segunda-feira, 4 de julho de 2011

Eucalipto no banco dos réus

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Não é de hoje que a espécie florestal

é acusada por inúmeros crimes



Seca o solo, dizem alguns. Empobrece a terra, dizem outros. A maioria das espécies de eucalipto é da Austrália. É de lá que vieram as árvores que hoje ocupam aproximadamente 6 milhões de hectares pelo Brasil afora.


Tão exótico quanto milho, café, soja ou feijão, o eucalipto ganhou fama de vilão. O que se fala, no entanto, apenas se fala. Não se prova. E, por isso, no banco dos réus, o eucalipto talvez não tenha julgamento justo.


Já publicamos dezenas de artigos com embasamento científico sobre o tema. E todos mostram que o que se fala sobre o eucalipto não passa de balela. Leia o artigo de um dos mais renomados pesquisadores do Brasil (Eucalipto, felizmente existe!)


É preciso que todos saibam a verdade: o eucalipto é a árvore com a melhor condição para atender a demanda por madeira (em um mundo em pleno crescimento), proteger as matas nativas, ao mesmo tempo em que proporciona desenvolvimento econômico social sustentável.


Talvez, em algum momento, erros tenham sido cometidos. Mas hoje, o Brasil é referência mundial em produção de florestas sustentáveis.


Essas empresas, que precisam da madeira para seus projetos industriais, são também as que mais conservam, em suas áreas, as matas nativas e biodiversidade. Situação diferente, infelizmente, de outras atividades agrícolas.


Acesse o hotsite sobre eucalipto da antiga Aracruz. Vale a pena! É por isso, que espero – ao menos - um julgamento mais justo.


Enquanto isso, que o eucalipto siga compondo florestas sustentáveis, gerando oportunidades sociais, preservando o meio ambiente e transformando vidas.


Fonte: Robson Trevisan, Painel Florestal


domingo, 3 de julho de 2011

Humanofobia e ecologia

Desarrumação lógica


Alon Feuerweker


Arrisco dizer que seremos uma sociedade mais coerente quando a vida humana merecer a mesma defesa radical que merecem hoje as plantas e animais.


Há algo desarrumado numa sociedade que exige criminalizar todo desmatamento enquanto, com o mesmo ímpeto, exige também o amplo direito ao aborto, a ser catalogado entre as prerrogativas inalienáveis da mulher.


Num caso, prevalece a responsabilidade social. No outro, a liberdade individual. Por quê? Ninguém explica.


Arrancar uma planta é em princípio criminoso, mas arrancar um embrião ou feto do útero materno deveria ser livre, em nome do direito de a mulher decidir sobre o próprio corpo.


Ainda que no rigor lógico-científico o embrião, ou feto, não faça parte do corpo da mãe. Ela apenas o abriga. São duas vidas, e não uma só.


Não estou, e penso que o leitor ou leitora já notou, fazendo juízo de valor sobre os temas, apenas enfatizando o desarranjo, uma assimetria sistemática.


Que fica também evidente no contraste entre a proteção militante à vida animal e a condescendência com as ameaças à vida humana.


Desde há muito as pessoas mobilizam-se em defesa de outras espécies. Já há nessa agenda uma ética consolidada. Matar um bicho ou fazê-lo sofrer lança o sujeito no rol da execração. Usar peles de bichos, por exemplo, é encrenca na certa.


Num episódio célebre após o falhado levante comunista de 1935, o advogado católico Sobral Pinto defendia presos ligados ao movimento derrotado e pediu que eles tivessem respeitados pelo menos os direitos previstos pela lei de proteção aos animais.


Arrisco dizer que seremos uma sociedade mais coerente quando a vida humana merecer a mesma defesa radical que merecem hoje as plantas e animais.


No debate do Código Florestal exige-se a perseguição e a punição implacáveis a todos que um dia decidiram ocupar beiras de rio para dali tirar o sustento, seu e de suas famílias.


Aqui as circunstâncias não servem de atenuante.


Já quando alguém menor de 18 anos comete um crime hediondo o vento sopra no sentido contrário: aqui é imperioso olhar atentamente para as circunstâncias. Imperioso reabilitar, dialogar, integrar.E não simplesmente condenar. Ou punir.


Se o leitor pedir a explicação do desarranjo, dos dois pesos e duas medidas, admitirei que não tenho uma pronta e acabada. Esta coluna é só divagação. Mas desconfio que a raiz esteja mesmo é na desumanização.


Ou humanofobia.


O homem visto como estorvo, como vetor daninho, a ser contido e evetualmente removido.


A não ser que persista em “estado natural”, signifique isso o que significar. Então o problema não está no homem, mas na civilização, talvez olhada apenas como ampliação das consequências do pecado original.


Fonte: Correio Braziliense