sexta-feira, 30 de junho de 2017

Macron e seu trono de duas pernas



Macron e seu trono de duas pernas


Nelson Ribeiro Fragelli


Em outubro de 2016 uma sondagem de opinião do prestigioso instituto francês IPSOS fazia uma revelação: 88% dos franceses estão profundamente insatisfeitos com os rumos do país.

        Em maio deste ano, novo estudo de opinião — o relatório anual do Conselho econômico, social e ambiental (CESE) — agravou ainda mais o ânimo nacional. “Le Monde” (24-5-17) cita trechos desse estudo, revelador do atual pessimismo dos franceses que, desorientados, não sabem o que fazer. Não se mobilizam e se consideram condenados a viver dias ainda piores. O estudo acrescenta que se torna urgente um despertar coletivo.

À guisa de resumo de suas conclusões, o relatório põe em destaque uma frase do socialista histórico Jean Jaurès, pronunciada pouco antes de seu assassinato em 1914: “Há na França, a propósito dos problemas vitais, uma inércia do pensamento, uma sonolência do espírito.” As recentes eleições presidenciais e legislativas confirmam esse diagnóstico.

*       *       *

         Diante desse quadro, tudo se arranja na política francesa para que o recém-eleito jovem presidente Emmanuel Macron erga a cabeça de seu país entorpecido. O esforço publicitário para apresentá-lo revestido de grandezas passadas é imenso. Jornais e revistas, de esquerda e de direita, apresentam-no vistosamente em uniformes de Napoleão ou sentado com majestade num trono.
         
           Vladimir Putin veio homenageá-lo. O encontro foi no majestático cenário do Palácio real de Versalhes, cujos suntuosos corredores e salões ambos percorreram. Na Galeria das Batalhas eles se cercaram de pinturas magníficas de combates legendários. Quinze séculos de heroísmo os emolduravam, desde Clóvis, vencedor de Tolbiac em 496, até as vitórias de Napoleão em Austerlitz e Wagram. Seriam os dois vivazes políticos, de passado desconhecido, emanações modernas daqueles heróis? A encenação o sugeria. Mas os personagens não cabiam no papel...

         Os jardins de Versalhes acolheram seus passos. Putin, habitualmente inexpressivo, olhava para Macron como um ajudante de ordens poderia olhar seu general após a vitória. E Macron parecia não vê-lo. Fitava o longínquo horizonte em sonhos grandiosos...

         A representação não está convencendo. Apenas eleito, Macron deveria ser confirmado pelo voto popular no primeiro turno das eleições parlamentares, em 11 de junho. Seu partido saiu favorito, mas com o menor número de votos já obtidos por um governo na V República. A abstenção bateu recorde histórico. Não houve o “despertar coletivo” desejado pelo CESE.


         Em 18 de junho deu-se o segundo turno. Novo recorde de abstenção: 57%. Somados aos votos em branco, temos 64% dos eleitores que não se importam com Macron, nem com os rumos da Nação. No dia seguinte, o jornal alemão “Die Welt” escreveu que a encenação tentava pôr Macron no trono de Júpiter, o pai dos deuses. 

Mas, a olhos vistos, não está dando certo. Apesar do pouco caso dos eleitores, Macron obteve maioria parlamentar. Só que seu trono tem apenas as duas pernas de trás. As duas da frente são as dele mesmo.


quinta-feira, 29 de junho de 2017

Amazônia brasileira não é “patrimônio da humanidade” , deveria ter dito Temer na Noruega


Faltou altivez a Temer na Noruega, diz General Heleno

O presidente Michel Temer não teve altivez para dizer à primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, que o Brasil não mais aceitaria recursos daquele ou de qualquer outro país para nos auxiliar a não desmatar a Amazônia, na opinião do general Augusto Heleno, um dos líderes mais respeitados das Forças Armadas. 

Afinal, segundo ele lembrou nas redes sociais, a Amazônia brasileira não é “patrimônio da humanidade” e sim um patrimônio do Brasil. A informação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder.

O general afirma que ainda está em tempo de Temer “dizer ao mundo” o que não declarou ante a atitude mal educada dos anfitriões, em Oslo.

Ex-comandante militar da Amazônia, Augusto Heleno diz que cabe apenas ao Brasil preservar e explorar a floresta com sustentabilidade. "Somos um país soberano, riquíssimo, com 200 milhões de habitantes e dispensamos tutores ou auditores estrangeiros para nos dizer o que fazer com nossas riquezas", diz a mensagem.

Augusto Heleno diz ainda que os europeus não podem dar lições de preservação: destruíram “a maior parte de suas reservas florestais”.

Mostramos aqui no blog que o atual comandante do Exército brasileiros, General Eduardo Villas Bôas, também se sentiu incomodado com a admoestação dada pela Noruega ao Brasil. Tanto o General Villas Bôas, quanto o General Heleno estiveram a frente do comando militar da Amazônia.

“Informação publicada é informação pública. Porém, alguém trabalhou e se esforçou para que essa informação chegasse até você. Seja ético. Copiou? Informe e dê link para a fonte.”




terça-feira, 27 de junho de 2017

A esmola rara da verdade



A esmola rara da verdade

Péricles Capanema

“Tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver” (Mt 25; 35-36). Na mesma direção, poderíamos acrescentar: sedento da verdade, ouvi-a de ti.

Pode surpreender, mas o texto me tomou o espírito enquanto ouvia discurso aos cubanos do presidente Donald Trump, em Miami. Martelava verdades silenciadas na imprensa e há muito evitadas pelos Chefes de Estado e até por eclesiásticos. 

A patrulha as proíbe, a tirania do politicamente incorreto as sufoca na garganta de quase todos. Contudo, indispensáveis na atualidade, em especial para a América Latina. Recebi agradecido a esmola rara da verdade.

Vou ecoá-las, resumidamente em alguns trechos (a íntegra está na rede): 

“Os exilados e dissidentes hoje aqui testemunharam o comunismo destruir uma nação, como sempre acontece onde o comunismo é aplicado. Contudo não mais nos manteremos silenciosos diante da opressão comunista. No ano passado eu prometi ser uma voz a favor da liberdade do povo cubano. Os Estados Unidos divulgarão os crimes do regime castrista e apoiarão o povo cubano em sua luta pela liberdade. 

"Pois sabemos que é melhor para os Estados Unidos que haja liberdade em nosso hemisfério, seja em Cuba ou na Venezuela. Por quase seis décadas, o povo cubano sofreu debaixo do domínio comunista. Até hoje o povo cubano é dirigido pelas mesmas pessoas que mataram dezenas de milhares de seus próprios cidadãos, que tentaram disseminar sua ideologia fracassada e repressiva em nosso hemisfério. 

"O regime castrista enviou armas para a Coréia do Norte e provocou o caos na Venezuela. Ao mesmo tempo que prendia inocentes, acolheu assassinos de policiais, sequestradores e terroristas. Apoiou o tráfico de humanos, o trabalho forçado e a exploração no mundo inteiro. Esta é a verdade simples sobre o regime castrista. 

"Meu governo não esconderá tais fatos, não os desculpará, não os glamoralizará. Nunca será cego para eles. Vou cancelar imediatamente o acordo parcial feito pelo governo anterior. Anuncio agora uma nova política com Cuba. Procuraremos um acordo mais vantajoso para o povo cubano e para os Estados Unidos. 

"Não suspenderemos as sanções contra o regime cubano até que todos os prisioneiros políticos sejam libertados, haja liberdade de reunião e expressão, partidos políticos legalizados, eleições livres sob supervisão internacional e com data marcada. Quando Cuba estiver pronta para dar passos concretos nessa direção, nós também estaremos prontos, desejosos e capazes de oferecer um acordo muito melhor para os cubanos. Um acordo justo, um acordo que faça sentido. Respeitaremos a soberania cubana, mas nunca daremos as costas ao povo cubano”.

Não custa lembrar, quem discursava diante de uma colônia tantas vezes incompreendida e rejeitada era o Chefe de Estado da mais poderosa nação da Terra. Não eram apenas palavras bonitas, significavam e política de rumo novo, promissor. 

O acontecimento autorizava esperança de extirpação do câncer cubano, que infecciona a América desde finais da década de 50.

Ficou ainda mais escandaloso o apoio escancarado (rios de dinheiro do BNDES) e tantas vezes o silêncio de numerosos governos latino-americanos à ditadura sanguinária. Ficou ainda mais escandaloso o apoio que o castrismo sempre recebeu no Brasil da esquerda política e da esquerda eclesiástica. 

Reproduzo ignóbeis palavras de Lula: “o maior de todos os latino-americanos, comandante em chefe da revolução cubana, meu amigo e companheiro Fidel Castro”. 

Lembro escandalosas palavras de dom Paulo Evaristo Arns em carta a Fidel Castro: “O povo de seu País conseguiu resistir às agressões externas para erradicar a miséria. Hoje em dia Cuba pode sentir-se orgulhosa de ser exemplo de justiça social. A fé cristã descobre nas conquistas da Revolução um ensaio do Reino de Deus”.


Volto ao início. Tive fome, e destes-me de comer. Libertar Cuba do comunismo vai abrir o caminho para o aumento da produção, e para que o povo deixe décadas de privação e fome. 

Era estrangeiro, e hospedastes-me. Hoje o comunismo tornou Cuba estrangeira ao seu mais poderoso vizinho, estrangeira a tantas nações, irmãs por laços de sangue, civilização e religião. O fim do comunismo fará com que volte ao convívio normal nas Américas. 

Estive na prisão e foste me ver. Com a queda do castrismo, as prisões políticas se abrirão e os cubanos, hoje prisioneiros nas próprias casas, poderão livremente falar e influir nos destinos de Cuba. Uno-me às esperanças dos cubanos.



segunda-feira, 26 de junho de 2017

O Brasil pergunta a Janot e Joesley: cadê a metade que falta?



O Brasil pergunta a Janot e Joesley: cadê a metade que falta?
O país que a Lava Jato acordou exige a punição de todos os bandidos, mesmo suspeitando que a tribo dos políticos sem culpa no cartório caiba numa maloca
Por Augusto Nunes


O Supremo Tribunal Federal decidiu que o acordo entre Rodrigo Janot e Joesley Batista não precisa de revisão, que o ministro Edson Fachin seguirá cuidando da meia delação premiadíssima e que, ao menos por enquanto, continuam valendo os benefícios que condenaram à impunidade perpétua um esquartejador da verdade. 
Com a decisão o STF aparentemente buscou impedir que os advogados dos quadrilheiros passassem a contestar todas as revelações de quem aceitou colaborar com a Justiça. 
O problema é que essa obscenidade parida em Brasília pelo procurador-geral da República pode desmoralizar o instrumento jurídico que, utilizado com inteligência em Curitiba, ajudou a iluminar a face escura do Brasil.
O correto seria percorrer o caminho do meio. As vigarices expostas por Joesley imploram por investigações e, se for o caso, castigos exemplares. Se o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves, por exemplo, fizeram o que parecem ter feito, merecem o purgatório onde penam traidores de milhões de profissionais da esperança. 

Mas a história das falcatruas da JBS não pode limitar-se à primeira parte. Joesley está obrigado a exumar a metade que falta. O país que presta quer saber quando o açougueiro predileto dos governos do PT abrirá o baú das bandalheiras que praticou com a cumplicidade ativa de Lula, Dilma e a chefia do BNDES. Que tal começar pela suspeitíssima reunião que juntou Joesley, Lula e Eduardo Cunha no Sábado de Aleluia de 2016.

Figurões do Judiciário, do Executivo, do Legislativo e do Ministério Público teimam em fechar os olhos ao Brasil que a Lava Jato despertou. (Refiro-me, insisto, à verdadeira Lava Jato, personificada por Sérgio Moro, não à caricatura liderada pelo procurador-geral que presenteia bandidos bilionários com o status de inimputável). 

Esse novo país exige o enquadramento de todos os delinquentes, mesmo suspeitando que a tribo dos homens públicos honrados caiba numa maloca. Com o sumiço dos velhacos hegemônicos, a espécie em extinção vai multiplicar-se rapidamente. É hora de começar tudo de novo.


domingo, 25 de junho de 2017

A CNBB, mais uma vez, agrava a exclusão social



A CNBB, mais uma vez, agrava a exclusão social

Péricles Capanema

Em comunicado de 17 de maio o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) agrediu o relatório da chamada CPI da FUNAI/INCRA (solicitou o indiciamento de 14 missionários), com expressões como as abaixo transcritas: “A CPI da FUNAI/INCRA mostrou-se parcial do início ao fim dos trabalhos.

Criada e relatada por ruralistas para atender os interesses ruralistas e atacar os povos originários. Descomprometidos com a verdade, os ruralistas tentam criminalizar mais de uma centena de lideranças indígenas, indigenistas, religiosos e cientistas sociais. 

Tentativa de retorno ao escravagismo no campo e venda do território brasileiro para estrangeiros por parte dos ruralistas [suposto objetivo dos deputados ruralistas e de seus apoiadores]. 

Chama a atenção a forma racista de os ruralistas se referirem a lideranças e povos indígenas. Trata-se de ranço colonialista que acentua o preconceito contra os povos originários de nosso país. Outrossim, preocupa a onda de massacres cruéis cometidos por fazendeiros e seus jagunços contra povos indígenas, quilombolas e camponeses Brasil afora”.

Longe da concórdia, que nasce da caridade, esse é o tom do órgão que supostamente coordena atividades de missionários, cuja missão é arrancar os indígenas do paganismo e conduzi-los ao Catolicismo. Labuta de pregação, convencimento, conversão, de fato, altamente civilizatória. Tarefa de harmonia e de inclusão.

Missão é uma coisa; trabalho efetivo, outra. Exemplo da atividade real: intolerante, o CIMI investe contra os fazendeiros. Alguém no Brasil acredita que exista “onda de massacres” promovidas por fazendeiros, dirigida contra índios, quilombolas e camponeses? E que os ruralistas procuram reinstalar a escravidão no campo e vender suas terras a estrangeiros? 

O órgão unido à CNBB prejudica os pobres ao jogá-los contra o agronegócio que está evitando a quebra do Brasil e a precipitação numa miséria como a da Venezuela e Cuba, para onde nos conduzirá a ação das correntes que apoiam o CIMI, como MST, CPT, CUT, entidades e partidos afins.

Uma entidade afim: a CNBB (para tristeza dos católicos). Em comunicado de 22 de junho a CNBB se apressou em defender o CIMI: 

“O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunido em Brasília - DF, nos dias 20 a 22 de junho de 2017, manifesta seu total apoio e solidariedade ao Conselho Indigenista Missionário (CIMI) diante das infundadas e injustas acusações que recebeu da Comissão Parlamentar de Inquérito, denominada CPI da Funai e Incra. 

"O indiciamento de missionários do CIMI é uma evidente tentativa de intimidar esta instituição tão importante para os indígenas. Tenha-se em conta ainda que as proposições da CPI se inserem no mesmo contexto de reformas propostas pelo governo, especialmente as trabalhista e previdenciária, privilegiando o capital em detrimento dos avanços sociais. Tais mudanças apontam para o caminho da exclusão social”. 

Assinam o documento dom Sérgio, cardeal-arcebispo de Brasília, dom Murilo, arcebispo de Salvador e dom Leonardo, bispo-auxiliar de Brasília, respectivamente, presidente, vice-presidente e secretário-geral da CNBB.

O avanço social no Brasil está ligado ao estímulo dos investimentos, tanto o público quanto o privado, os quais dependem fortemente de reformas sensatas nos âmbitos trabalhista e previdenciário. 

Fracassando, minguarão as aplicações, a produtividade tenderá a estacionar. Na prática, a proposta da CNBB petrifica o atraso. E, no bojo de outras de igual inspiração, favorecerá o retrocesso, com o agravamento da miséria. 

De passagem avanço social autêntico é o que propicia, com proporção, condições para que os membros do corpo social atinjam a plenitude de suas potencialidades e não o que favorece desnaturadas políticas igualitárias.

Dois pontos finais a destacar. Primeiro, convém ter em vista dados divulgados pela revista EXAME e em particular pelo dr. Evaristo de Miranda. Existem hoje no País 584 terras indígenas, ocupam 114.699.057 ha, por volta de 14% do território nacional. 

Deambulam no Brasil 869,9 mil indígenas, aproximadamente 0,42% da população. Os 0,42% povoam os 14% do território nacional a eles destinados? Que nada. Um em cada três dos índios (36,2%) reside nas cidades, 63,8% habitam áreas rurais. 

Entre os que estão fora das terras indígenas, só 12,7% falam alguma língua indígena. Dentre os íncolas das terras demarcadas, 78,9 mil se declaram de outra raça, dos quais 70% pardos. Dos 869,9 mil, 147,2 mil não sabem a qual etnia pertencem. Em geral vivem em casas. Nas terras demarcadas, 2,9% moram em ocas. 

Nas terras indígenas, a energia elétrica chega a 70,1% dos domicílios. 76,7 dos índios são alfabetizados em português. Resumo, o CIMI, força do atraso, em sua ação revolucionária, afirma defender um índio que quase não existe mais, se um dia existiu. A maioria deles, como o brasileiro em geral, quer é crescer na vida.


O segundo ponto registro alegre por dever de justiça. Em nenhum momento a CNBB afirma, houve unanimidade no Conselho Permanente. Levanta a suspeita de oposição interna mesmo que muda. 

A propósito, ainda, em março, dom Odilo, cardeal-arcebispo de São Paulo, marcou distância em relação às posições oficiais da CNBB: 

“Penso que de toda maneira há necessidade de reformas tanto na lei trabalhista como na lei da Previdência. Sim, acho que é necessário fazê-las e fazê-las bem”.



sábado, 24 de junho de 2017

Moçambique não pagou. Adivinhe quem vai pagar essa conta de Lula?



Adivinhe quem vai pagar essa conta de Lula?



Foi no governo Lula que a estratégia de apoiar projetos de empreiteiras no exterior ganhou impulso.

Um dos resultados: o governo de Moçambique não pagou duas parcelas do financiamento de US$ 125 milhões que o BNDES deu para construção do aeroporto de Nacala, obra concluída pela Odebrecht em 2014, informa a Folha.

Prejuízo: mais de US$ 15 milhões, subindo.

"Como a operação teve aval do Fundo de Garantia à Exportação (FGE), o Tesouro, que administra o fundo, foi acionado para ressarcir o BNDES, e o prejuízo sobrou para o contribuinte brasileiro."


Alguém tinha dúvida?

Fonte: O Antagonista

Sabãozinho, sabãozinho, de burguês gordinho! ...



Cuba, uma revolução decrépita e rabugenta

por Percival Puggina

 Em 1959, meus pais vieram morar em Porto Alegre. Aqui estavam as universidades e os melhores colégios públicos que para elas preparavam seus alunos. 

No topo da lista, o Colégio Estadual Júlio de Castilhos e seus excelentes professores. Por ali passaríamos os sete irmãos, cada um ao seu tempo. Era impossível, na efervescência intelecto-hormonal e no dinamismo da política estudantil dos anos 60, ficar imune aos debates e às disputas entre as distintas e "sólidas" convicções dos adolescentes às voltas com suas espinhas. 

Foi nesse ambiente que ouvi, pela primeira vez, afirmações que repercutiriam através de sucessivas gerações de brasileiros: nosso país, a exemplo de outros, era subdesenvolvido por causa do imperialismo norte-americano, do capitalismo, da ganância empresarial e da remessa de lucros para o estrangeiro. 

Desapropriação e nacionalização compunham palavras de ordem e o fogoso Leonel Brizola se encarregava de agitar a moçada com inflamados discursos a respeito.

 Para proporcionar ainda mais calor àquela lareira ideológica, Fidel Castro, montado num tanque, passara por cima dos supostos males causados pela burguesia e - dizia-se - colocava Cuba no limiar do paraíso terrestre. Derrubara uma ditadura e implantava o comunismo na ilha. 

Cá em Porto Alegre, nos corredores do Julinho, os mais eufóricos desfilavam entoando "Sabãozinho, sabãozinho, de burguês gordinho! Toda vil reação vai virar sabão!". A efervescência tinha, mesmo, incontidas causas hormonais.

Em meados de 2015, o New York Times publicou matéria repercutida pelo O Globo sobre as expropriações e nacionalizações promovidas pela revolução cubana em seus primeiros três anos. 

Menciona vários contenciosos que se prolongam desde então, envolvendo, entre outros, o governo espanhol, uma entidade representativa dos interesses dos cidadãos espanhóis, os Estados Unidos, bem como empresas e cidadãos norte-americanos e cubanos. Todos tiveram seus haveres confiscados, expropriados e, em muitos casos, surrupiados por agentes públicos. 

Ao todo, dois milhões de pessoas abandonaram a ilha, deixando para trás seus bens. Muitos, como a nonagenária Carmen Gómez Álvarez-Varcácel, que falou ao NYT por ocasião dessa reportagem, tiveram tomadas as joias de família que levavam no momento em que abandonavam o país. 

Segundo a justiça revolucionária, tudo era produto de lucro privado e merecia ser expropriado. Quem, sendo contra, escapasse ao paredón, já estava no lucro. Um estudo da Universidade de Creighton fala em perdas de US$ 6 bilhões por parte de cidadãos norte-americanos. As pretensões espanholas chegariam a US$ 20 bilhões.

No discurso da esquerda daqueles anos, e que se reproduz através das gerações, Cuba, tinha, então, o paraíso ao seu dispor. Sem necessidade de despender um centavo sequer, o Estado herdou todo o patrimônio produtivo, tecnológico e não produtivo de empresas privadas e de milhões de cidadãos. 

Libertou-se a ilha da dita exploração capitalista. O grande vilão ianque foi banido de seu território. Extinguira-se, de uma só vez e por completo, a remessa de lucros. A maldosa burguesia trocara os anéis pelos dedos. Tudo que o discurso exigia estava servido de modo expresso, simultâneo, no mesmo carrinho de chá.

Cuba, no entanto, mergulhou na miséria, no racionamento, na opressão da mais longa ditadura da América, na perseguição a homossexuais, na discriminação racial e na concessão a estrangeiros de direitos que, desde então, recusa ao seu povo. 

Por outro lado, enquanto, em nome da autonomia dos povos, brigava como Davi com bodoque soviético contra os Estados Unidos, treinava e subsidiava movimentos guerrilheiros centro e sul-americanos, e intervinha militarmente em países africanos a serviço da URSS.

O recente recuo político promovido por Trump nos entendimentos com a alta direção de Castro&Castro Cia. Ltda. leva em conta aspectos que foram desconsiderados por Obama e pelo Papa Francisco, tanto na política interna da ilha quanto nos contenciosos nascidos naqueles primeiros atos da revolução. 

Não posso ter certeza sobre quanto há de proteínas democráticas na corrente sanguínea de Trump animando essa decisão. Mas não tenho dúvida, porque recebo informações a respeito, que os milhões de cubanos na Flórida conhecem como ninguém a opressão política, a coletiva indigência, a generalizada escassez e a falta de alternativas que sombreia sucessivas gerações de seus parentes sob o jugo de uma revolução velha e velhaca, decrépita e rabugenta. E essa pressão política pesa muito por lá.


sexta-feira, 23 de junho de 2017

Brasil venderá a Amazônia para Noruega e Alemanha por R$ 2,8 bilhões?



Brasil venderá a Amazônia para Noruega e Alemanha por R$ 2,8 bilhões?

O presidente do Brasil, Michel Temer, desembarca na Noruega onde prestará contas ao rei dos esforços de comando e controle do Brasil destinados a proteger a Amazônia dos brasileiros amazônidas

Depois da viagem oficial feita à Rússia, o presidente Michel Temer desembarcou hoje em Oslo, capital da Noruega, principal país financiador do Fundo Amazônia, com repasses de R$2,8 bilhões. 

A questão ambiental está entre os assuntos a serem tratados nas reuniões com as autoridades locais. Hoje (22), o presidente brasileiro se encontra com investidores noruegueses. Amanhã (23), Temer reúne-se com o Rei Harald V, com a primeira-ministra, Erna Solberg, e com o presidente do Parlamento, Olemic Thommessen.

Na semana passada, o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Vidar Helgesen, enviou uma carta a seu colega brasileiro, Sarneyzinho Filho, ameaçando cortar os repasses de petrodólares noruegueses ao Brasil se o Governo não tomasse medida que protejam a Amazônia dos brasileiros que vivem na região.

Segundo o norueguês, a ação do Brasil de proteger a Amazônia dos brasileiros “determinará o futuro de nossa parceria baseada em resultados”. Mais adiante no texto, ele expressa o temor de que os bilhões de reais doados pela Noruega e pela Alemanha em troca da preservação da Amazônia “tenham tido um impacto apenas temporário”.

Ao portal alemão Deutsche Welle, o ministro norueguês disse que os repasses da Noruega ao Brasil podem ser reduzidos. "Nosso programa de doação é baseadoem resultados. Isso significa que, se o desmatamento está subindo, haverá menos dinheiro".


Há duas semanas, a embaixadora da Noruega no Brasil, Aud Marit Wiig, também adotou tom crítico pouco usual na diplomacia, ao comentar a questão em entrevista ao jornal Valor Econômico. "A criação de áreas protegidas foi uma medida muito eficiente para manter a floresta. 

E quando se enfraquece esse instrumento, tememos que os resultados possam ser negativos. "Estamos preocupados. O serviço de redução de emissões de CO2 que o Brasil entrega é muito importante. O que vai acontecer, provavelmente, é uma redução no dinheiro (repassado ao Brasil)", disse ainda.

Na mesma entrevista, o embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, também manifestou descontentamento do governo alemão, outro financiador do Fundo Amazônia. "Vemos como problemáticos os sinais de redução na proteção da floresta. 

É claro que isso não tem impacto positivo no governo Merkel e também nos membros do Parlamento, que estão se perguntando o que se está fazendo com esse dinheiro público", disse Witschel.

Já para o embaixador do Brasil na Noruega, George Prata, como o Brasil tem um importante patrimônio natural, os noruegueses (que exportam burras de petróleo) ajudam a financiar parte da proteção a essa riqueza. "Nos últimos anos, a Noruega contribuiu com quase US$ 1 bilhão para programas de conservação e desenvolvimento sustentável na Amazônia", explica o embaixador genuflexo.

Veja também:

A Noruega é um dos maiores produtores e exportadores e petróleo do planeta e o oitavo maior investidor estrangeiro no Brasil, com presença no setor de energia. 

Atualmente, há 89 projetos no âmbito do Fundo Amazônia boa parte deles financiando o aparato de repressão ambientalista de organizações governamentais e não governamentais. O Fundo é administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

De acordo com o Palácio Planalto, Temer buscará, nesses encontros, ampliar o comércio entre o Brasil e a Noruega. Há também interesse em avançar nas negociações para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), grupo integrado por Noruega, Islândia, Liechtenstein e Suíça. A viagem de retorno a Brasília está prevista para a noite desta sexta-feira.

Foto: Beto Barata/PR

Em tempo, por que a Noruega enviaria um Exército para invadir a Amazônia, queimar máquinas, embargar as terras dos brasileiros e expulsá-los de suas casas, se o país pode pagar para fazer isso com os agentes do Ibama, da nossa polícia federal e de ONGs?


Noruega financia repressão ambiental contra o povo brasileiro na Amazônia
Funcionário do Ibama em ação de repressão ambiental contra o povo da Amazônia

Dados repassados pelo Ibama ao jornal O Estado de São Paulo mostram que, entre janeiro de 2006 e junho de 2017, a região da BR-163, no sudeste do Pará, foi alvo de 2.662 autos de infração emitidos pelo órgão federal, um volume que só cresceu nos últimos anos, chegando a 435 multas liberadas apenas em 2015. As ações do Ibama são parcialmente financiadas pela Noruega por meio dos repasses ao Fundo Amazônia. Clique aqui e entenda.

Dos 2.662 autos na região, 298 foram emitidos ao colonos amazônidas que passaram a estar ilegais com a criação da Floresta Nacional do Jamanxim em 2006. O órgão público melhor estruturado na cidade de Novo Progresso, no Pará, é o escritório do Ibama. Não há ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência na cidade, mas o escritório do Ibama dispõe de um helicóptero.

Veja também:


Em um encontro em Oslo, no final de outubro do ano passado, a pedido do Ministro do ½ ambiente, Sarneyzinho Filho, Noruega e Alemanha concordaram com o uso de recursos do Fundo Amazônia para o financiamento de ações de fiscalização na Amazônia. Originalmente o Fundo tinha o objetivo de financiar ações de incentivo econômico a proteção ambiental.

Veja também:


A transformação da zona ocupada por pessoas da Floresta Nacional do Jamanxim em Área de Proteção Ambiental (APA), tornaria possível compatibilizar a proteção ambiental com as atividades produtivas. Mas os ambientalistas e o governo da Noruega são contra. Para eles, a zona ocupada deve permanecer como Floresta Nacional, o que levaria à expulsão dos colonos.


No início desta semana, antes de partir para a Noruega, um financiadores da repressão ambiental na Amazônia, o presidente Michel Temer vetou a Medida Provisória 756, que resolvia essa situação. Uma proposta semelhante deve ser enviada hoje ao Congresso, na tentativa de que a solução seja aprovada como projeto de lei em regime de urgência.

Foto: Felipe Werneck - Ascom/Ibama



Não precisamos nem queremos dinheiro da Noruega para se intrometer aqui!




Atuação da Noruega na Amazônia incomoda o Exército Brasileiro

O comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Villas Bôas, disse nesta quinta-feira (22) em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que ficou incomodado com a admoestação da Noruega ao presidente Michel Temer. "Me incomodou muito ver hoje a reportagem... o Presidente Temer está indo à Noruega e vai levar puxões de orelha da Noruega porque a Noruega doou U$ 3 bilhões de dólares para a preservação, o Fundo Amazônia, e o Brasil não está cumprindo as suas tarefas".

Em visita oficial à Noruega o Presidente Michel Temer foi cobrado em relação as contrapartidas ao dinheiro "doado" ao Brasil pelo país nórdico, que um grande exportador de petróleo. O recurso, que deveria ser usado para incentivar a conservação da Amazônia, está servindo para financiar as ações de repressão do Ibama contra os brasileiros que vivem na região. Durante a vista, Temer foi informado que as doações serão cortadas pela metade em retaliação a glumas medidas no Governo na região.

Em resposta aos Senadores da Comissão de Relações Exteriores, o comandante do Exército fez uma avaliação profunda da atuação de ONGs internacionais na Amazônia. Segundo ele, o Brasil tem uma fraca percepção do que chamou de "fronteiras virtuais" e por essa razão sofre constantes invasões em sua soberania sem perceber.

Como exemplo de invasão dessas fronteiras virtuais, Villas Boas mencionou a visita que o Rei Harald V, da Noruega, fez a uma aldeia na Amazônia sem fazer qualquer comunicado às autoridades brasileira como se a Terra Indígena fosse um estado autônomo.


Veja a declaração do General Villas Bôas:

Esse final de semana publicarei um vídeo mais longo e uma avaliação mais aprofundada das declarares do general Eduardo Villas Bôas.

Veja também:
Brasil venderá a Amazônia para Noruega e Alemanha por R$ 2,8 bilhões?

Noruega financia repressão ambiental contra o povo brasileiro na Amazônia
 


quinta-feira, 22 de junho de 2017

Golpe de caneta nocauteia Joesley e deixa Lula grogue


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Golpe de caneta nocauteia Joesley e deixa Lula grogue
Sem sair da cadeia em Curitiba, Eduardo Cunha deixou em frangalhos as fantasias criadas pelo dono da JBS para livrar do castigo o ex-presidente
Por Augusto Nunes

(Montagem/Reprodução)

Ao resumir numa carta manuscrita o encontro com Lula na casa de Joesley Batista, ocorrido  em 26 de março de 2016, e revelar que o trio se reuniu para confabular sobre o impeachment de Dilma Rousseff, o prisioneiro Eduardo Cunha desferiu um golpe de caneta que deixou grogue um esquartejador da verdade e levou novamente às cordas a alma viva mais cínica do Brasil. 
No fim de semana, na entrevista a Diego Escosteguy, Joesley repetira que só viu Lula a um metro de distância duas vezes ─ em 2006 e 2013, quando se limitaram a trocar ideias exemplarmente republicanas. Nesta segunda-feira, foi obrigado pelo ex-presidente da Câmara a confessar que esteve com o chefão “em outras ocasiões” ─ certamente para tratar de negócios nada republicanos.
É o começo do fim da farsa encenada pelo açougueiro predileto de Lula e do BNDES. É o que faltava para o sepultamento da meia delação premiadíssima. Ou Janot rasga a fantasia e admite que não pretende investigar a organização criminosa que patrocinou a entrada de Joesley no clube dos bilionários ou reduz a farrapos as fantasias do dono da JBS com a convocação para uma nova série de depoimentos.
 É hora de forçá-lo a abrir o bico sobre o bando que, nas palavras do próprio depoente, institucionalizou a corrupção no país. A insistência em vender Lula e seus comparsas como exemplos de honradez é uma forma de implorar pela pronta interdição do direito de ir e vir.
No texto escrito de próprio punho na cadeia em Curitiba, Cunha tornou a exibir a vocação para arquivista. “Ele fala que só encontrou o ex-presidente Lula por duas vezes, em 2006 e 2013”, lembra o signatário. “Mentira. 

Ele apenas se esqueceu que promoveu (sic) um encontro que durou horas, no dia 26 de março de 2016, Sábado de Aleluia, na sua residência na rua França, 553, em São Paulo, entre eu (sic), ele e Lula, a pedido do Lula, a fim de discutir o processo de impeachment, ocorrido em 17 de abril, onde pude constatar a relação entre eles e os constantes encontros que eles mantinham”.

A profusão de minúcias deixa claro qual dos dois está mentindo. Para facilitar o trabalho de jornalistas e policiais incumbidos de checar as informações contidas na carta, o ex-deputado oferece meia dúzia de testemunhas. Que tal ouvir os seguranças da Câmara que o escoltaram na incursão por São Paulo? Que tal uma visita à locadora do veículo usado por Cunha para deslocar-se pela capital paulista? 

O Brasil decente torce para que seja longa e reveladora a briga de foice entre integrantes de duas organizações criminosas ─ ORCRINS, prefere Joesley ─ que roubaram em perfeita harmonia até o divórcio consumado pelo despejo de Dilma Rousseff.


Tomara que todos os bandidos contem tudo o que sabem uns dos outros. E que o bate-boca continue nas cadeias onde estarão alojados os corruptos, hoje desavindos, que a partir de 2003 produziram juntos a maior sequência de assaltos aos cofres do Brasil registrada desde o Descobrimento.