terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Fazenda modelo é invadida no Ceará


Senador atribui invasão a movimento
orquestrado pelos irmãos Gomes


Evandro Éboli e Maria Lima

Brasília — No auge da campanha eleitoral pelo governo do Ceará, na qual o peemedebista aparecia então com larga vantagem sobre o petista Camilo Santana (PT-CE), apoiado pelo então governador Cid Gomes (PROS), a invasão do MST botou fogo na disputa. 

Desde então, ela é tratada pelo senador como um movimento orquestrado pelos irmãos Gomes para criar a narrativa do empresário muito rico contra o candidato dos pobres. As imagens da invasão foram usadas na campanha de Camilo, que acabou vitorioso.

Eunício garante que a fazenda é 100% produtiva, com manejo de gado de corte, de leite, produção de soja, milho, tomate e feijão dentro das mais modernas técnicas de produção, além de abrigar uma reserva florestal e uma reserva de fauna silvestre. 

A propriedade, que leva o nome da esposa de Eunício, é um recanto do senador. A alameda, que liga um grande portal ocre à sede da fazenda, é ladeada pelas casas dos funcionários — caseiros, cozinheira, vaqueiros, veterinário, gerente — e grandes viveiros de espécimes exóticos da fauna silvestre.

O senador e ruralistas da região apontam a Santa Mônica como uma fazenda modelo, com sistemas modernos de irrigação das plantações de soja e equipamento automatizado para ordenha e resfriamento do leite. Segundo Eunício, são produzidas cerca de 130 mil sacas de soja por safra e até 1.500 litros de leite por dia.

— A fazenda é 100% produtiva. Se querem comprar terras para reforma agrária, por que tem que ser as do Eunício? Dizem que tem aqui três mil pessoas? Nunca! No final de semana pode chegar a umas 1000. 

Mas durante a semana não passam de 500. Os funcionários estão muito assustados porque há registro de armas, drogas e bebida no local. Já houve até um assassinato. Um dos invasores matou o outro com um golpe de machado — diz o administrador Ricardo Lopes.

Com fotos que mostram cercas destruídas e carcaças de gado abandonadas no pasto, Lopes e o veterinário Bruno Ribeiro afirmam que os sem-terra, além de matar os animais, estão roubando canos da rede hídrica da fazenda para canalizar água de uma nascente na área de preservação ambiental, que já estaria seca com a ação predatória.


Na quinta-feira, funcionários faziam obras de reparo em uma das casas de vaqueiro próxima ao assentamento que, segundo os administradores, foi saqueada pelos invasores: levaram portas, pia, vasos de banheiro e a caixa d’água.

Fonte: O Globo

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