sábado, 31 de janeiro de 2015

Produtividade e ideologia no campo


Produtividade e ideologia no campo

XICO GRAZIANO* - O Estado de S.Paulo


Recente relatório do Incra reascendeu uma discussão no debate agrário: a necessidade, ou não, de atualizar os índices de produtividade no campo. Elevá-los facilitaria a desapropriação de terras. Por outro lado, avançaria sobre a produção rural. Entenda a polêmica.

A legislação básica do Estatuto da Terra (1964) definia a existência de dois tipos de latifúndio: os "por dimensão", grandes áreas acima de 600 módulos fiscais, e os "por exploração", caracterizados como de baixa produtividade, independentemente do seu tamanho. Em 1975, normatizando a matéria, o poder público estabeleceu índices mínimos de produtividade física, regionalizados, para cada lavoura e para as pastagens.

Na prática funcionava assim: o técnico do Incra realizava as vistorias nos imóveis rurais suspeitos, verificava in loco o nível existente de produtividade e elaborava seu laudo. Se a fazenda estivesse produzindo acima dos índices oficiais, significava que ela era produtiva, em acordo com a função social da propriedade; se ficasse abaixo, estaria improdutiva, caracterizada como latifúndio e, portanto, destinada à reforma agrária. Fácil.

A história, porém, não fica estacionada. Aconteceu que a modernização da agropecuária se acelerou nos últimos 30 anos, alterando completamente seu patamar produtivo, deixando para trás o atraso oligárquico para assumir a dianteira da modernidade capitalista. Segundo a Conab, entre 1976 e 2013 a produção nacional de grãos expandiu-se 306% (de 47 milhões para 191 milhões de toneladas), enquanto a área cultivada mostrou acréscimo de 51% (de 37 milhões para 56 milhões de hectares). Conclusão: houve uma extraordinária elevação da produtividade física da terra.

Ocorreu, também, decorrente da Constituição de 1988, importante modificação legal: a antiga denominação de "latifúndio" acabou substituída pela de "grande propriedade improdutiva" e somente esta, devidamente comprovada, passou a ser passível de desapropriação para fins de reforma agrária. Por ambas as razões, histórica e jurídica, o latifúndio virou passado. Felizmente.

Mais tarde, a estabilização da economia feriu gravemente o patrimonialismo oligárquico. A especulação fundiária cedeu espaço à rentabilidade. Assim, no processo da reforma agrária brasileira, começou a ficar difícil encontrar terras para serem desapropriadas, pois os fazendeiros aprimoraram seu nível tecnológico e elevaram sua produtividade. Nesse contexto, para manter a sanha do distributivismo agrário haveria só duas alternativas: ou elevar os índices mínimos de produtividade, ou comprar as terras pretendidas.

Predominou a saída da negociata: crescentemente o governo federal passou a adquirir, por preço de mercado, propriedades que, embora ostentando bons níveis de produtividade, foram invadidas pelo MST e seus congêneres. Os dados oficiais comprovam o que pouca gente sabe: dos 88,2 milhões de hectares incorporados aos assentamentos rurais no Brasil, apenas 30,5 milhões (34,5%) foram obtidos por meio de decretos desapropriatórios. O restante foi comprado pelo Incra. Essa tendência mercantilista na reforma agrária se fortaleceu nos últimos anos, pois em 1994 as desapropriações dominavam 95,6% da arrecadação de terras.

Sim, a elevação dos índices mínimos de produtividade poderia ter evitado esse negócio de compra e venda dentro da reforma agrária, um procedimento sujeito a vastas falcatruas. Significaria, em contrapartida, desprezar o bom senso da economia e chutar o balde da história. Porque a saga do latifúndio seguiu outro trilho. Em vez de se submeter à reforma agrária, subordinou-se ao capitalismo mais avançado, revolucionando sua forma de produzir, inserindo-se no mundo dos agronegócios. Se o objetivo da reforma agrária era aniquilar os antigos e ociosos latifúndios, para promover o desenvolvimento, a evolução funcionou, embora se tenha mantido praticamente inalterada a forte concentração fundiária trazida desde as capitanias hereditárias. Custo da História.

Para o progresso do País, que se urbanizou radicalmente, o resultado foi espetacular: o choque de capitalismo e a modernidade tecnológica no campo permitiram que, em 2013, cada trabalhador gastasse com a cesta básica de alimentos cerca de metade do valor, em preços reais, que gastava em meados dos anos 1970. A sorte das metrópoles não dependeu da reforma agrária.

Não se pode desprezar a realidade empresarial. Na regra elementar, se o preço do milho, por exemplo, está baixo, qual o comportamento esperado dos agentes econômicos: aumentar a produção do cereal, e quebrar a cara, ou segurar o plantio, para se precaver? Ora, querer obrigar os agricultores à elevação contínua da produção, sem garantia de preço, significa uma insanidade. Afinal, quem arcaria com o prejuízo?

Faz bem o governo em buscar nova formula para avaliar o desempenho produtivo das propriedades rurais. Quem defende elevar os tais índices de produtividade esconde uma pegadinha: quer, na verdade, continuar a rosca sem fim da reforma agrária, porque dela se alimentam politicamente. Chega de ilusão. A área dos assentamentos rurais já supera em 25% o total da área plantada no Brasil.

A verdadeira discussão não reside na obtenção de mais terra, o grande problema está em assegurar o caráter produtivo da capenga reforma agrária já realizada. Bote-se o dedo na ferida: os índices médios de produtividade dos assentamentos encontram-se abaixo dos verificados na agricultura de 1975. Sanar essa absurda fraqueza deveria ser a prioridade da reforma agrária. Qualidade, não quantidade. Fora disso, é mera luta ideológica. Do século passado.


*AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DE AGRICULTURA E SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO. E-MAIL: XICOGRAZIANO@TERRA.COM.BR

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Petrobrás: Dilma fica "enfurecida" com...



 ...cálculo de perda da estatal

Do BOL, em São Paulo

·         Alan Marques/Folhapress

A presidente Dilma Rousseff (PT) ficou "enfurecida" com os números divulgados por consultorias

A presidente Dilma Rousseff (PT) ficou, de acordo com assessores, "enfurecida" com o cálculo produzido por consultorias independentes, que indica a necessidade de dar uma baixa de R$ 88,6 bilhões em ativos da Petrobras. As informações são da Folha de S.Paulo.

Para o Planalto, o número foi calculado de maneira "amadora" e colocou na mesma cesta ativos bons com outros contagiados pela corrupção investigada pela Polícia Federal, por meio da Operação Lava Jato.

Segundo a Folha, o governo preferia que o valor não fosse divulgado pelo conselho de administração da estatal, o que acabou ocorrendo por pressão de conselheiros em reunião feita na terça-feira (27).

O governo, internamente, julgou o cálculo como "rudimentar" e "amador", pois nem sequer foram utilizadas projeções importantes da estatal para a definição de números.

Além disso, segundo o governo, a divulgação fez crescer a imagem de que os ativos da estatal precisam ser baixados não só pela corrupção, mas também por incompetência administrativa.

Dilma chegou a fazer um telefonema onde teve uma conversa "duríssima" com Graça Foster, presidente da Petrobras há quase três anos, cobrando explicações sobre os critérios utilizados.

De acordo com a Folha, o valor de R$ 88,6 bilhões só chegou ao conhecimento do governo no dia da reunião do conselho, mesma data em que os conselheiros receberam os dados.

Inicialmente, o Planalto não queria que a quantia estimada fosse divulgada, mas o conselho considerou que o número acabaria vazando e a situação poderia ficar pior, já que levantaria a hipótese de que o órgão estaria escondendo dados.


(Com informações da Folha de S.Paulo)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Mestiço não é índio, sentencia juiz federal



Mestiço não é índio: Justiça Federal declara inexistente terra indígena no município de Santarém



Antropólogo entrevista ribeirinhos na região de Santarém.

A Justiça Federal no Pará declarou inexistente a Terra Indígena Maró, demarcada pela Funai em Santarém, região oeste do Pará. A decisão invalida o relatório produzido pela Fundação, que identificou e delimitou a área de 42 mil hectares sob o fundamento de que ali viveriam índios da etnia Borari-Arapium.

Na decisão do dia 26 de novembro, o juiz federal Airton Portela, da 2ª Vara da Subseção de Santarém, se refere a elementos extraídos do próprio relatório antropológico de identificação da Funai para concluir que as comunidades classificadas como indígenas da etnia Borari-Arapium, são formadas por populações tradicionais ribeirinhas, e não por índios.

Ao fundamentar a sentença, proferida nos autos de duas ações, uma do Ministério Público Federal, outra de sete associações que representam os interesses de populações tradicionais que ocupam a região da Gleba Nova Olinda, o juiz aponta contradições e omissões nos laudos da Funai.

Com base apenas na cronologia histórica, a sentença demonstra, por exemplo, que a ser verdade uma das conclusões do laudo antropológico, o pai de um dos líderes da comunidade Borari-Arapium teria nada menos do que 140 anos à época do nascimento do filho, em 1980, na região hoje compreendida pela Gleba Nova Olinda.

Airton Portela sustenta que antropólogos e ONGs induziram parte das populações tradicionais da área a pedir o reconhecimento formal de que pertenceriam a grupos indígenas. 

“O processo de identificação, delimitação e reconhecimento dos supostos indígenas da região dos rios Arapiúns e Maró surgiu por ação ideológico-antropológica exterior, engenho e indústria voltada para a inserção de cultura indígena postiça e induzimento de convicções de autorreconhecimento”, afirma o juiz federal.

Ao declarar a terra indígena inexistente, o magistrado também ordenou que a União e a Funai se abstenham de praticar quaisquer atos que declarem os limites da terra indígena e adotar todos os procedimentos no sentido de demarcá-la. 

A sentença determina ainda que não sejam criados embaraços à regularização de frações de terras da Gleba Nova Olinda - inclusive das comunidades São José III, Novo Lugar e Cachoeira do Maró, formadoras da terra indígena declarada inexistente -, garantindo-se às famílias de até quatro pessoas a regularização fundiária que, no mínimo, atenda ao conceito de pequena propriedade.

De acordo com a sentença, a Funai e a União não poderão criar obstáculos à livre circulação nas áreas que couberem a cada família, assim como em relação às vias que lhas dão acesso, tais como vicinais, ramais, rios e igarapés, tomando providências para que os moradores que se autoidentificaram como indígenas não criem dificuldades nesse sentido. 

O Estado do Pará deverá adotar medidas que assegurem a liberdade de ir e vir em toda a região da Gleba Nova Olinda.

Requisitos – Portela ressalta que os requisitos da tradicionalidade, permanência e originariedade, previstos na Constituição Federal para o reconhecimento e demarcação de terras indígenas, não foram demonstrados de forma sólida na ação proposta pelo MPF. 

“No presente debate verifico a ausência, não de apenas um, mas dos três elementos referidos e assim ergue-se obstáculo constitucional insuperável que inviabiliza o reconhecimento de terra tradicionalmente ocupada por indígenas”, diz o magistrado.

Os elementos apresentados à Justiça Federal por técnicos contratados pela Funai, em lugar de comprovar a existência de índios no Baixo Tapajós e Arapiúns, “antes revelam tratar-se de populações tradicionais ribeirinhas (São José III, Novo Lugar e Cachoeira do Maró) e que em nada se distinguem das onze comunidades restantes (de um total de 14) que formam a Gleba Nova Olinda, assim como também nada há que se divisar como elemento diferenciador das demais populações rurais amazônicas”, reforça a sentença.

O juiz federal chama de “mais ativistas que propriamente cientistas” os antropólogos que desenvolveram a chamada “etnogênese”, uma construção teórica que passou a explicar e incentivar o ressurgimento de grupos étnicos considerados extintos, totalmente miscigenados ou definitivamente aculturados.

“Tal movimento de “ressurgimento” tem a miscigenação no Brasil e na América Latina como mal a ser combatido (classificando-a como mito) e disso tem se servido muitos ativistas ambientais, que vislumbram na figura do indígena ‘ressurgido’ uma função ambiental protetiva mais eficaz que aquela desempenhada pelas chamadas populações tradicionais, e assim, não por outra razão, passaram a incentivar o repúdio à designações que julgam ‘pouco resistentes’ tais como ‘caboclos’, ribeirinhos, ‘mestiços’, entre outras que rotulam como ‘autoritárias’ e ‘instrumentos de dominação oficial’”, complementa a sentença.

Começa a cair por terra mais uma das grandes armações da antropologia no Brasil.

Com informações da Seção Judiciária do Pará




Custo Lula, custo Petrobrás




Custo Petrobras

Graça gastou dinheiro mandando refazer as plantas nos EUA, mas agora, dado o evidente desastre, cancelou tudo

Há menos de seis anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal “Valor Econômico". Entre outras coisas, contou, sem meias palavras, que a Petrobras não queria construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos em 2008. “Convoquei o conselho da empresa", contou Lula. Resultado: não uma, mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas para a produção de óleo.
Duas seriam refinarias Premium, uma no Maranhão, com previsão de refino de 600 mil barris/dia, a maior do país, e outra no Ceará, para 300 mil barris/dia.
Ontem, ainda na madrugada de terça para quarta, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, informou que a companhia simplesmente desistiu dos projetos Premium. Disse que a estatal não encontrou parceiros e que o negócio, afinal, não era viável economicamente.
Parece que não tem nada de mais. Algo assim como: “Foi mal, desculpa aí”.
Mas tem — nada menos que R$ 2,7 bilhões. Esse é o dinheiro que foi torrado em dois projetos que não saíram do papel. Na Premium I, a do Maranhão, ainda foram concluídas obras de terraplenagem, com “investimentos” de R$ 2,1 bilhões. Na II, do Ceará, a Petrobras conseguiu gastar R$ 600 milhões para praticamente nada.
Faz tempo que Graça Foster sabe que os projetos estavam furados. Desde 2012, pelo menos. Disse então que a companhia estava reavaliando a coisa, incluindo os equipamentos já comprados. Sim, Graça confirmou que equipamentos haviam sido adquiridos antes da definição dos projetos.
Graça ainda gastou dinheiro mandando refazer as plantas nos Estados Unidos — mas agora, dado o evidente desastre, cancelou tudo.
Curiosidade: ainda ontem à tarde, na página da Petrobras, lá constavam as duas refinarias, na categoria de novos empreendimentos. Pelo texto, coisas grandiosas. Pelo que disse ontem a presidente Graça Foster, a decisão de cancelar as refinarias foi tomada no último dia 22. Esqueceram de avisar o pessoal do site.
Na verdade, é mais do que isso. A história não deixa dúvida: isso aí é “Custo Lula", mas também um custo a ser atribuído à diretoria da Petrobras e seu Conselho de Administração, no momento em que a companhia assumiu projetos tão mal desenhados e durante todo o tempo em que o desastre foi simplesmente escondido. Dilma Rousseff contou que, quando presidente do Conselho da Petrobras, foi levada ao equívoco ao se basear em documentos frágeis para autorizar a compra da refinaria de Pasadena. Pois parece que há muitos outros equívocos a contabilizar.
As outras duas refinarias que a Petrobras, então presidida por José Sergio Gabrielli, foi levada a fazer por decisão de Lula são a do Nordeste (Abreu e Lima) e o Comperj, do Rio, dois projetos que saíram do papel, mas a preços escandalosamente elevados.
Outra curiosidade: ainda ontem, estavam funcionando direitinho os escritórios das refinarias Premium em Fortaleza e São Luís. As obras tinham óbvio caráter político, espécie de prêmio para aliados no Nordeste. Por isso foi tão difícil cancelar: o negócio tinha outras funções além de refinar petróleo. Aliás, parece que a única coisa que não importava era o refino.
E pensar que os R$ 2,7 bilhões são coisa pequena diante dos erros, desvios, roubos e superfaturamento que a empresa ainda nem conseguiu contar. É explosiva a combinação da gestão “vamo-que-vamo”, para a qual fazer contas é coisa de neoliberal, com corrupção.
ECONOMIA
Como dizia Mario Henrique Simonsen: muitas vezes é melhor pagar a propina e não fazer a obra; sai mais barato para o contribuinte.
VISIONÁRIO
Como dizia Eike Batista: um dia a OGX vai valer tanto quanto a Petrobrás.
GRÉCIA
O novo ministro das Finanças da Grécia, Yanis Varoufakis, já se definiu como militante do “marxismo libertário". Propõe a socialização dos meios de produção, mas sem a ditadura do Partido Comunista. Mas também não quer a democracia liberal (ou burguesa). Pede um tipo de democracia exercida e controlada pelos conselhos populares e de trabalhadores — de sindicatos a, digamos, associações de moradores. O libertário não vale para os indivíduos, mas para os conselhos.
Onde funciona ou onde funcionou isso? Em nenhum lugar.
De modo que a doutrina não lhe servirá para nada no serviço que assumiu: renegociar com a União Europeia e o FMI uma dívida de 240 bilhões de euros. Mas também ninguém precisa ser marxista para dar um calote na dívida externa.
O Globo -Carlos Alberto Sardenberg é jornalista

Invasões indígenas... muito além dos jardins da Câmara dos Deputados





Estranhas invasões indígenas

(*) Gregorio Vivanco Lopes

Em 16 de dezembro último um grupo de aproximadamente 200 índios (verdadeiros ou falso, não fica claro, de qualquer modo fantasiados de índios como se estivéssemos no tempo de Cabral) invadiram a Câmara dos Deputados em Brasília e flecharam um pobre policial que ali estava cumprindo seu dever e que teve de ser removido para o hospital de Base, em Brasília. 

Outro policial que, como o primeiro, exercia ali calmamente suas funções de guarda, teve melhor sorte. Escapou da flecha, mas foi atingido por uma pedrada e foi atendido pelo departamento médico da Câmara.
Em sua fúria, os supostos índios chegaram a bater troncos e arremessar objetos nas portas de vidro da portaria que dá acesso à Câmara. Diante da agressividade da invasão, a Polícia Militar teve de contê-los à base de spray de pimenta e ameaças, chegando a prender quatro deles. Como se estivessem devidamente instruídos, os tais índios puseram-se então a dançar e cantar na porta do prédio.
Ao que se deve esse espetáculo deprimente?
A história pode ser assim resumida. Em face das desproporcionadas demarcações indígenas realizadas sob pressão do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), órgão da CNBB, e levadas a cabo pela Funai, órgão do governo federal, está havendo um grande descontentamento na população em geral, especialmente na classe mais atingida pelas demarcações arbitrárias, que são os proprietários rurais. 

Sensível ao reclamo popular, a Câmara discute proposta de que a demarcação das terras indígenas seja feita por lei aprovada no Congresso Nacional, e não mais por meio de decretos arbitrários do Poder Executivo, a fim de evitar esse ditatorialismo pernicioso de órgãos do governo petista.
A Funai tem sido “acusada de fraudar laudos e inflar conflitos entre índios e produtores” (Folha de S. Paulo, 16-12-14).
Já foram várias tentativas de invasão da Câmara pelos índios, na tentativa de amedrontar os parlamentares que discutem o referido projeto.
Cabem algumas perguntas. 

Se os invasores são índios tão primitivos que usam arco e flecha, bordunas e pedras, como acompanham eles o que acontece na Câmara, em Brasília? 
Como sabem dos debates sobre as demarcações de terras? 
Se não são eles que acompanham, quem acompanha por eles? 
Como chegaram até Brasília? 
Quem pagou as passagens? 
Quem os incita à revolta e à violência? 
O público brasileiro tem o direito de conhecer as respostas a essas perguntas.
Ademais, é evidente que, para o próprio bem dos índios, deveriam eles ser normalmente integrados à civilização e catequizados, aqueles que ainda não o foram, pois são eles parte da população brasileira, e não tem sentido serem obrigados a permanecer confinados em guetos, para ali vegetar numa vida infra-humana.
O que visam então essas demarcações arbitrárias?
Ao analisar, em 1987, o projeto de Constituição que depois se cristalizou na atual Carta Magna, Plinio Corrêa de Oliveira denunciava “a existência de um plano arquitetado, dentro e fora do País, com vistas à internacionalização da Amazônia e sob pretexto da defesa das prerrogativas indígenas”.
(*) Gregorio Vivanco Lopes é advogado e colaborador da ABIM. 

OS ECOLOGISTAS NÃO DEIXAM



OS ECOLOGISTAS NÃO DEIXAM

Jacinto Flecha

         Continuo firmemente determinado a comprovar a importância do ambientalismo de ponta para a preservação da natureza. Minha visão esverdeada do universo é de ponta (e também tem pontas...), bem adequada para atazanar certos ambientalistas retrógrados, aboletados em rendosas atividades da ONGosfera manifestante. Vou apresentar hoje algumas novidades inventivas elogiáveis, para as quais faltou espaço na última crônica (Ambientalismo de ponta).

Uma bem concebida chaminé energética está em fase experimental no deserto da Austrália, aproveitando sua abundância solar. Baseia-se no mesmo princípio da chaminé, que coleta o ar aquecido de um forno ou fogão e o leva com a fumaça para cima, onde a temperatura é mais baixa. No centro de uma enorme tenda de plástico (340 hectares, equivalente à área do Central Park, em Nova York), ergue-se uma altíssima chaminé (cerca de um quilômetro de altura). O sol incide sobre a tenda, aquecendo o ar que está abaixo dela. O ar aquecido flui velozmente para o centro da tenda e sobe pela chaminé. Na passagem da tenda para a chaminé há turbinas, que giram acionadas pelo ar e produzem energia para uma cidade de tamanho médio.

         Os jornais noticiaram que uma pesquisa brasileira identificou na saliva do carrapato uma substância provavelmente útil para a cura do câncer. Quando se confirmarem os resultados, minha comemoração será com foguetes ecológicos. Os ambientalistas não precisam prantear a chacina dos carrapatos (inocentes vítimas do egoísmo de cancerosos...), pois a substância será produzida por engenharia genética. E a única função conhecida da carrapatolândia, que é sugar o sangue dos animais, prosseguirá sem obstáculos. Os ambientalistas adeptos de métodos terapêuticos ultrapassados, como a sangria, poderão servir-se deles. São ótimos para isso.

Li há vários anos sobre a descoberta de uma substância capaz de absorver água em volume 900 vezes maior que o seu próprio volume. Veja que maravilha seria espalhar essa substância em todo o deserto do Saara, transformando-o em grande oásis verdejante sombreado por elegantes palmeiras. Daria até para espalhar doses maiores da substância em amplos vales do deserto, a fim de absorver mais água e transformá-los em oceanos ou lagos piscosos circundados por praias. Ambientalistas retrógrados não deixarão de protestar contra essa novidade, pois os eficientes camelos se tornariam espécie desnecessária, condenada à extinção. Lamento informar que nunca mais encontrei qualquer referência à tal substância hidrófila, e não sei que fim levou o projeto. Mas não se discute que ele merece um prêmio, se tiver êxito.

A partir do momento em que começaram a escassear as fontes de combustíveis fósseis como o petróleo, começou também uma corrida tecnológica em busca de fontes alternativas. Várias frentes de pesquisa foram abertas, e hoje se aproveitam resíduos que eram antes motivo de transtorno na atividade principal. O vinhoto e o bagaço de cana estavam nessa categoria, e hoje ajudam a reduzir o custo de produção do açúcar e álcool. Grande parte do mérito dessa mudança se deve ao nosso País. Ainda não sei como será o protesto dos ambientalistas, mas é só esperar.

         Numa linha telefônica tradicional (analógica), dois fios de cobre são necessários para a comunicação de pessoas situadas nas suas extremidades, sendo um para ida e outro para volta. Uma única fibra ótica pode transmitir ao mesmo tempo cem mil comunicações como essa. Sem a invenção de fibras óticas, satélites artificiais, WiFi, celulares, calcule quanto cobre as atuais comunicações consumiriam. Talvez não bastasse todo o cobre existente nas minas. Você está vendo a importância do ambientalismo de ponta? E a falta de sinceridade dos ambientalistas, que não aplaudem esses progressos e façanhas?

Ainda não chegaram ao Brasil as chamadas rodas de Copenhague, lançadas recentemente na Dinamarca. Elas substituem a roda traseira da bicicleta comum, e têm um dispositivo complexo cujo motor elétrico, movido por uma bateria, multiplica por até dez a força que o ciclista aplica no pedal. Quando os pedais estão parados, girando para trás ou numa descida, ganha-se energia que é acumulada na bateria. Assim se recupera na descida quase toda a energia gasta na subida. A expectativa é de grande aceitação para esse veículo pequeno, barato e “verde” (embora vermelho por fora, ao contrário da melancia ambientalista...). Os médicos estão receptivos à tal roda, que consome calorias dos clientes. Os ambientalistas ainda não se manifestaram, mas é certo que vão tentar descobrir algum esconderijo de gás estufante nas tais bicicletas. Se não acharem nada, também não espere elogios deles aos inventores.

Eis aí mais alguns exemplos do elogiável ambientalismo de ponta. Espero não ter deixado dúvida sobre a eficiência da tecnologia de ponta para eliminar a poluição, além de tornar o mundo até mais verde do que quando foi criado. Se fossem sinceros os objetivos oficiais dos ambientalistas (fica aí a insinuação de prováveis objetivos não oficiais), eles deveriam incentivar os inventores a criar essas tecnologias verdes de ponta. Uma boa ideia seria instituir um prêmio econobel anual, como recompensa pela invenção que preservar mais clorofila. Assim os ambientalistas ajudariam a resolver os problemas que criticam, e ganhariam credenciais autorizando-os a prosseguir suas manifestações reivindicantes. Também se livrariam do rótulo de desmancha-prazeres, sintetizado nesta frase sibilina: A fé move montanhas... mas os ecologistas não deixam.

Faz muita falta um prêmio econobel.


(*) Jacinto Flecha é médico e colaborador da Abim.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Produção de soja em MS será recorde pela 3ª vez consecutiva


Volume cresce 10% e chega a 6,6 milhões de toneladas; receita deve ser de R$ 5,52 bi


Da Redação
Máquinas funcionam a todo vapor nos campos do Estado 
(Foto: Álvaro Rezende / Correio do Estado)


Pela terceira vez consecutiva, a produção de soja será recorde em Mato Grosso do Sul. Ontem, durante lançamento oficial da colheita do grão, o diretor da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja/MS), Maurício Saito, apresentou projeção de 6,8 milhões de toneladas, mas admitiu que esse volume deve ser revisto para baixo em razão das condições climáticas. 

Com o recuo, o volume a ser colhido deve alcançar 6,6 milhões de toneladas, 10% acima das 6 milhões de toneladas da safra anterior. Esse volume deve proporcionar receita estimada em R$ 5,52 bilhões. O evento ocorreu na tarde de ontem na sede da Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), em Campo Grande. 

“Este número não está consolidado. Pode ser menor em razão de um período de 15 dias de falta de chuva”, afirmou Saito, referindo-se à projeção de 6,8 milhões de toneladas de soja. Ele acredita que não haverá, até o fim da colheita, chuva em volume satisfatório para atingir essa estimativa. 

O problema é maior na região sul, nos municípios de Dourados, Caarapó, Naviraí, Fátima do Sul, entre outros, com média pluviométrica, nesta safra, de 300 milímetros, abaixo da média estadual de 550 milímetros.

Saito preferiu não estimar a perda em relação à projeção de 6,8 milhões de toneladas. No entanto, de acordo com o analista de grãos da Famasul, Leonardo Bertolotto, o recuo deve ser de 200 mil toneladas. A produção cai, assim, para 6,6 milhões de toneladas. 

A reportagem, de Osvaldo Júnior, está na edição de hoje do jornal Correio do Estado.


Correio do Estado


Quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Os números do PT e o aumento de indigentes



ONU: pobreza para de cair na AL e número de indigentes cresce no Brasil



A América Latina permanece com os mesmos níveis de pobreza de 2012.
As projeções da Cepal indicam que 167 milhões de pessoas vivem na pobreza na América Latina, sendo 71 milhões delas na pobreza extrema. Embora o percentual de pobres se mantenha igual nos últimos três anos, o relatório observa que o número absoluto cresceu, por causa da expansão demográfica.
Apesar de a América Latina não demonstrar progressos notáveis, pelo menos cinco países tiveram redução da pobreza em 2013. São eles: Paraguai (de 49,6% da população em 2011 para 40,7% em 2013), El Salvador (de 45,3% em 2012 para 40,9%), Colômbia (de 32,9% em 2012 para 30,7%), Peru (25,8% em 2012 para 23,9%) e Chile (10,9% em 2011 para 7,8% em 2013).
O Brasil registrou uma queda de 0,6 pontos percentuais na taxa de pobreza entre 2012 e 2013 (de 18,6% para 18%), mas um incremento de 0,5 pontos percentuais na taxa de indigência (de 5,4% para 5,9%). 
No quadro geral, o Brasil tem o terceiro menor número de indigentes na América Latina, entre os 17 países que forneceram dados sobre o assunto, perdendo apenas para Chile (2,5%) e Uruguai (0.9%).
A Comissão mensurou cinco indicadores para avaliar as carências da população: moradia, serviços básicos, educação, emprego e posse de bens duráveis
Assim, concluiu que setores como os jovens e as mulheres são os mais atrasados, e recomendou que eles sejam atendidos com políticas públicas específicas. 
Com essa mensuração multidimensional, a organização determinou que entre 2005 e 2012 a incidência da pobreza diminuiu em 17 países, de 39% para 28%.


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Minas Gerais dobrou a exportação de mel em 2014




                       As exportações do setor apícola injetaram 

          US$8,3 milhões na economia do Estado





Apesar da falta de chuvas no interior do estado de Minas Gerais, a natureza dá sinais de resistência e tenta manter o equilíbrio. Prova disso é a crescente exportação de mel e produtos apícolas. 

Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, no ano passado, 1,4 mil toneladas de produtos apícolas, incluindo mel, cera e própolis, embarcaram para outros países, registrando crescimento de 133% em relação a 2013, quando o volume exportado foi de 0,6 mil toneladas. 

As exportações do setor apícola foram responsáveis por injetar US$8,3 milhões na economia do estado. Desse total, US$ 5,3 milhões correspondem ao mel in natura, e US$ 3 milhões são referentes à exportação dos demais produtos apícolas, que embora exportados em menor quantidade (21,8 toneladas), apresentam maior valor agregado. 

Análises da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais apontam que a crescente demanda e a alta do dólar contribuíram para impulsionar o valor das exportações. 

“O aumento da procura em 2014 pelos principais mercados importadores, EUA (+304%) e Alemanha (+30%) comparado com 2013, refletiu nos melhores resultados dos indicadores de valor e volume exportado, provenientes do setor desde 2002, o que reforça a qualidade dos produtos apícolas produzidos no estado,” comenta o assessor da Seapa Francisco Augusto Lara de Souza. 

O preço médio da tonelada que atingiu patamares acima de US$ 9 mil em 2013 caiu para US$ 6 mil, em 2014. No entanto, o produto mineiro se mantém valorizado em relação à média nacional de preços praticados para o mercado externo, que fechou o ano a US$ 4,1 mil toneladas. 

O município que lidera a produção é Santa Barbara, na região Central, com 236 toneladas, seguido de Itamarandiba, no Vale do Jequitinhonha, produzindo 180 toneladas. 

Em Santa Bárbara, a tecnologia aliada ao meio ambiente mantém o ecossistema propício para a produção de mel. “Na nossa região o clima e florada são determinantes para a produtividade do parque apícola. 

Os apicultores daqui trabalham com abelhas rainhas melhoradas geneticamente e distribuem as colmeias num raio de 2 km de distância entre elas”, comenta do extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) em Santa Bárbara, Edison Custódio. 

A Emater-MG distribuiu, nos últimos anos, 78 kits de apicultura por meio do plano de ações do programa Minas Sem Fome. O objetivo é desenvolver ações para garantir a inclusão pessoas de baixa renda no sistema produtivo, especialmente agricultores familiares. 

A exportação brasileira de produtos apícolas atingiu a cifra de U$98,5 milhões em 2014, somando 82% a mais que no ano anterior, um aumento de 56% na quantidade exportada. 

Minas Gerais é o quarto maior estado produtor de mel. Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina lideram no setor. Juntos, os três estados do Sul são responsáveis por 50% da produção nacional.



Fonte Original: Agricultura MG

O que vale para Cuba tem de valer para a Indonésia



Fórum dos leitores               Dois pesos


Fez bem Dilma em pedir pela vida do contumaz traficante de drogas brasileiro. Cabe ao presidente de um país defender seus cidadãos. 

O erro gritante e ideológico da diplomacia do PT é ameaçar romper relações com o governo da Indonésia. Afinal, em 2010, quando o cubano Orlando Zapata Tamayo fez greve de fome e veio a falecer nos porões da ditadura dos Castro, Lula declarou: 

“Temos que respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano de deter pessoas em razão da legislação de Cuba, como quero que respeitem o Brasil”. 

O que vale para Cuba tem de valer para a Indonésia

Leão Machado Neto, São Paulo.

O Estado de S. Paulo

“Consternação e indignação” em Dilma pela execução de traficante



Pena de vida

Ruy Castro

Rio de Janeiro A execução do brasileiro Marco, condenado à morte por tráfico de drogas segundo leis constituídas de um Estado soberano, a Indonésia, provocou “consternação e indignação” em Dilma.

Consternação e indignação que não demonstrou diante dos estrangeiros degolados pelas leis de exceção de um não-Estado, o Estado Islâmico, com quem, para constrangimento internacional, ela propôs “dialogar”. Houvesse um embaixador brasileiro junto aos degoladores, Dilma o teria chamado de volta?

Assim como não se pode ser a favor da pena de morte, vale perguntar se Dilma se consterna ou fica indignada pelas multidões de brasileiros condenados à pena de vida — haverá outra maneira de definir a situação dos habitantes das cracolândias? 

Se a presidente nunca passou perto desses aglomerados subumanos, existe um a menos de dois quilômetros do Palácio do Planalto, em Brasília, e com o número regulamentar de zumbis, estropiados, grávidas e crianças. 

Dilma deveria inspecioná-lo para ter uma amostra de como vivem pessoas afetadas pelo produto que Marco vendia na Indonésia e tantos vendem por aqui.

Uma alternativa seria visitar alguma clínica séria de tratamento de dependência química. Há várias no Rio, em São Paulo e, espero, em Brasília. Nelas, uma das primeiras lições é a da quebra da prepotência — a consciência de que se é impotente diante da droga e que a única saída é ficar longe dela.


Folha de S. Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Execução na Indonésia, ditadura cubana e Dilma




Execução na Indonésia


■ Consternado e indignado eu fico é com a corrupção que assola o país (Dilma ‘indigna-se’ e convoca embaixador, Cotidiano, 18/1). O brasileiro executado sabia ou deveria saber dos riscos que corria na sua empreitada. Foi julgado e condenado por um governo soberano, cumpridas as leis daquele Estado e a sentença. 

A presidente deveria se indignar é com a situação da ditadura cubana, em que os direitos humanos não são respeitados. — Reinner Carlos de Oliveira, funcionário público (Araçatuba, SP)

Painel do Leitor Folha de S. Paulo

Dilma segue muda como se não tivesse a menor culpa




Saco de maldades
Eliane Cantanhêde

É sempre assim: quanto mais os governos erram, mais você, consumidor e contribuinte, paga a conta. Ou melhor, paga o pato. Enquanto economista, Dilma Rousseff tirou uma nota sofrível no primeiro mandato, com crescimento praticamente zero, inflação no teto da meta, juros estratosféricos, balança comercial desbalanceada, desempenho fiscal mais do que constrangedor.

Enquanto ministra das Minas e Energia, chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás no governo Lula, ela não soube, não viu e não ouviu que a maior e mais simbólica companhia do país estava indo para o buraco, arrastando as maiores empreiteiras do país e ameaçando milhares de empregos.

Enquanto expert no setor elétrico, a presidente conseguiu, com uma canetada arrogante e voluntariosa, desestruturar todo o setor e deixar geradoras, transmissoras e distribuidoras tontas, desorientadas e com a contabilidade de pernas para o ar. Resultado: conta mais cara e apagão.

Mas, enfim, Dilma foi reeleita com os votos de pouco mais da metade dos eleitores e eleitoras e chegou ao segundo mandato diante de uma escolha de Sofia: cortar gastos, aumentar impostos ou as duas coisas simultaneamente.

Estava escrito nas estrelas que faria as duas coisas, apesar de todas as negativas na campanha e de ter acusado Armínio Fraga — eleito o vilão da história — de costurar o saco de maldades que ela mesma já alinhavava e agora joga na cabeça e nos ombros de quem consome e de quem paga impostos. E que impostos!

Sobram, portanto, irritação e indignação, mas não há um pingo de surpresa em todos os anúncios que a equipe de Dilma vem fazendo desde a eleição, enquanto ela mesma se esconde num silêncio ensurdecedor: “flexibilização” de direitos trabalhistas e previdenciários, tesourada até mesmo nos recursos da educação da “pátria educadora”, agora os aumentos de impostos e de tarifas e veto na correção da tabela do IR.

Os juros continuam arremetendo, ameaçadores, e sobem a tarifas de energia, de ônibus e da gasolina. Então, ficamos assim: quando o barril de petróleo disparava internacionalmente, a Petrobrás represava politicamente o preço interno da gasolina; agora que o barril só despenca lá fora, a gasolina vai subir aqui dentro. Uma lógica para lá de curiosa.

Do ponto de vista político, contudo, Dilma Rousseff não precisa se preocupar muito. A indignação é generalizada entre os bem informados e que já estão sentindo as maldades pipocando dentro da bolsa ou do bolso, mas esses não têm articulação nem disposição para botar a boca no trombone

Contentam-se em ler ou ouvir um artigo ácido daqui, uma entrevista crítica dali.
Quem teria condições de catalisar a irritação, dizer poucas e boas verdades e pressionar o governo seriam CUT, UNE, MST e MTST, esse novo movimento paulistano dos sem-teto. Mas a cumpanheirada está na palma da mão de Lula, do PT, de Dilma, de verbas generosas de órgãos e empresas. 

É mais provável que justifiquem e até aplaudam aumento de impostos e tarifas! Sinal dos tempos. Tudo que seu mestre e sua mestra mandarem...

A isso some-se a saia justa da oposição. Como condenar as medidas que Aécio Neves, a sonhática Marina Silva ou qualquer um que vencesse a eleição teria que tomar, querendo ou não?


Levy armou-se até os dentes, o Congresso é dócil, a oposição está de mãos atadas, os movimentos sociais parecem saciados, ou cooptados. Dilma segue muda e incólume, como se não tivesse a menor culpa no que Marta Suplicy chama de “fracasso” da política econômica. Quem leva a pior? Você, claro. E vem mais por aí...


O Estado de S. Paulo

Fazenda modelo é invadida no Ceará


Senador atribui invasão a movimento
orquestrado pelos irmãos Gomes


Evandro Éboli e Maria Lima

Brasília — No auge da campanha eleitoral pelo governo do Ceará, na qual o peemedebista aparecia então com larga vantagem sobre o petista Camilo Santana (PT-CE), apoiado pelo então governador Cid Gomes (PROS), a invasão do MST botou fogo na disputa. 

Desde então, ela é tratada pelo senador como um movimento orquestrado pelos irmãos Gomes para criar a narrativa do empresário muito rico contra o candidato dos pobres. As imagens da invasão foram usadas na campanha de Camilo, que acabou vitorioso.

Eunício garante que a fazenda é 100% produtiva, com manejo de gado de corte, de leite, produção de soja, milho, tomate e feijão dentro das mais modernas técnicas de produção, além de abrigar uma reserva florestal e uma reserva de fauna silvestre. 

A propriedade, que leva o nome da esposa de Eunício, é um recanto do senador. A alameda, que liga um grande portal ocre à sede da fazenda, é ladeada pelas casas dos funcionários — caseiros, cozinheira, vaqueiros, veterinário, gerente — e grandes viveiros de espécimes exóticos da fauna silvestre.

O senador e ruralistas da região apontam a Santa Mônica como uma fazenda modelo, com sistemas modernos de irrigação das plantações de soja e equipamento automatizado para ordenha e resfriamento do leite. Segundo Eunício, são produzidas cerca de 130 mil sacas de soja por safra e até 1.500 litros de leite por dia.

— A fazenda é 100% produtiva. Se querem comprar terras para reforma agrária, por que tem que ser as do Eunício? Dizem que tem aqui três mil pessoas? Nunca! No final de semana pode chegar a umas 1000. 

Mas durante a semana não passam de 500. Os funcionários estão muito assustados porque há registro de armas, drogas e bebida no local. Já houve até um assassinato. Um dos invasores matou o outro com um golpe de machado — diz o administrador Ricardo Lopes.

Com fotos que mostram cercas destruídas e carcaças de gado abandonadas no pasto, Lopes e o veterinário Bruno Ribeiro afirmam que os sem-terra, além de matar os animais, estão roubando canos da rede hídrica da fazenda para canalizar água de uma nascente na área de preservação ambiental, que já estaria seca com a ação predatória.


Na quinta-feira, funcionários faziam obras de reparo em uma das casas de vaqueiro próxima ao assentamento que, segundo os administradores, foi saqueada pelos invasores: levaram portas, pia, vasos de banheiro e a caixa d’água.

Fonte: O Globo