadelo ameaçador.

E ele é chefiado por um coronel formado na KGB, admirador de Stalin e disposto a tudo para restaurar a grandeza material do império dos sovietes.




sábado, 16 de setembro de 2017

Lula acabou, mas a esquerda...



... inventará outro pai

Brasil 16.09.17 10:20 

Sem Lula, o PT e a esquerda ficaram órfãos, e essa é mais do que uma imagem.
A esquerda, em qualquer latitude, sempre precisou cultuar um pai.
No caso da brasileira, chegaram ao cúmulo de adotar  Getúlio Vargas como figura paterna esquerdista — o ditador que, entusiasta de Mussolini e simpatizante de Hitler, despachou a mulher do comunista Prestes para a Alemanha nazista. 
A adoção coincidiu com a desmistificação de Stalin — aquele paizão universal de quem eles gostavam de apanhar. (Para minúscula parte da esquerda internacional e nacional, Trotsky continuou a ser papai no céu. E para uma terceira, ínfima, Mao servia como daddy, embora fosse produto muito chinês para parecer original.)
Sem Getúlio no pedaço, tentaram transformar Jango em sucessor do pai adotivo suicida.  Mas Jango era apenas ficante ideológico e não escondia isso. Uma decepção. Tudo bem, na falta de espécime nacional, Fidel Castro tinha um charutão grande o suficiente.
Então veio o barbudo sindicalista e, afora uma e outra criança birrenta, a esquerda nacional se uniu em torno do Redentor do ABC. Os adeptos românticos quebraram a cara com o oportunista; os cínicos, adeptos ou não, quebraram o país.

E depois de Lula? Cedo ou tarde, inventarão outro pai, porque a esquerda não vive sem um. Eu, Mario, acho que se trata de um caso psicanalítico grave e intratável.
Fonte: O Antagonista

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Lula, Joesley e Stedile X indiferença




O dever de ajudar a Venezuela

Péricles Capanema



O normal seria hoje comentar a sórdida corrupção revelada nos últimos dias. Contudo, não será meu foco. Quero falar de um fato alvissareiro.

Do pântano, destaco, porém, um andrajo enlameado que não vi ainda apontado: a indiferença suicida. Antônio Palocci [foto] falou do “pacto de sangue” entre Emílio Odebrecht e Lula. Sponte propria, o dono da empreiteira teria oferecido ao ex-presidente, no intuito de preservar a relação privilegiada da empresa com o governo, pacote que incluía um sítio (presente pessoal), a sede do Instituto Lula, palestras a R$200 mil líquidos, pagos os impostos, além de R$300 milhões, de uso livre, para custear atividades políticas (claro, poderia também cobrir gastos pessoais).
Em apenas uma das doações, um dos maiores representantes do macrocapitalismo brasileiro pôs R$300 milhões à disposição da propaganda petista. É uma montanha de dinheiro para dar popularidade a programa que acarreta empobrecimento generalizado, atraso e sofrimento para o povo em geral. Clara opção preferencial pela pobreza e pela tirania, como em Cuba e Venezuela, onde, aliás, a Odebrecht financiou generosamente as campanhas de Chávez e Maduro. Ademais, fortalece programa favorecedor do coletivismo e do intervencionismo. Da parte da cúpula da empreiteira, o que se percebe é indiferença total, suicida, com a agressão aos interesses do Brasil, do empresariado e do povo em geral. Passo ao agronegócio. Constato ali, temo que generalizada, a mesma indiferença suicida.



Depoimento de Joesley Batista, um dos maiores pecuaristas, se não o maior, do Brasil: “Ele [Lula] me ligou esses dias, pediu para mim [sic!] atender os sem-terra. Eu digo ‘ô presidente’(risos) ‘Joesley, eu tô aqui com o [João Pedro] Stédile não sei o que ele precisa falar com você …’ ‘Tá bom, presidente, manda ele vir aqui. Eu atendo ele, tá bom’”. No meio do riso, a promessa tácita de financiamento do MST. E o MST iria utilizar o dinheiro, sabia-o Joesley, para agredir os fazendeiros e favorecer o comunismo no Brasil. O mais grave é que não são dois exemplos isolados. São exemplos sintomáticos, são sem-número os casos parecidos na política, na religião, nos negócios, nas escolas. Tal insensibilidade morfética provavelmente constitui a pior ameaça ao nosso futuro de nação próspera, ocidental e cristã.



Falei da Venezuela. A boa notícia vem de lá. O Episcopado, através de suas figuras mais expressivas, está reagindo contra a tirania chavista. E o fato, a reatividade de um organismo vivo, tem importância enorme para a Igreja e para a sociedade.
Cinco bispos, dois dos quais cardeais, solicitaram audiência ao Papa Francisco para expor a grave situação do país. A agenda já estava pronta. Greg Burke, o porta-voz do Vaticano, garantiu que haveria “um rápido cumprimento”. Antes do encontro, já em Bogotá, um dos cinco, Dom Jesús González, bispo-auxiliar de Caracas, declarou publicamente que esperavam ser recebidos. Óbvio, não apenas para “cumprimento rápido”. Após a missa celebrada no Parque Simón Bolívar, em Bogotá, o Papa falou com eles. Melhor talvez, ouviu-os. A delegação era formada, como disse, por dois cardeais, Dom Jorge Urosa, arcebispo de Caracas, Dom Baltazar Porras, arcebispo de Mérida, Dom José Luis Azuaje, bispo de Barinas, Dom Mario Moronta, bispo de San Cristóbal, e Dom Jesús González. A respeito do encontro, a Conferência Episcopal Venezuelana [presidente, Dom Jorge Urosa; vice-presidente, Dom José Luis Azuaje] emitiu comunicado forte e expressivo: “O Pontífice mostrou sua preocupação pela agudização da crise humanitária, manifestada na fome e na escassez de remédios, bem como pela emigração de numerosos venezuelanos. Também foi informado da imposição da Assembleia Nacional Constituinte e da perseguição que alguns dirigentes, ameaças a sacerdotes e religiosas e fechamento de meios de comunicação social”.
De outro lado, pouco antes, na 5ª feira, o arcebispo de Caracas havia denunciado ao diário “El Tiempo”, o principal de Bogotá: “É claro que existe uma ditadura na Venezuela, já que o Parlamento foi anulado. A seguir foi instituído um órgão absolutamente inconstitucional, torpe e fraudulento, a Assembleia Nacional Constituinte. É um sistema ditatorial em que não há divisão de poderes e não se respeitam os direitos fundamentais, ou seja, nem os estabelecidos na Constituição Nacional”.
No quadro da aberta oposição da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) ao governo Maduro, um de seus órgãos, a Comissão Justiça e Paz, em documento assinado por Dom Roberto Lückert León, presidente (antigo arcebispo de Coro), afirma o seguinte: “A Comissão Justiça e Paz, considerando a situação tanto dos presos políticos quanto dos presos comuns, evidenciada nas denúncias de familiares e do Observatório Venezuelano de Prisões, nas quais se descrevem tratamento cruel e desumano nos traslados e nos próprios centros de reclusão, situações anti-higiênicas, alimentação precária, falta de remédios, falta de assistência jurídica, impedimentos para visitas de familiares e falta de assistência médica. Exigimos que cesse a caça às bruxas contra os cidadãos que não pensam como o regime; exigimos que a família do general Raul Isaias Baduel seja informada de seu paradeiro e estado de saúde. Esta comissão eclesial exige o fim da perseguição, da tortura física e psicológica que indica sanha e violência contra tais cidadãos. Exigimos justiça. Caracas, 10 de agosto. Dom Roberto Lückert León, presidente.

Com a implantação da ditadura bolivariana, muitos venezuelanos precisam disputar o conteúdo de lixo para sobreviverem
Outro órgão da CEV, a Rede Latino-americana e Caribenha de Migração, assim se manifestou: “Queremos manifestar nossa solidariedade ao povo venezuelano que nesse momento vive uma crise humanitária, caracterizada pela escassez de alimentos e remédios, colapso dos serviços públicos, inflação mais alta do mundo, violência sem limites e graves violações dos direitos humanos. A Conferência Episcopal Venezuelana assinalou profeticamente: ‘Em nosso país se percebe de forma muito clara como a violência adquiriu caráter estrutural. São muitas suas expressões’. Esta situação que atenta contra a vida e a dignidade dos venezuelanos e venezuelanas, forçou milhares e milhares a deixar o país, em diáspora sem precedentes”.

Cada um — sem nenhuma indiferença, que no caso teria uma nota suicida —, em seu respectivo âmbito precisa ajudar a Venezuela enfraquecida a sair do abismo, no momento em que forças poderosas a empurram para mais fundo. Rússia, China, Nicarágua, Bolívia, assim como o PT e vários partidos de esquerda no Brasil trabalham a favor da clara opção preferencial pela tirania e pela fome na Venezuela. É gravíssimo. Um lembrete. Temos aqui ótima ocasião para que a CNBB, abandonando sua conduta de dócil companheira de viagem das causas da esquerda, apoie com força sua brava coirmã, a CEV. Exposta ao perigo, increpando exclusões, a CEV leva adiante uma cruzada em defesa do povo humilde e da nação perseguida. A mudança de rumos, tomara, será sintoma de que, por fim, a CNBB começou a ouvir os clamores do povo. O bom exemplo edificaria a todos os brasileiros.

Lula nem preferir sabe



Lula: ‘Prefiro a morte do que [sic] passar à história como mentiroso’



Depois de se irritar várias vezes no depoimento a Sérgio Moro, Lula fez um breve discurso à militância em Curitiba, relata O Globo.
“Eu jamais mentiria para vocês. Eu prefiro a morte do que [sic] passar para a história como mentiroso”, disse o ex-presidente, “com a voz bastante rouca”, segundo o jornal.
Talvez seja tarde demais.

[GPS: Lula continua cultivando mal a língua portuguesa...]

Fonte: O Antagonista


quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Coreia do Norte: o crime de Estado financia cataclismo universal


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Pesadelo chinês






William Chan, do Serviço Secreto de EUA, e Ross Bautista, diretor do National Bureau of Investigation, mostram notas falsificadas

Como faz a Coreia do Norte, reduzida à máxima miséria pelo socialismo, para financiar um custosíssimo programa nuclear que poderia empurrar o mundo para um cataclismo jamais visto?
  


A fórmula é simples, mas tenebrosa: Pyongyang recorre a múltiplas formas de crime organizado para encher seus cofres, segundo noticiou “La Nación” de Buenos Aires. 

O regime imprime dólares e yuanes falsos, pratica “assaltos bancários cibernéticos”, dirige um intenso comercio internacional ilegal, fabrica mercadorias falsificadas e exporta mão-de-obra para seu máximo protetor: a China, também socialista.

“O regime norte-coreano consagra dez bilhões de dólares anuais ao seu programa nuclear. Essa cifra representa entre 20% e 25% do PBI, que oscila entre 30 e 40 bilhões”, afirma a geoestrategista francesa Valérie Niquet, especialista da Fundação para a Investigação Estratégica (FRS). 
“A maior parte provém de atividades ilícitas”, explicou.

Num assalto cibernético em 2016, o Banco Central de Bangladesh foi lesado por Pyongyang em 81 milhões de dólares, duas terças partes dos quais (51 milhões) foram “lavados” pelos cidadãos chineses Ding Shizue e Gao Shuhua em dois casinos de Manila.

A empresa de segurança informática Kaspersky Lab detectou que o “golpe” foi dado por Bluenoroff, filial especializada em ciberataques do grupo Lazarus, que opera a serviço de Pyongyang. 

Segundo a Symantec, especialista em segurança, a Coreia do Norte também esteve implicada no ataque informático gigante com o vírus WannaCry, que paralisou em maio mais de 300.000 computadores em 150 países.

As sanções econômicas votadas pela ONU foram burladas pelo regime de Kim Jong-un. 

Pyongyang obtém três bilhões de dólares com exportação, sem nunca apresentar dificuldade para obter as matérias-primas e os componentes necessários para seus programas nucleares e balísticos.

Os motores dos mísseis intercontinentais, capazes de atingir a Califórnia, usam motores vendidos ilegalmente por KB Iujnoie, uma empresa da Ucrânia que os produzia para o exército soviético, denunciou o prestigioso Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), de Londres.

A China é o principal cliente da Coreia do Norte na compra de minério de ferro, areia e pedra, além de produtos químicos, óleo de soja, têxteis e frutos do mar.
“O total das exportações ilegais ascende a dois bilhões de dólares por ano”, precisa o investigador Kent Boydston, em trabalho para o Peterson Institute for International Economics.

A CIA e várias agências de inteligência europeias acham que o comunismo norte-coreano exportou para o Paquistão e o Irã materiais “sensíveis” usados em programas nucleares e balísticos.

Uma das mais cruéis atividades ilícitas é a exportação de mão-de- obra. Em 2016, cerca de 60.000 operários foram enviados à China, à Rússia e ao Meio Oriente.

Os ordenados representaram perto de 200 milhões de dólares e foram girados a entidades controladas pelo Estado, garante Go Myong-Hyun, analista do Asian Institute for Policy Studies.

Outro setor importante é a contrafação de produtos de luxo têxteis, perfumes ou marroquinaria, vendidos em todo o mundo. Também peças para carros, máquinas agrícolas e aviões, artigos eletrônicos, produtos alimentares enlatados e medicamentos falsos.



A especialidade é a falsificação de moeda. “A Coreia do Norte se especializou no fabrico de notas de 100 dólares”, denunciou o grupo dissidente North Korea Intellectuals Solidarity. 

Uma nova especialidade das gráficas norte-coreanas é o fabrico de yuanes, que estão sendo introduzidos na China, concluiu o jornal.

Fonte: Pesadelo chinês



terça-feira, 12 de setembro de 2017

Meio ambiente e agricultura ameaçados


Meio ambiente e agricultura ameaçados
É fundamental o STF declarar constitucionais os artigos contestados do Código Florestal
*Evaristo E. de Miranda

Mais de 4 milhões e 275 mil produtores rurais, atendendo às exigências do novo Código Florestal (Lei n.º 12.651, de 25 de maio de 2012), registraram seus imóveis no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Todo esse esforço será jogado no lixo caso o Supremo Tribunal Federal (STF) acolha alguma das Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) contra artigos do Código Florestal que devem ser julgadas amanhã em seu plenário.
O conhecimento atualizado das áreas efetivamente utilizadas e preservadas pela agricultura nos imóveis rurais teve um avanço significativo com o advento do CAR, sob a responsabilidade do Serviço Florestal Brasileiro do Ministério do Meio Ambiente. As áreas destinadas à preservação da vegetação nos imóveis rurais são registradas em mapas, eles mesmos delimitados sobre imagens de satélite com 5 metros de resolução espacial. E não apenas em declarações de produtores transcritas em questionários, como ocorre nos Censos do IBGE. São duas consequências principais do CAR, todas positivas para o meio ambiente e o Brasil.
Em primeiro lugar, pode-se avaliar de forma circunstanciada a contribuição dos produtores rurais à preservação ambiental no Brasil. Eles dedicam uma área superior a 176 milhões de hectares, em média 47,7% de seus imóveis, para a manutenção da vegetação nativa e da biodiversidade. Isso representa 20,5% do território nacional! Os resultados quantificados e detalhados por município, microrregião, Estado e País estão disponíveis, com mapas, no site da Embrapa Monitoramento por Satélite. E ninguém recebe nada por isso, em que pese os produtores imobilizarem um patrimônio fundiário estimado entre R$ 3 trilhões e R$ 4 trilhões em prol do meio ambiente. Todas as unidades de conservação (parques, estações ecológicas, florestas nacionais) protegem 13% do País e os agentes públicos, para a sua manutenção, recebem muitos bilhões de reais anualmente, do Brasil e do exterior. Nenhuma instituição contribui tanto para a preservação da vegetação nativa e da biodiversidade como os produtores rurais.
Em segundo lugar, com base no CAR estão sendo aplicados os Programas de Regularização Ambiental (PRAs) nos Estados. Neles, quando necessário, os produtores recompõem, protegem e compensam áreas para preservação da vegetação nativa e da biodiversidade. Ou seja, o número de áreas dedicadas à preservação está aumentando e aumentará ainda mais com a execução do PRA pelos Estados. Todo esse esforço será perdido caso o STF acolha qualquer uma das ADIs impetradas por promotores do Ministério Público e membros do PSOL, PV e ONGs. Elas têm o potencial de desestruturar o conjunto harmônico dessa legislação ambiental.
Anulado o artigo 68 – que prevê o respeito à lei do tempo, segundo a qual quem desmatou nos séculos 17 ou 19 não está obrigado a recompor a reserva legal, instrumento criado e generalizado na metade final do século 20 –, teremos milhões de agricultores vitimados e na ilegalidade, principalmente os pequenos produtores, que constituem 89% dos estabelecimentos agrícolas. O módulo fiscal como critério objetivo para adequar as exigências do Código Florestal ao tamanho dos imóveis rurais também é contestado nas ADIs. Se acolhida a ação, até o crédito rural e a reforma agrária serão afetados negativamente.
Quem propõe essas ADIs ignora suas graves e negativas consequências sociais, econômicas e ambientais. Tenta negar que a elaboração do Código Florestal seguiu um processo profundamente democrático e inédito, evidente nas mais de 200 audiências públicas e privadas nas quais foram ouvidos ambientalistas, agricultores, criadores, pesquisadores, ONGs, juristas e gestores ambientais em todo o País. E, quando da respectiva votação, o projeto também recebeu um dos maiores apoios políticos em situações dessa natureza. A primeira versão do Código Florestal foi aprovada na Câmara por 410 a 63, com votos oriundos de todas as bancadas; e, no Senado, a aprovação se deu por 59 votos contra apenas 7.
Os ganhos ambientais advindos do novo Código Florestal foram reconhecidos por todos os que defenderam a lei na audiência pública que o ministro Luiz Fux organizou no STF, Ibama incluído. Houve até um reconhecimento internacional na Conferência do Clima (Paris), inclusive pelas ONGs do Observatório do Código, sobre os avanços trazidos pelo novo Código Florestal.
Aprovado e praticado há mais de cinco anos, o Código Florestal trouxe segurança jurídica para os agricultores e ganhos significativos para o meio ambiente. Não há legislação ambiental tão exigente em país algum do mundo. Mas, para os proponentes das ADIs, o objetivo parece ser o de desestabilizar o setor agrícola, os instrumentos jurídicos legalmente constituídos e destruir o Código Florestal, cuja construção foi negociada e equilibrada, com ganhos e perdas aceitas ao fim por todos os interessados. É fundamental que o STF, de uma vez por todas, declare a constitucionalidade dos artigos contestados e garanta o respeito ao cumprimento dessa lei, no que os produtores rurais, em sua maioria, têm sido exemplares. Ajustes numa legislação são sempre possíveis e uma revisão do Código Florestal está prevista para daqui a quatro anos.
Anulado o CAR, anulam-se o Programa de Regularização Ambiental e os ganhos ambientais dele decorrentes, já em curso na maioria dos Estados. Haverá o retorno do caos jurídico existente antes do Código Florestal, quando quase toda a atividade agrícola do País estava na ilegalidade. Como afirmou em editorial o jornal O Estado de S. Paulo (24/4/2017, A3): “O Código Florestal é uma cabal demonstração de que a democracia funciona e produz avanços. Basta ter o cuidado de respeitar aquilo que é o seu principal instrumento – a lei, votada e aprovada pelo Congresso”.
*Doutor em ecologia, pesquisador da Embrapa

O Estado de S.Paulo - 12 Setembro 2017